Bruno Neto foi o artista convidado para abrir o concerto. O tema escolhido no estilo bolero "Amarte es un arte” é letra e música de Totó ST que consta no projecto musical do cantor lírico. 

Depois da performance do convidado, o anfitrião interpretou sete das onze músicas do novo disco, que começou a ser comercializado no mesmo dia e nos próximos dias estará disponível nas plataformas digitais.

Nesta fase, o guitarrista, Dimitri Tonico notabilizava-se com os dotes de solista, nas composições onde o amor entre homens e mulheres estava em destaque. Na sequência em "Companhia” ficou comprovado que as propostas de Totó ST para este disco são mensagens românticas.

Ao som de "Quero ser” houve um apagão no Palácio de Ferro, mas a falha de energia não interrompeu os músicos em palco. O público apesar de não conhecer a música captou o coro e fez a capela com o artista, mesclando este tema com "Nayo”.

O director artístico do concerto e um dos principais produtores musicais do disco, Rolland, teve um momento de solo nos teclados para interpretar o tema do single " És para mim”. O mesmo mergulho nos temas de "A Forma do Amor”, "Love From Above” e "Bem me quer”. Luís na viola baixo e Omar Gross na bateria também comprovaram o potencial como instrumentistas.

A parte final do concerto foi reservada às canções conhecidas. Com voz e violão, Totó ST interpretou " Saudades” acompanhado pela dupla de coristas Teidi Cauisi e Inácia. Em "Blues no Chão”, mais uma vez, o jovem Dimitri evidenciou-se no estilo que consagrou BB King.

No alinhamento ainda houve tempo para emoções em  "Por Amor”, "Histórias da Vida”, "Ame ndu kusole”, numa versão mais funk.  Luís e Omar Groos em "Dois em um” e "Luzingu Malembe” mostraram a força do "groove” e dos "breaks” na nova geração. Ainda houve tempo para esquebra, com a inclusão de músicas fora do guião inicial e não faltou o sucesso "Abre a porta, Tânia”

"Eu costumo dizer que o Palácio de Ferro é a nossa casa comum, o lugar que nos oferece as condições do ponto de vista técnico e espiritual” reconheceu o artista no final do concerto.

"A Forma do Amor”, um álbum especial

O músico abordou algumas características que tornam "A Forma do Amor” completamente diferente dos anteriores trabalhos discográficos. " É muito mais suave, uso uma linguagem com hipérbole, exagero realmente quando descrevo aquilo que as pessoas sentem quando realmente estão, costumam dizer, apaixonadas pelas outras”.

Totó ST reforça que traz as histórias no sentido positivo do amor sem os lados ruins dos relacionamentos. "Eu não estou a focar nesse sentido, apenas o contato entre dois seres e como aquele despoleta uma energia muito boa. É mais sobre a conexão pura, aquela forma simples, muito bonita, mas com muita poesia.      Eu aqui falo do amor como eu normalmente não falo”.

E continua a justificar a aposta nesta forma de cantar o amor neste trabalho que considera especial, "normalmente , nos meus álbuns, a temática é sempre, ou quase sempre,  voltada para questões filosóficas, intervenção do céu e alguns temas românticos. Este é o meu primeiro álbum  em que eu vou cantar 100 % o amor, aquele amor de homem para mulher e vice-versa”.

"A Forma do Amor” também apresenta características diferentes do ponto de vista de melodia, harmonia e conceito musical. "É o álbum menos afro que eu tenho até agora. Porque eu queria comunicar desse jeito, de forma mais soul, mais balada, com uma outra música que tem assim, que pode levar até mesmo para a dança, mas de modo geral, é um álbum muito suave, muito tranquilo”

Serpião Tomás, de nome artístico Totó ST, é cantor, compositor, guitarrista e produtor. A sua abordagem é muito pessoal, uma verdadeira fusão entre afro jazz, funk, blues, soul, R&B e kilapanga, tem dado uma energia particular aos prestigiados festivais de Jazz e "world music” em que participa. Em Outubro de 2022, no Palácio de Ferro, lançou os discos "Flavour of Times” e "Avatar”. Estes álbuns juntaram-se a discografia em que encontramos "Nga Sakidila”, "Filho da Luz”, "Batata Quente” e "Vida das Coisas”.Iniciou a carreira aos 14 anos, colaborando com artistas angolanos como os Kalibradros, Génesis e Yannick Afro Men. Compôs, também, para outros artistas angolanos, como Pérola, Selda e Sandra Cordeiro. Em 2015, Totó ST partilhou o palco do Jazzing Festival (Luanda) com Diane Reeves e a cantora nigeriana Nneka. Ele também compôs e apresentou-se com Keziah Jones.