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RDC: Representante da ONU preocupada com a crise

A representante especial da ONU na República Democrática do Congo (RDC) manifestou, domingo, “profunda preocupação “com as “graves violações” de Direitos Humanos e do Direito Humanitário Internacional em áreas sob o controlo do Movimento 23 de Março (M23).

26/02/2024  Última atualização 10H00
Bintou Keita, representante especial da ONU na República Democrática do Congo © Fotografia por: DR

Numa reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU), sobre a situação na RDC, Bintou Keita indicou que o M23 tem como alvos membros da sociedade civil, especialmente defensores dos Direitos Humanos e jornalistas.

"O número de violações de Direitos Humanos cometidas pelo M23 continua a aumentar, com pelo menos 150 civis mortos desde o reinício das hostilidades em Novembro de 2023. Além disso, o M23 continua a coagir os deslocados internos a regressar às aldeias em áreas sob o seu controlo, protegendo-se e armazenando munições em habitações civis, além de padrões documentados de recrutamentos forçados, incluindo o alistamento e utilização de crianças nos territórios de Masisi e Rutshuru”, denunciou Keita.

A representante da ONU, que lidera também a Missão de Estabilização das Nações Unidas na RDC (MONUSCO), descreveu que a "situação está profundamente preocupante” em torno de Sake e Goma, na província de Kivu Norte, onde as hostilidades entre o M23 e as Forças Congolesas (FARDC) aumentaram dramaticamente desde o fim do cessar-fogo, em 28 de Dezembro.

"Os combates agravaram ainda mais uma situação humanitária já terrível. As condições nos locais de deslocamento, severamente sobrelotados, em Goma e arredores são desesperadoras. Mais de 400 mil pessoas deslocadas procuraram, agora, refúgio na cidade, incluindo 65 mil, nas últimas duas semanas, desencadeando um aumento dramático nos casos de cólera devido à falta de água potável, higiene adequada e saneamento”, afirmou Bintou Keita.

Além disso, o acesso restrito aos territórios controlados pelo M23 está a isolar Goma dos territórios do interior, a perturbar a produção de alimentos e as cadeias de abastecimento. De acordo com a líder da MONUSCO, a redistribuição das FARDC exacerbou o vazio de segurança noutros territórios do Kivu Norte, nomeadamente em Beni, Lubero e Walikale, e atraiu novos combatentes, nomeadamente do Kivu do Sul.

Acção de vários grupos rebeldes 

Grupos armados como as Forças Democráticas Aliadas (ADF), os grupos Mayi Mayi e as facções Nyatura e as Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR) são os beneficiários directos desta concentração de forças, "cometendo, cada vez mais, violações e abusos dos Direitos Humanos, nomeadamente execuções sumárias, ferimentos, raptos, apropriação e destruição de propriedade, deslocação forçada, tributação ilegal, bem como violência sexual relacionada com conflitos”, disse Keita.

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