O Presidente João Lourenço recebeu, sexta-feira, em audiência, em Lisboa, o ex-Primeiro-Ministro português, António Costa, que foi agradecer, pessoalmente, o Chefe de Estado angolano pela "excelente relação" que foram mantendo ao longo dos oito anos que esteve à frente do Governo.
A Primeira-Dama da República, Ana Dias Lourenço, apelou, quinta-feira, às mulheres a serem as campeãs das mudanças de comportamento, mais unidas, protectoras, cultivando, acima de tudo, um espírito de interajuda e partilha de ideias.
Todos, em uníssono, deviam levantar a voz em defesa das mulheres e pela justiça, garantir a todos oportunidades iguais, abraçando o lema das Nações Unidas "Nós somos iguais” como um movimento de solidariedade pela igualdade de género, sublinhou.
No encontro, promovido pelo Ministério da Administração do Território em parceria com a União Europeia (UE), através do Projecto de Apoio à Sociedade Civil e à Administração Local (PASCAL), a Primeira-Dama da República lembrou que, durante muito tempo, as mulheres conviveram com uma realidade em que eram relegadas às margens do poder político, vendo a sua voz silenciada e as suas contribuições subestimadas.
"O meu apelo é que cada um de nós seja um catalisador da mudança, um defensor da igualdade e um arquitecto de uma Angola onde a liderança feminina é celebrada, não como um feito extraordinário, mas como uma expressão quotidiana da nossa identidade colectiva”, ressaltou.
Durante o encontro, que decorreu sob o lema "O papel das mulheres no desenvolvimento económico e social dos municípios”, Ana Dias Lourenço destacou que a nível nacional as mulheres têm vindo a assumir cada vez mais vários papéis, em particular o da liderança nas esferas do Poder Local, funções em cargos cruciais de tomada de decisões e na implementação de políticas públicas que impactam directamente na vida das comunidades que servem.
Apesar dos resultados alcançados, Ana Dias Lourenço admitiu existirem muitos desafios que passam por um maior investimento nas pessoas, por uma educação de qualidade, aumento do acesso à educação pré-escolar e secundária, em particular para as meninas, e pelo empoderamento destas, para que com determinação e visão o país tenha homens e mulheres a contribuir para a sustentabilidade do desenvolvimento nacional, sob um olhar inovador e um compromisso inabalável para com o bem-estar das comunidades.
"Ao
capacitarmos as mulheres para desempenharem funções de chefia e de liderança
nestes organismos, além de promovermos uma sociedade mais equitativa, estaremos
também a fortalecer as nossas comunidades, do ponto de vista da sua autonomia
identitária e do seu desenvolvimento sustentável e inclusivo”, destacou.
Valorização da liderança feminina nos órgãos locais
A Primeira-Dama da República reconheceu, neste particular, ser imperativo reconhecer e valorizar o papel da liderança feminina nos órgãos de governação local.
Acrescentou que o empoderamento feminino na Governação Local em Angola representa uma vitória em termos da igualdade de género, tendo assinalado que a presença das mulheres nas esferas de poder local não é mera conveniência, mas uma necessidade urgente, um direito inalienável e um catalisador do progresso e do desenvolvimento sustentável do país.
No encontro, marcado pela proclamação da Rede de Mulheres na Governação Local e a assinatura do termo de compromisso, Ana Dias Lourenço sublinhou que "as mulheres demonstram habilidade de comunicação mais eficazes, maior empatia e uma abordagem colaborativa para resolver problemas, o que representa benefícios concretos da sua forma de liderar”.
Pelo seu papel de mãe e de líder no lar, prosseguiu a Primeira-Dama na sua intervenção, as mulheres têm uma responsabilidade acrescida nas suas famílias e na construção de uma sociedade de valores.
"A mulher carrega consigo maior sensibilidade e perspicácia na forma como trata as questões da inclusão, da justiça e da sustentabilidade dos territórios. As mulheres angolanas, com as sua força inabalável, emergem assim como a transformadoras da nossa sociedade”, realçou.
Nos últimos anos, o país tem verificado uma evolução muito positiva no que diz respeito ao número de mulheres nos diferentes órgãos de representação do Estado, reflectindo assim as mudanças sóciopolíticas e legislativas que têm sido implementadas há alguns anos.
A presença de uma mulher no cargo de Vice-Presidente da República e de uma presidente na Assembleia Nacional são marcos significativos desses esforços e representa um avanço na luta pela igualdade de género na política e na governação, indicou a Primeira-Dama da República.
Na ocasião, Ana Dias Lourenço reafirmou o seu compromisso "inabalável” com a elevação das capacidades, resiliência e determinação da mulher angolana. "Este é o momento de transcender as palavras, de transformar intenções em acções e de assegurar que a liderança feminina na governação local seja não apenas uma excepção, mas sim uma realidade permanente”, defendeu.
"Hoje
estou aqui não apenas como Primeira-Dama, mas também para vos falar como cidadã
pronta para trabalhar lado a lado com cada uma de vocês, nesta jornada que visa
capacitar todas as mulheres angolanas, dando-lhes as ferramentas necessárias
para concretizarem os seus objectivos de vida”, sublinhou.
Uma ruptura de séculos de cadeias de desigualdade
A Primeira-Dama da República referiu que as estatísticas crescentes de mulheres em posições de liderança, mais do que números, representam a rotura de séculos de cadeias de desigualdade.
"Por isso, precisamos ter em conta que, apesar destes progressos assinaláveis, ainda persistem desafios significativos que devem ser superados, incluindo a necessidade de garantir a implementação efectiva de políticas de igualdade de género, combate à discriminação e de promoção do acesso das mulheres à educação, ao ensino superior, à formação política e ao emprego”, ressaltou.
Para garantir um futuro mais inclusivo e equitativo para as novas gerações, disse, é fundamental capacitar as jovens mulheres, que passa pela criação de oportunidades e programas de formação em liderança política, mas também desafiar activamente estereótipos de género e promover uma cultura de igualdade desde muito cedo.
Num continente onde as vozes das mulheres foram frequentemente subjugadas, o empoderamento feminino na governação local em África e em Angola, em particular, é fundamental para valorizar o papel da mulher em todos os sectores da sociedade, concluiu a Primeira-Dama da República.
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