A Administração Municipal de Talatona realiza sábado, às 8 horas, uma campanha de limpeza e pintura de lancis, soube o JA Online.
Dois efectivos da Polícia Nacional foram, quinta-feira, homenageados, pelo Comando Municipal de Pango Aluquém, por terem sido exemplares ao rejeitarem o suborno no exercício das actividades, na província do Bengo.
A filha do Bengo é exemplo de tenacidade e de luta diária pelo sustento da família
Teresa Fernando Adão Dias nasceu no Bengo, no dia 5 de Fevereiro de 1949. A antiga combate e veterana da pátria é filha de Fernando Gomes Dias e de Catarina Adão Luís, também antiga combatente do início da luta de libertação nacional para a Independência Nacional de Angola
Com os pais,Teresa Fernando Adão Dias partiu para a República Democrática do Congo (que era o antigo "Congo Belga") muito nova, em 1961.
Andou durante quatro anos nas matas densas com a mãe, no meio de enormes dificuldades. O pai morreu ao atravessar o rio Lunda Yole, na então República do Zaire (hoje Congo).
Para chegarem ao município do Songo, tiveram de sair de Nambuangongo a pé, tinha ela dez anos, até ao vizinho Congo, comendo mel e rama de batata para sustentar o estômago, com a mãe, que ansiava que um dia regressassem à terra natal e mantendo a língua nacional Kimbundu como veículo de comunicação da família, para que a cultura e a dignidade nacional não se perdessem.
No país vizinho, conheceu vários nacionalistas, entre eles o primeiro Presidente de Angola, António Agostinho Neto, e Bernardo Paím (familiar do músico Eduardo Paím), recorda.
Teresa Fernando Adão Dias manteve-se na luta armada de libertação nacional até 1974 e então regressa a Angola, já casada com o então enfermeiro Ambrósio Farinha, também conhecido por dr. Café, que passou um período retido no cativeiro por causa da guerra civil.
Ambrósio Farinha morreu no dia 28 de Outubro de 2015. As dificuldades de Teresa Fernando Adão Dias, agora em Luanda, na Rua da Mãe Preta, no Hoji-ya-Henda, eram enormes, mas ela nunca virou a cara à luta nem desistiu.
Em 1998, Teresa Fernando Adão Dias começou a fazer Kissângua de milho, açucarada e sem açúcar, que vendia esporadicamente, mas, devido a dificuldades extremas enfrentadas pela família, começa a comercializar o produto em bidões, garrafas e avulso em canecas.
Em Julho de 2012, Teresa Fernando Adão Dias vai aos Estados Unidos da América, em tratamento médico, e lá encontra-se com a filha, em New Jersey. Em 2020, no meio da pandemia da Covid-19 e enfrentando grandes dificuldades financeiras, os filhos de Teresa Fernando Adão Dias decidem começar a vender a bebida, de fabrico genuíno, de textura suave, com direito a entrega ao domicílio.
De lá para cá, a família não mais parou de produzir a "Kissângua da Dona Teresa", cuja qualidade já foi publicitada pelo kudurista "Presidente Gasolina", sem esquecer outras figuras e entidades públicas, como o grupo teatral Horizonte Njinga Mbandi.
Hoje existem canecas com o logotipo da marca, sacos e t-shirts. O livro de poesia de Ismael Farinha, seu filho, com o título "Prelúdio", tem apoio da marca "Kissângua da dona Teresa" e foi lançado no fim de Fevereiro.
Teresa Fernando Adão Dias teve várias dificuldades no princípio para fazer reconhecer o seu produto e nunca esquece que foi vendedora no mercado informal dos Kwanzas, no bairro Hoji-ya-Henda, Cazenga.
Hoje, com 75 anos de idade, nunca parou de trabalhar, erguendo-se diariamente de madrugada para produzir a saborosa e refrescante bebida, muito conhecida em Luanda, e sustentar os filhos.
A sua entrega à luta de libertação nacional, desde muito nova, e o facto de nunca ter exigido privilégios devido à sua condição de combatente da liberdade e da Independência Nacional, trabalhando sempre, passando fome sem um queixume, revela o papel extraordinário da mulher africana na sociedade e na família.
Mulher
coragem
Teresa Fernando Adão Dias foi vendedora no mercado dos Kwanza, comercializando carne de vaca, cebola, tomate e outras hortícolas, quando o seu esposo se encontrava no cativeiro, na província do Uíje, por conta do conflito armado que vivido nos anos 1990. Alguns pensavam que ele já não fazia parte do mundo dos vivos.
Em 1961, foi para o Congo, com os pais Fernando Dias e Catarina Luís, também antiga combatente e veterana da pátria.
Dona Teresa é mãe de sete filhos, Helena Farinha, Bernardo Farinha, Catarina Farinha, Luísa Farinha, Cirilo Farinha, Ismael Farinha e Fernando Farinha. Tem 15 netos, entre eles a pequena poetisa Orquídea Nayuka Farinha, que começou a declamar poesia em vários palcos de Luanda, com cinco anos de idade.
A mãe, conta, pedia para falarem a língua nacional em casa. Ela, acrescenta, fala Português, Kimbundu, Kikongo, por conta do casamento com o seu esposo Mukongo, da província do Uíge (Ambrósio Farinha) e teve de aprender a lidar com o idioma para se familiarizar com a mãe, ao passo que o Lingala aprendeu durante o tempo que passou no Congo.
Dona Teresa vive de uma pensão muito baixa dos antigos combatentes e da venda de Kissângua.
Esperançosa numa realidade sorridente um dia, "apesar dos novos contornos da sociedade e a situação política do país”, ela deseja o melhor para o seu povo. Dois dos valores que a caracterizam são a humildade e a honestidade.
"Repudio a discriminação dos povos irmãos, quem nasce no Zaire é zairense, no Uíge é uigense, em Luanda é luandense e quem nasce no Congo é congolês. O nome pejorativo "Langa” começou no ano de 1989 com o FENACULT- Festival Nacional de Cultura, quando um grupo de músicos, com o nome Zaiko Langa Langa, desembarcou em Luanda, para actuação. Este cenário fez com que alguns angolanos mudassem a designação dos congoleses para langas”.
Está no prelo a biografia da guerreira angolana Teresa Dias, por sugestão do poeta angolano da nova geração Pedro Belgio.
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