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Sociedade civil senegalesa pede mobilização em massa

Um grupo de organizações da sociedade civil senegalesa apelou, ontem, à população para se "mobilizar em massa" contra o adiamento das eleições presidenciais, revelando que está a preparar várias acções, incluindo uma manifestação e uma greve geral.

10/02/2024  Última atualização 13H50
Macky Sall, Presidente do Senegal, cujo segundo mandato termina a 2 de Abril reafirmou que não tem interesse em terceiro mandato © Fotografia por: DR

"Convidamos todos os cidadãos preocupados com a preservação das conquistas democráticas a mobilizarem-se em massa em todo o país e na diáspora para impedir esta confiscação do poder", declarou a nova plataforma Aar Sunu Election ("Vamos proteger a nossa eleição") num comunicado citado pela AFP.

A plataforma inclui cerca de quarenta grupos de cidadãos, grupos religiosos e organizações profissionais, incluindo vários sindicatos do sector da Educação. "Está prevista uma grande manifestação para terça-feira próxima", declarou Malick Diop, que se identifica como um dos coordenadores da plataforma, em declarações à comunicação social em Dakar.

A plataforma prepara-se para lançar um apelo a uma greve geral numa data não especificada e a uma paralisação a partir de segunda-feira no sector da Educação. O comunicado da Aar Sunu Election apelou ainda aos fiéis para que participassem na oração muçulmana de sexta-feira vestidos de branco e com as cores nacionais.

O Presidente senegalês, Macky Sall, fez, ontem, saber que deu ordem ao seu Governo para que adoptasse medidas de "apaziguamento" em face à agitação causada pelo adiamento das eleições presidenciais, em aparente resposta aos anúncios semelhantes ao da Aar Sunu Election por parte da oposição e da sociedade civil. Para além da pressão interna, Sall está a ser alvo de pressões internacionais.

A CEDEAO apelou, na terça-feira, ao Senegal para restabelecer "urgentemente" o calendário das eleições presidenciais, inicialmente, previstas para 25 de Fevereiro e adiadas para 15 de Dezembro apesar dos protestos da oposição e de uma grande parte da opinião pública. A União Europeia, que alinhou com a CEDEAO, apelou ao restabelecimento do dia 25 de Fevereiro para a realização das presidenciais no país. Já os Estados Unidos condenaram, abertamente, o adiamento das eleições, considerando-o "ilegítimo" e manifestaram a preocupação com o risco de agitação, mas também com o golpe nas práticas democráticas de que o Senegal é frequentemente citado como exemplo.

As autoridades senegalesas não deram qualquer sinal de estarem dispostas a reconsiderar o adiamento. Pelo contrário, nos termos de Ismaïla Madior Fall, chefe da diplomacia senegalesa, em declarações à estação de televisão France 24, Dakar está a "dar prioridade à lógica política interna".

O Presidente Macky Sall ordenou o adiamento das eleições presidenciais, três semanas antes do prazo previsto e a 12 horas do início da campanha eleitoral, culminando de forma surpreendente numa batalha política e jurídica sobre a legitimidade dos candidatos aceites pelo Conselho Constitucional senegalês - organismo responsável pela fiscalização das eleições - para concorrer ao escrutínio.

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