Política

Presidente João Lourenço convida empresários chineses a ajudar a transformar Angola num país próspero

Geraldo Quiala | Pequim

Jornalista

A troca de experiências sobre as oportunidades de investimento existentes em Angola e na China foi considerada, sábado, em Pequim, pelo Chefe de Estado, João Lourenço, como um momento para o aprofundamento do diálogo, visando impulsionar o comércio, criar empregos dignos e promover um crescimento sustentável e diversificado.

17/03/2024  Última atualização 08H37
Estadista angolano afirmou que a cooperação entre os dois povos e países é fruto de uma amizade de mais de 40 anos de história © Fotografia por: Santos Pedro |Edições Novembro/Pequim

Ao discursar na abertura do Fórum de Negócios Angola-China sobre Petróleo e Gás, Recursos Minerais e Agricultura, presenciado por mais de mil empresários e investidores, João Lourenço destacou os dados incontornáveis da forte presença de empresas chinesas no território nacional, como demonstram o novo Aeroporto Internacional de Luanda, as centralidades edificadas um pouco por todo o país, a melhoria dos sistemas rodoviário e ferroviário ou a produção e distribuição de energia eléctrica e água potável.

"É com grande prazer que me dirijo a este Fórum Empresarial China-Angola, que se realiza no âmbito da visita de Estado que realizo desde ontem à China, e que reputo de grande importância para o aprofundamento e consolidação dos laços de amizade e de cooperação entre os dois países e nações”, assinalou o Presidente da República.

O estadista angolano afirmou que a cooperação entre os dois povos e países é fruto de uma amizade de mais de 40 anos e assenta nos princípios do respeito mútuo, da cordialidade e numa complementaridade económica, em que a China representa um dos mais importantes destinos do principal produto de exportação, o petróleo, e grande exportador de muitos dos bens e serviços, que apoiam o desenvolvimento sócio-económico de Angola.

Para reforçar a cooperação, frisou João Lourenço, em Dezembro de 2023, que as duas nações assinaram o Acordo para a Promoção e Protecção Recíproca de Investimentos (APPRI), instrumento jurídico que visa promover maior cooperação económica, estimular o fluxo de capitais e o desenvolvimento económico, além de garantir um quadro estável e transparente para o investimento entre Angola e a China.

No domínio privado, o Presidente da República realçou o registo da presença de investidores da China em Angola, um pouco por todas as áreas da Economia, mas reconheceu ser ainda de pouca intensidade se se considerar a força e a dinâmica do sector empresarial chinês.

De acordo com o Chefe de Estado, as reformas, em curso, permitiram ao país sair de um ciclo recessivo da actividade económica, que se prolongou durante anos, e equilibrasse as contas públicas e as externas, além da melhoria do ambiente de negócios.

"Em 2018, iniciámos um amplo programa de reformas económicas, institucionais e financeiras, que se prolongam até hoje, com o objectivo de serem criadas as condições para um crescimento económico assente em bases mais sustentáveis e inclusivas”, ressaltou João Lourenço.

Diante de homens de negócios ávidos por conhecer mais dados sobre o país, o líder angolano apontou o quadro regulatório do investimento privado sobre a concorrência e combate aos monopólios e corrupção, bem como sublinhou a organização do sistema financeiro em linha com as melhores práticas internacionais, removendo, assim, muitos dos obstáculos ao investimento e garantindo maior protecção aos investidores estrangeiros.

 
Condições privilegiadas

Angola dispõe de condições naturais privilegiadas, que permitem potenciar o crescimento económico e a geração de valor acrescentado, indicou o Presidente da República.

Para o efeito, no âmbito da implementação do Plano de Desenvolvimento Nacional 2023-2027, disse que o país elegeu como sectores prioritários a Agricultura, Energia e Águas, Indústria Transformadora, Pescas, Turismo, Saúde, Educação, Logística e Infra-Estruturas de apoio, bem como o domínio da digitalização, para promover o capital humano e o aumento da capacidade dos meios de produção em Angola.

Segundo o estadista angolano, todos estes elementos visam ao alcance da segurança alimentar e a satisfação de outras necessidades básicas, com vista a garantir o bem-estar da população.

"Pretendemos atrair investidores chineses que tragam à nossa economia não só capital financeiro e tecnologia avançada, mas   também know-how, para permitir aumentar a eficiência na produção interna de bens e serviços”, esclareceu.

Sobre este particular, o Presidente João Lourenço disse contar com os investidores chineses que ajudem a diversificar a economia, aumentando a oferta interna de bens e de serviços, com o selo "Feito em Angola”, que contribua para o aumento significativo dos bens de exportação e da oferta de postos de trabalho, no sentido de reduzir a taxa de desemprego existente.

 
Corredor do Lobito

Com a dinamização do Corredor do Lobito, o Chefe de Estado disse que gostaria de ver investidores chineses a investir na produção de bens alimentares, de cereais e grãos, açúcar, pecuária, pescas, indústria farmacêutica de produção de medicamentos e vacinas. Citou, igualmente, a indústria de produção de baterias para o fabrico de automóveis de propulsão eléctrica, além de painéis fotovoltaicos, para a produção de energia solar, no turismo e em outros sectores da economia que sejam do interesse das partes.

"Estamos a construir, no Lobito, a maior refinaria de petróleo, que terá associada uma importante indústria petroquímica e os empresários chineses estão convidados a investir neste grande projecto como accionistas, desde a fase de construção”, reforçou o Chefe de Estado.

João Lourenço convidou, igualmente, os empresários chineses a investirem em fábricas de produção de medicamentos e de vacinas certificadas, cujo principal cliente será o Estado angolano, para alimentar o Sistema Nacional de Saúde (SNS), cuja rede de hospitais públicos vem crescendo, de forma significativa, todos os anos.


Chefe de Estado destaca processo de privatização de activos públicos

O Chefe de  Estado reafirmou que o Governo de Angola tem disponível um conjunto de empresas e activos públicos que estão num processo de privatização total ou parcial, incluindo do sector Petrolífero, Banca e Seguros, Telecomunicações, grandes fazendas agrícolas e importantes indústrias.

Neste sentido, João Lourenço aproveitou a oportunidade para convidar os investidores e empresários chineses a participarem nos concursos internacionais que habilitam à aquisição destes bens, que se configuram em grandes oportunidades de investimento.

"Contamos convosco, igualmente, para a realização de projectos no quadro de parcerias público-privadas”, acrescentou, realçando, a este respeito, que foi aprovada e regulamentada a Lei sobre as Parcerias Público-Privadas e estão a ser preparados diversos concursos públicos internacionais para a construção de importantes infra-estruturas, relacionadas com a produção de energia hidro-eléctrica ou fotovoltaica e redes de transportação de energia, estradas nacionais e pontes.

João Lourenço destacou as estradas ou auto-estradas que ligam Angola aos países vizinhos, reiterando o convite aos empresários chineses a abraçarem as enormes oportunidades de negócios que o país oferece e, assim, poderem disfrutar do ambiente de estabilidade e segurança prevalecente no território nacional.

"Queremos que cooperem connosco no processo de transformar Angola num país próspero e moderno, capaz de proporcionar ao seu povo as melhores condições de vida”, frisou o Presidente da República, antes de felicitar os organizadores do Fórum, por permitir a partilha das oportunidades de investimento oferecidas e potenciar a formação de parcerias mutuamente vantajosas.

Por outro lado, o Chefe de Estado manteve um encontro, à margem do Fórum de Negócios Angola-China, com a comunidade angolana, maioritariamente composta por estudantes, tendo interagido com os compatriotas e apelado à dedicação nesta fase académica.

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