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A seca causa mais mortos e deslocados que os furacões, as enchentes e os terramotos todos juntos, alertou, há anos, a ONU. Este já se transformou no fenómeno natural mais perigoso edestrutivo.
E por conseguinte, as alterações climáticas, como as secas mais rigorosas e mais frequentes, estão a ter um impacto arrasador na segurança alimentar, segundo afirmara José Graziano da Silva, director-geral da FAO – Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (2012-2015). E o brasileiro acreditava que para acabar com isso "os governos devem criar comunidades resistentes. Não devem apenas reagir à falta da chuva, mas precisam de investir a longo prazo para que quando a seca ocorra, a população e os sistemas de alimentos possam superar o problema”.
Há exemplos bem sucedidos, como o do Brasil, nomeadamente a região do Sertão, com a sua estratégia de investir na produção e consumo local. E é esta a estratégia que a FAO pretendia aplicar em países africanos. Tratava-se de um programa de aquisição de alimentos em que africanos compram em África e para África. O programa baseia-se no conceito de que os estados, normalmente, têm políticas sociais e fazem compras para programas sociais.
No início de 2010, a então chefe do Gabinete da FAO de Emergências para África, Cristina Amaral, explicou que a ideia é que essas compras sejam feitas directamente aos pequenos agricultores, principalmente os familiares, o que faria com que este programa passasse a ter dois objectivos: O primeiro é o aumento da produtividade e a inserção do pequeno agricultor familiar no mercado, e este é um dos principais aspectos para a sustentabilidade; e o segundo é o fornecimento de alimentos a populações mais carenciadas por meio de cantinas escolares, programas hospitalares e de vários outros programas sociais.
Só na região do Corno de África mais de 30 milhões de pessoas sofrem as consequências da seca. Segundo a FAO, era preciso implementar acções concretas que chegassem às populações mais afectadas pela variação do preço dos alimentos, principalmente os pequenos agricultores, os países africanos mais pobres e os consumidores. A FAO acreditava na altura que era fundamental reforçar o sistema de informação do mercado para a agricultura.
"Hoje a informação sobre quatro produtos de base, o trigo, o milho, o arroz e a soja, que constituem a base da alimentação no mundo inteiro, tem de ser considerada um bem público”, disse Cristina Amaral, citada pela DW. Para a então chefe do Gabinete da FAO de Emergências para África, o aumento da "transparência, a troca de informação e a capacidade de prever algumas crises” podem favorecer os agricultores africanos.
No Corno de África já foi aplicado um projecto piloto para a reserva de alimentos. "Por outro lado, há outras alternativas como encorajar que sejam as comunidades a ter pequenos stocks de emergência para o caso de uma seca, de uma inundação, ou de qualquer calamidade que provoque quebras grandes na produção”, acrescentou Cristina Amaral, lembrando que há 2,5 mil milhões de pequenos agricultores familiares no mundo e que muitos deles não conseguem produzir o suficiente para se alimentar” e por isso esta responsável afirmou que "esses stocks de emergência têm de existir e têm de ser geridos o mais perto possível das comunidades”.
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