Política

Presidente João Lourenço endereça condolências ao povo namibiano

O Presidente da República, João Lourenço, lamentou, domingo, a morte do homólogo namibiano, Hage Gottfried Geingob, tendo destacado a forma enérgica, determinada e vigorosa com que abordava todos os temas sensíveis, quer os respeitantes à vida interna do seu país, quer os relacionados com a África.

05/02/2024  Última atualização 07H28
© Fotografia por: DR

Em mensagem de condolências enviada ao Presidente interino da República da Namíbia, Nangolo Mbumba, o Chefe de Estado refere que se trata de uma ocorrência profundamente triste para toda a África e para a sub-região Austral do continente.

João Lourenço sublinha, no documento, que se curva com respeito e com a mais profunda admiração à memória de Hage Geingob, assinalando que tomou conhecimento, com pesar, da morte do estadista da "República irmã da Namíbia”, ocorrida na madrugada de ontem, em Windhoek.

Segundo o Presidente angolano, a Namíbia perdeu um filho digno e incansável lutador pela liberdade de África, que soube, desde muito jovem, se dedicar à causa do resgate da dignidade dos povos africanos, da autodeterminação, da Independência e da soberania dos países do continente berço da Humanidade.

"Perdemos uma figura ímpar da História Contemporânea do povo namibiano, que deixa um vazio difícil de preencher, por não ser fácil substituir-se um homem com a sua força moral, com a sua integridade e com a vontade férrea que o caracterizava, de projectar a África para um futuro de desenvolvimento e bem-estar dos seus povos”, destaca João Lourenço na mensagem endereçada a Nangolo Mbumba.

Na qualidade de Presidente da República de Angola e na de líder em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), João Lourenço apresenta, nesta ocasião dolorosa, ao povo namibiano, ao seu Governo e à família enlutada, "as mais sentidas e profundas condolências”.

Antes de expressar os sentimentos de solidariedade, nesta hora de dor e luto para a Nação namibiana, o Chefe de Estado escreveu: "Curvamo-nos com respeito e com a mais profunda admiração, perante a memória de Sua Excelência Hage Gottfried Geingob, com quem tivemos a oportunidade de lidar nos últimos anos, e apreciar a forma enérgica, determinada e vigorosa com que abordava todos os temas sensíveis, quer os respeitantes à vida interna do seu país, como os que se relacionavam com a África no seu todo”.

 
Estadista estava em tratamento

O Presidente da Namíbia, Hage Geingob, que estava a receber tratamento devido a um cancro, morreu aos 82 anos, anunciou, ontem, a Presidência do país vizinho. Num comunicado, o Presidente interino da Namíbia, Nangolo Mbumba, disse que Geingob faleceu pouco depois da meia-noite, no Hospital Privado Lady Pohamba, na capital namibiana, Windhoek.

Sublinhou que, apesar "dos esforços enérgicos” da equipa médica, o Presidente faleceu, na presença da Primeira-Dama, Monica Geingob, e dos filhos. "A Nação da Namíbia perdeu um ilustre servidor do povo, um ícone da luta pela libertação, o principal arquitecto da nossa Constituição e o pilar da Casa da Namíbia”, disse Nangolo Mbumba.

O Presidente interino pediu à população que "permaneça calma e serena, enquanto o Governo cuida de todos os preparativos e demais protocolos estaduais necessários” e prometeu que o Executivo  se ia reunir "com efeito imediato” para tomar as providências necessárias.

As eleições presidenciais e para a Assembleia Nacional da Namíbia estão previstas para finais de 2024. A 19 de Janeiro, a Presidência da Namíbia tinha dito que Hage Geingob iria iniciar um tratamento contra o cancro, após uma biópsia ter detectado "células cancerígenas”.

"No âmbito dos exames médicos anuais regulares, a Presidência informou o público namibiano de que o Chefe de Estado foi submetido a uma colonoscopia e a uma gastroscopia, a 8 de Janeiro de 2024, seguidas de uma biópsia, cujos resultados revelaram células cancerígenas”, afirmou a Presidência, através de um comunicado publicado na rede social X (ex-Twiter).

O Presidente iria iniciar "um tratamento médico adequado” para fazer face ao diagnóstico.

A Namíbia faz parte de um terço dos 54 Estados soberanos de África que vão realizar eleições presidenciais, legislativas ou locais em 2024.

Hage Geingob tomou posse como Presidente em 2015 e foi o principal responsável pelo início das conversações com a Alemanha sobre a revisão das atrocidades cometidas pelo Império Alemão durante o período colonial e possíveis compensações.

A ocupação alemã de territórios actualmente pertencentes à Namíbia decorreu entre 1884 e 1915. A 12 de Janeiro de 1904 houve uma primeira Revolta dos Herero contra o domínio colonial alemão, seguida, em Outubro, pela Revolta da População Nama.

Estima-se que os soldados do imperador Guilherme II tenham exterminado 65 mil hereros de uma população de 80 mil e pelo menos 10 mil dos 20 mil namas. Em Novembro de 2019, o Parlamento alemão usou, pela primeira vez, a palavra "genocídio” para se referir a este massacre.

Berlim não prevê o pagamento de indemnizações individuais, ao contrário das exigências dos representantes dos povos herero e nama, que apresentaram uma queixa contra a Alemanha na ONU,em Nova Iorque, em 2017.


Parlamento angolano solidário com o povo namibiano

A líder  da Assembleia Nacional, Carolina Cerqueira, mostrou-se consternada pela morte do Presidente da República da Namíbia, Hage Geingob, ocorrida, domingo, em Windhoek, solidarizando-se com o povo do país vizinho, neste momento delicado.

"Foi com grande consternação que tomei conhecimento do passamento físico de Sua Excelência Presidente da República da Namíbia, Dr. Hage Geingob, um dedicado filho da SADC e de África”, observa Carolina Cerqueira na mensagem de condolências.

De acordo com Carolina Cerqueira, o Presidente Geingob foi um patriota que, desde muito cedo, se engajou na luta de libertação dos povos africanos, em geral, e do namibiano, em particular.

"O Presidente Geingob foi incansável no contributo para a edificação de uma moderna Namíbia, comprometida com a causa do desenvolvimento sustentável e da promoção da boa governação a nível nacional e internacional. Destacamos, entre as inúmeras realizações, o papel decisivo que desempenhou no processo de criação do futuro Parlamento da SADC”, refere a nota assinada pela líder da Assembleia Nacional.

"Em nome da Assembleia Nacional da República de Angola e no meu próprio, apresento à família enlutada e ao povo irmão da Namíbia os mais profundos sentimentos de pesar. Estou segura de que a Nação namibiana saberá  reerguer-se  para ultrapassar este momento difícil de luto e dor. Que a alma do Presidente Hage Geingob descanse em paz”, concluiu Carolina Cerqueira.

Governadores do Namibe e de Luanda

Os governadores provinciais do Namibe, Archer Mangueira, e de Luanda, Manuel Homem, reagiram, ontem, à morte do Presidente da Namíbia, Hage Geingob, tendo o primeiro lembrado o encontro com o estadista enquanto representantes do sector do Comércio dos dois países, e o segundo destacou o legado do líder falecido, aos 82 anos.

"Faleceu o Presidente da Namíbia, o Dr. Hage Geingob. Conhecemo-nos como homólogos do sector do Comércio. Fui seu cicerone quando veio a Angola homenagear os guerrilheiros namibianos que tombaram no massacre de Cassinga. Partiu um combatente da liberdade, um amigo”, escreveu na rede social X (antigo Twitter) Archer Mangueira.

"Os meus mais sentidos pêsames à família e ao povo irmão da Namíbia pelo falecimento de Sua Excelência, Hage G. Geingob, Presidente da Namíbia. O legado fica eternamente gravado na nossa história. Descansa em paz!”, lê-se na mensagem no Facebook de Manuel Homem.

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