O Presidente João Lourenço recebeu, sexta-feira, em audiência, em Lisboa, o ex-Primeiro-Ministro português, António Costa, que foi agradecer, pessoalmente, o Chefe de Estado angolano pela "excelente relação" que foram mantendo ao longo dos oito anos que esteve à frente do Governo.
O regresso de Angola ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana, para o biénio 2024-2025, vai ajudar aquele órgão decisório permanente para a prevenção, gestão e resolução de conflitos em África a elaborar programas mais actuantes em relação à pacificação do continente, dada a experiência acumulada pelo país sobre aquelas matérias.
"Angola vai ter uma voz activa dentro daquele órgão, até agora pouco explorado, tendo em conta as várias situações que ocorrem no continente”, realçou o académico.
Para Pacheco Talocha, apesar das divergências que podem existir em Angola, entre as diferentes forças políticas, o país é, ainda, por natureza, de matriz pacífica, cujo trunfo para a resolução de conflitos assenta, sempre, na base do diálogo e solução pacífica. "Angola é e sempre será a trincheira firme da revolução em África, tal como já disse o fundador da Nação, Dr. António Agostinho Neto”, aclarou.
Osvaldo Mboco é da mesma opinião
No mesmo diapasão alinha o professor de Relações Internacionais Osvaldo Mboco, que acredita que a presença de Angola no Conselho de Paz e Segurança da União Africana vai influenciar, em grande medida, nas decisões a serem tomadas por aquele órgão, devido à experiência do país em resolução pacífica de conflitos.
Enquanto país de matriz pacifista, prosseguiu o académico, Angola privilegia, sempre e dentro do quadro de gestão e resolução de conflitos, os meios pacíficos, tais como a mediação, bons ofícios e a negociação, valores que, como sublinhou, também são defendidos pelo Conselho de Paz e Segurança da União Africana.
"Angola é um país com uma expressão a nível do continente sobre estas matérias. Basta olharmos para a articulação do país a nível da Região dos Grandes Lagos, os ganhos que já conseguiu trazer”, frisou. Aliado a este exemplo, Osvaldo Mboco destacou, igualmente, as acções realizadas pelo Presidente João Lourenço, enquanto Campeão para a Paz e Reconciliação em África, que permitiu encurtar as diferenças entre os Presidentes Paul Kagame e Yoweri Museveni, dando lugar à abertura das fronteiras entre os dois Estados.
"Pensamos que Angola, a nível deste órgão, como já aconteceu no passado, poderá imprimir uma nova dinâmica e buscar, de facto, resultados que sejam do interesse continental”, salientou Osvaldo Mboco, antes de chamar a atenção para a necessidade de não se pensar que Angola, sozinha, vai conseguir dar solução aos focos de instabilidade existentes no continente, mas sim com o envolvimento de todos, com destaque para os diferentes contendores dos conflitos.
"Ou
seja, o Conselho de Paz e Segurança é um órgão que pode permitir uma mediação
maior, onde a diplomacia angolana terá que estar preparada para fazer, de
facto, frente aos vários assuntos que assolam o continente africano”, ressaltou
Osvaldo Mboco, para quem é necessário que a diplomacia do país seja muito mais
activa e proactiva, capaz de responder aos problemas de dimensão continental.
Crise no Leste da RDC vai merecer maior atenção
O também especialista em Relações Internacionais Nkikinamo Tussamba referiu que Angola vai ter a responsabilidade de apresentar ao Conselho de Paz e Segurança da União Africana situações que apoquentam o país, a SADC e a própria União Africana, assim como provocar debates que levem à solução de alguns problemas com os quais o continente ainda se bate.
Nkikinamo Tussamba explicou que, enquanto membro, Angola terá a oportunidade de, num mês, presidir ao Conselho de Paz e Segurança, ocasião que deverá ser aproveitada para fazer passar as grandes ideias do país sobre as questões de paz e segurança no continente. "Angola terá de aproveitar esta ocasião para continuar a propor soluções para a crise de paz e segurança no Leste da República Democrática do Congo”, ressaltou Nkikinamo Tussamba.
Eleita pela quarta vez
Angola
foi eleita, este mês, pela quarta vez,
membro do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, com 46 votos,
durante a 44ª sessão do Conselho Executivo da União Africana, realizado em Adis
Abeba, Etiópia. A ocupação do lugar resulta do princípio da rotatividade que se
observa nos vários órgãos da União Africana.
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