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Tropas russas prontas para ataques nucleares

O Presidente da Rússia declarou, quarta-feira, que as unidades especializadas estão em prontidão para usar, a qualquer momento, armas nucleares, face a uma ameaça real ao Estado, à soberania ou à independência do país, pronunciamento interpretado por analistas políticos e militares no Ocidente como uma manifestação de força.

14/03/2024  Última atualização 07H15
Vladimir Putin disse ser insignificante a entrada de Estados do Leste na OTAN © Fotografia por: DR
Vladimir Putin, em entrevista à televisão estatal russa, reagiu à entrada da Suécia e da Finlândia na OTAN com admiração, argumentando que os dois países não tinham uma situação de guerra ou de conflito iminente com a Rússia, mas agora "terão de conviver com contingentes de forças à beira das suas fronteiras e dispositivos estratégicos”.

Em relação aos Estados Unidos, disse esperar que evitem qualquer escalada que possa desencadear uma guerra nuclear, sublinhando, a propósito, que "as forças nucleares da Rússia estão prontas”. Na entrevista à televisão estatal, o líder russo considerou que a inclusão de países do Leste europeu à OTAN, referindo-se à Finlândia e à Suécia, como "um passo insignificante".

"Este é um passo absolutamente insignificante [para a Finlândia e a Suécia] do ponto de vista da garantia dos seus próprios interesses nacionais", justificou o Presidente russo.

Putin apresentou, ainda, os planos do Estado russo para 'ir mais longe', na medida em que chegou a afirmar que Moscovo iria colocar militares e sistemas de destruição nas fronteiras com sinais de ameaças, desde que alguns países entraram na Aliança Atlântica. "Onde não tínhamos tropas, agora vamos ter, onde não havia sistemas de destruição, agora vamos ter", prometeu o líder russo.

O Chefe de Estado russo, também, expressou confiança de que Moscovo alcançará os objectivos na Ucrânia, mas disse estar aberto a negociações, acrescentando que qualquer acordo exigiria garantias firmes do Ocidente.

"Estamos preparados para negociações que se baseiem na realidade do teatro das operações, a partir das coisas como estão”, frisou.

Questionado se alguma vez considerou usar armas nucleares  na Ucrânia, Putin disse que "não havia necessidade”. "Os ataques podem ser explicados de uma forma muito simples. Tudo isto está a acontecer num contexto de falhas [ucranianas] na linha da frente".

"O objectivo principal, não tenho dúvidas, se não conseguirem minar as eleições presidenciais na Rússia, é pelo menos tentar impedir de alguma forma os cidadãos de expressarem a sua vontade", garantiu.

O Presidente russo prepara-se para enfrentar, como o candidato favorito nas presidenciais, às eleições de domingo e sábado. Em caso de vitória, Vladimir Putin deverá manter-se no poder até 2030, ano em que completará 77 anos, com a possibilidade de um mandato adicional até 2036, graças a uma alteração constitucional operada em 2020. 

Cresce o movimento paz e justiça na Alemanha

O movimento alemão 'Aufbruch', ('Despertar para a Paz, Soberania e Justiça'), que defende uma "relação amigável" de Berlim com Moscovo e o fim da ajuda militar à Ucrânia, apresenta-se como uma alternativa aos partidos convencionais, exigindo uma saída imediata da Alemanha da OTAN.

Em entrevista à agência Lusa, Alexander Kurth, um dos membros da direcção do movimento, criado em Maio do ano passado, estranha que com a política levada a cabo pelo Ocidente, a guerra na Ucrânia não tenha começado antes.

"O objectivo foi sempre destabilizar e enfraquecer a Rússia. Pensamos que subjugar uma potência nuclear pela força das armas não é apenas insano, mas absolutamente perigoso. É triste que ninguém pareça ter aprendido nada com a história. Precisamos, urgentemente, de uma solução diplomática", apontou o membro do movimento que está numa campanha de recolha de assinaturas para concorrer às eleições europeias do próximo mês de Junho.

Kurth garante que o movimento reúne diferentes pessoas que têm em comum a defesa da paz, desde "cristãos, muçulmanos, esquerdistas, patriotas e activistas da paz". Uma das fundadoras do movimento é Elena Kolbasnikova, activista pró-Rússia, que disse, em 2022, durante uma manifestação que organizou em Colónia, que "a Rússia não é um agressor" e que Moscovo está a "ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia".

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