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Rússia e China negam ultimatos do Ocidente

A Rússia e o emissário chinês, Li Hui, rejeitaram, os ultimatos ocidentais para a resolução do conflito na Ucrânia, que consideraram inviáveis sem a participação de moscovo, anunciaram, domingo, em comunicado conjunto os dois países.

04/03/2024  Última atualização 10H35
Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o representante do Governo chinês, Lui Hui © Fotografia por: DR

"Os ultimatos apresentados à Rússia por Kiev e pelo Ocidente e os formatos de diálogo que os acompanham, apenas prejudicam as perspectivas de um acordo e não podem servir de base para isso”, informou, ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.

O representante do Governo chinês para Assuntos da Eurásia, Li Hui, chegou à Rússia para retomar as negociações internacionais sobre a iniciativa de paz de Pequim.

Para o efeito, manteve, no sábado, à noite, em Moscovo, uma reunião com o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Mikhail Galuzin, após a qual viajará, também, para a Ucrânia, Alemanha, França, Polónia e Bélgica.

"Constatou-se que qualquer discussão sobre o acordo político-diplomático é impossível sem a participação da Rússia, tendo em conta os seus interesses no domínio da segurança”, acrescenta a nota oficial.

O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, informou há poucos dias que Li visitará a Ucrânia e outros países envolvidos no conflito para "promover uma solução política” e enfatizou a "urgência de restaurar a paz”.

Mao observou que a China manteve uma "comunicação estreita” com todas as partes, incluindo a Rússia e a Ucrânia” e que desempenhou "um papel construtivo” na "facilitação do diálogo”.

A iniciativa de paz chinesa, apresentada por Li em meados de 2023, foi recebida com cepticismo desde o início, uma vez que defende a integridade territorial dos países, mas não se refere à anexação russa de quatro regiões ucranianas ou à retirada das tropas russas.

A China tem mantido uma posição ambígua desde o início da guerra na Ucrânia, apelando para o respeito pela soberania ucraniana, ao mesmo tempo que exige atenção às "preocupações legítimas de segurança” russas e opõe-se às sanções ocidentais contra Moscovo.

Por sua vez, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, garantiu na véspera na Turquia que Moscovo nunca desistiu das negociações de paz, embora tenha acrescentado que, até ao momento, não houve nenhuma proposta séria que respeite "os interesses legítimos” de ambos os lados.

Em particular, garantiu que Moscovo não vê "boa vontade” para a resolução do conflito por parte do Ocidente, que acusou de continuar a perseguir "a derrota da Rússia no campo de batalha”.

 No final de Fevereiro, a China apresentou um plano para resolver o conflito na Ucrânia. O documento contém 12 pontos, incluindo o regresso às negociações entre russos e ucranianos, assim como um cessar-fogo e o levantamento das sanções contra a Rússia.

Moscovo saudou a proposta e a vontade de Pequim de resolver o conflito pacificamente, mas o plano foi recebido com cepticismo pelo Ocidente.

A China não só compartilha uma fronteira de mais de 4 mil quilómetros com a Rússia, como também faz divisa com outras ex-repúblicas soviéticas sob a influência de Moscovo, como o Cazaquistão, o Quirguistão e o Tajiquistão. E estrategicamente, Pequim não quer instabilidade em suas fronteiras.

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