Desporto

Um mito chamado Senna

Pedro Narciso |

Jornalista

A 21 de Abril de 1985, Ayrton Senna realizava a sua segunda temporada de Fórmula 1 e competia pela lendária equipa Lotus, que na época contava com os motores Renault para impulsionar os seus carros. Esta combinação foi fundamental para que Ayrton obtivesse a primeira das quarenta e uma vitórias de sua fantástica carreira – que viria a terminar de forma trágica.

02/05/2024  Última atualização 14H45
© Fotografia por: DR

O Grande Prémio de Portugal de 1985 será sempre lembrado como um dos momentos mais brilhantes da carreira do brasileiro Ayrton Senna. Naquela corrida, sob condições de tempo dramáticas, Ayrton conduziu uma vitória histórica. Naquele dia em Portugal, com o apoio da fábrica francesa, o brasileiro confirmava a sua condição de futura grande estrela da constelação da Fórmula 1.

Em 1988, transferiu-se para a Mclaren, equipa com a qual foi campeão naquele mesmo ano. Combinando técnica e audácia, o piloto acelerou na chuva e chegou ao seu primeiro título. Com apenas cinco anos de F-1, Senna mostrou ao mundo que em situações adversas e arriscadas o seu talento transbordava.

Ayrton Senna (1960-1994) nasceu em São Paulo, no dia 21 de Março de 1960. Filho de um empresário do ramo Metalúrgico, com quatro anos de idade ganhou o seu primeiro Kart. Com sete anos começou a treinar no kartódromo de Interlagos, em São Paulo. Conquistou diversos títulos nos Kart. Foi campeão paulista na categoria júnior, campeão brasileiro e campeão sul-americano, além do vice-campeonato mundial em 1979 e 1980.

Em 1981 começa no automobilismo, na Fórmula Ford, e conquista o seu primeiro título. Em 1982 ingressa na Fórmula 2000, é campeão Inglês e Europeu. Entra para a Fórmula 3 Inglesa, em 1983, e ganha o campeonato. Recebeu propostas das equipes Mclaren, Williams, Brabham e Toleman. Assina com a Toleman e na segunda competição conquista o seu primeiro ponto. Em 1984, sobe ao pódio no GP da Inglaterra e no GP de Portugal. Em 1985 assina contrato com a equipa Lotus.

Entre os anos de 1985 e 1987 participa de 48 grandes prémios e vence seis. Em 1987 assina com a Mclaren Honda e em 1988 sobe ao pódio pela primeira vez, como campeão mundial de Fórmula 1, no GP do Japão, em Suzuka. Em 1989 foi o vice-campeão mundial. Em 1990 conquista o seu segundo campeonato mundial e em 1991, mais uma vez, é o campeão do mundo. Em 1994 é contratado pela equipa Williams.

No primeiro dia de Maio desse mesmo ano, a morte de Ayrton transformou-o numa lenda. As imagens ficarão gravadas para sempre na memória dos brasileiros. Na sétima volta do Grande Prémio de San Marino, no autódromo de Imola, na Itália, Ayrton Senna passa directo pela curva Tamburello, a 300 quilómetros por hora, e espatifa-se no muro de concreto. Era 1h40 quando um boletim médico do hospital Maggiore de Bolonha, para onde o piloto foi levado de helicóptero, anunciou a morte cerebral de Ayrton Senna. Não havia mais nada a fazer.

Ayrton Senna da Silva, tricampeão mundial de Fórmula 1, 41 vitórias em Grandes Prémios, 65 ‘pole-positions’, um dos maiores fenómenos de todos os tempos no automobilismo, estava morto, aos 34 anos.

O último piloto a morrer durante uma corrida tinha sido Ricardo Palleti, no Grande Prémio do Canadá, em 13 de Junho de 1982. Imaginava-se que depois de tanto tempo e tantas mudanças nas regras e na tecnologia de construção dos carros, a Fórmula 1, não tivesse tido tantos acidentes.

As mortes de Senna e Ratzenberger reavivaram a verdade sobre um desporto fascinante mas cruel, onde se ganha muito dinheiro em troca de altos riscos.

O herói Ayrton Senna

Dois anos antes da sua morte salvou a vida a Erick Comas, durante a corrida da primeira vitória da carreira de Michael Schumacher. No Circuito de Spa, a 30 de Agosto de 1992. Michael Schumacher conseguiu a primeira vitória da sua carreira. Mas, por aqueles dias, o tema do momento era o ‘salvamento’ de Ayrton Senna a Erick Comas, nos treinos livres. Um momento para a história da Fórmula 1. Erik Comas, da Ligier, bateu com violência na curva blanchimont e ficou atravessado na pista. Ayrton Senna, que chegou pouco depois ao local, não ficou indiferente. Protagonizando um dos mais míticos momentos de solidariedade da história da Fórmula 1, Senna parou o seu carro e saiu disparado para socorrer Comas.  Quando chegou junto dele desligou logo o motor, já que o francês, mesmo desmaiado, continuava a carregar no acelerador, o que poderia levar o carro a explodir. O gesto de Ayrton Senna ficou para a história e Erik Comas, aquando do acidente que vitimou o brasileiro, em 1994, também parou no local do acidente para tentar retribuir. Sem sucesso. Ao ver o estado de Senna, Comas não voltou à corrida e, no final da época, deixou a Fórmula 1.

Comentários

Seja o primeiro a comentar esta notícia!

Comente

Faça login para introduzir o seu comentário.

Login

Desporto