Sociedade

Segurança na Estrada Nacional 100 continua a preocupar transportadoras e camionistas

Condutores das companhias de transportes rodoviários e camionistas, que frequentam com regularidade a Estrada Nacional (EN) 100, que liga Luanda à região Sul do país, continuam preocupados com os assaltos a viaturas, sobretudo autocarros.

13/02/2024  Última atualização 10H02
© Fotografia por: Edições Novembro

O último assalto, ocorrido na madrugada do dia 4 deste mês, foi muito comentado, por ter provocado ferimentos a alguns passageiros que se faziam transportar num autocarro da Macon.

Apesar da preocupação, o Comando Provincial do Cuanza-Sul da Polícia Nacional garante que a circulação rodoviária na rota está longe de constituir perigo aos utentes da mesma, porque está sob o controlo das forças da ordem.

A garantia foi dada à imprensa, neste domingo, uma semana depois do apedrejamento do veículo da Macon, num acto protagonizado por elementos, ainda, não identificados.

A vandalização ocorreu por volta das duas horas do dia 4 deste mês, quando o autocarro, que fazia o trajecto Benguela-Luanda, saía da base da Macon em direcção às bombas da Pumangol, na cidade de Porto-Amboim, província do Cuanza-Sul.

Na sequência daquele acontecimento, que por sinal não é o primeiro, instalou-se o sentimento de insegurança, sobretudo nas viagens nocturnas naquela via, a mais movimentada do país.

Mas, a Polícia Nacional surgiu a terreiro para acalmar a população, garantindo que a situação está sob controlo. O porta-voz do Comando Provincial do Cuanza-Sul da corporação, superintendente-chefe  Mateus Guilherme Balato, afirmou que a ocorrência de dois a três casos de assaltos a autocarros, por dia, não coloca em risco a segurança em toda a extensão da província.

Em relação ao ocorrido na madrugada do dia 4 deste mês, o porta-voz da Polícia Nacional referiu que a corporação tomou conhecimento do caso por meio das redes sociais, já que o motorista do autocarro da Macon não fez participação no Posto Policial do Longa, nem por outra via.

Sobre a situação ocorrida nas imediações da cidade de Porto-Amboim, anunciou que a Polícia está a trabalhar para deter os seus autores  para serem responsabilizados criminalmente. "A Polícia Nacional está a efectuar diligências para identificar os responsáveis destes atentados e serem responsabilizados criminalmente, na senda de garantirmos a segurança para todos”, vincou.

Mateus Balato considerou, entretanto, que se está perante uma situação que deve envolver as famílias, igrejas e outros sectores da sociedade, por ser a forma mais viável para estancar o fenómeno.

No entanto, para desencorajar actos do género, a Polícia Nacional, por meio do porta-voz no Cuanza-Sul, promete redobrar a patrulha nos locais de mais ocorrências de assaltos. "Fica o (nosso) compromisso de redobrarmos o patrulhamento nas zonas potenciais de ocorrência de actos de atentados e vandalismo, para devolvermos o sentimento de segurança a todos que transitam nas estradas nacionais, e não só”, afirmou.

 
Macon preocupada com recorrência de casos

Uma fonte da Macon, contactada pelo Jornal de Angola, considera o assalto da madrugada do dia 4 deste mês "um incidente grave”, porque alguns passageiros sofreram ferimentos. Considera, também, que o acto belisca o sentimento de segurança na via pública, até porque, no mesmo dia, revelou, um outro autocarro, da transportadora Real Express, também foi vandalizado.

A fonte, que solicitou o anonimato por a empresa ter uma área vocacionada para o efeito, disse que a situação preocupa a Macon, pelo facto de actos do género serem recorrentes. "As pessoas têm as suas actividades e preocupações, por esta razão preferem viajar de noite, principalmente os passageiros que fazem as rotas Lubango-Benguela-Sumbe-Luanda e vice-versa”, referiu, ao justificar a procura pelos bilhetes para as viagens nocturnas.

Segundo, ainda, a mesma fonte, o veículo da Macon encontra-se paralisado, devido aos danos sofridos, avaliados em mais de 700 mil kwanzas.

Os locais de maior risco, disse, são os morros da Comarca, a Sul da cidade do Sumbe, e do Chingo, a Norte. "No Morro do Chingo, os meliantes vêm numa composição de cinco a seis elementos e assaltam as bagagens, causando grandes prejuízos aos passageiros”, contou o entrevistado, que apelou para a melhoria da iluminação no local.

No município de Porto-Amboim, os assaltos e atentados acontecem no troço entre a ponte sobre o rio Keve até às bombas de combustível da Pumangol. "Esperamos que as autoridades policiais, que têm sido um grande parceiro para nós, consigam localizar os autores destes atentados contra os automobilistas”, exortou.


Camionistas manifestam receios

A preocupação sobre a segurança na EN 100 é extensiva aos camionistas, que também vêem em perigo as mercadorias que transportam.

Alguns condutores de camiões,  que transportam diversos produtos entre as províncias de Luanda, Cuanza-Sul, Benguela e não só, manifestaram a sua preocupação ao Jornal de Angola.

Josemar Cardoso lembrou que as viagens na EN 100 eram tranquilas, mas, de um tempo a esta parte, a situação começa a inspirar cuidados, em consequência dos actos registados nos autocarros. "Estamos preocupados com estes assaltos, principalmente nas cidades do Sumbe e Porto-Amboim, até ao rio Longa”, disse.

Os assaltantes, todos eles jovens, escondem-se  nas bermas das estradas e logo que o automobilista reduz a velocidade, quer seja no morro ou nos lugares com buracos na estrada, atiram pedras à viatura. "Caso parares, acabas por ser assaltado”, contou.

Laurindo Muecália, outro camionista que circula com regularidade naquela via, de Luanda à cidade do Lubango, na província da Huíla, também manifestou a sua preocupação. Apelou às autoridades policiais no sentido de trabalharem para devolver a segurança na via pública, sobretudo quando se registam prejuízos dos produtos transportados.

"É uma situação complicada, porque quando a nossa viatura é assaltada a empresa transfere  responsabilidades ao motorista. Por isso, precisarmos da intervenção da Polícia para que possamos circular em segurança”, exortou.

Laurindo Muecália enfatizou que a preocupação dos motoristas prende-se com os perigos que os atentados trazem para a segurança dos mesmos, por constituir um perigo à vida de vários condutores que circulam na via, bem como das mercadorias que transportam. "Podemos ser feridos, ou algo pior, e a população acaba  por sair prejudicada, porque espera pelos produtos que muitas vezes não chegam por causa destes atentados”, sublinhou.

Por seu turno, Luciano Cativa, que fazia o trajecto entre Porto-Amboim e Luanda, disse que os actos criminosos acontecem, principalmente, a partir das 18 horas, altura em que se regista pouco tráfego rodoviário na estrada.

Aconselha os automobilistas, que utilizam a via, a evitarem a circulação nocturna, e nos casos de haver necessidade de paragem para descanso ou outro motivo, que o façam em lugares movimentados ou junto dos postos policiais.

Adilson de Carvalho e Casimiro José | Porto-Amboim

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