Importância económica
O sector aeronáutico angolano viveu um período de glória, que fez surgir, nos anos 90 e na primeira metade de 2000, várias companhias que disputavam os céus angolanos e facturavam milhões de kwanzas com o transporte de passageiros e carga, em destinos como Soyo, Cabinda, Luena, Saurimo, Lucapa, Benguela, Huambo, Menongue, Lubango e Ondjiva e outras rotas irregulares.
Juntas, essas companhias eram responsáveis pela garantia de mais de cinco mil postos de trabalhos directos e indirectos e uma facturação anual de mais de cem milhões de dólares, transportando mais de dois milhões e cem mil passageiros neste período. De acordo com dados a que tivemos acesso, quer no site do Conselho Nacional de Carregadores (CNC) e do Ministério dos Transportes, com a consolidação da paz, muitas delas não resistiram à concorrência e as exigências do mercado, principalmente aquelas que são impostas pela Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA), em matéria de segurança.
Companhias encerradas
De acordo com alguns ex responsáveis e antigos trabalhadores de transportadoras privadas contactadas pela nossa reportagem, umas decretaram falência e outras desistiram do mercado, como é o caso da Air Gemini, Air 26, Sal, Air Charter, Air Guicango, Heli Malongo, Gira Globo, Fly540, Diexim Expresso, entre outras, tendo apenas sobrevivido a estatal Sonair e a privada Air Jet. Tarifas praticadas
As companhias privadas de aviação que operam em Angola continuam a praticar preços acessíveis nos seus serviços de transporte de passageiros, variando os custos dos bilhetes entre os oito e 40 mil kwanzas, conforme constatou a nossa pesquisa nos pontos de venda do aeroporto de Luanda e em algumas agências de viagens. Actualmente, os preços dos bilhetes não foram alterados em relação aos praticados há já cerca de cinco anos, o que permite ainda que alguns cidadãos possam viajar de avião quando necessário, mas este factor não garante, segundo Márcia Costa, que uma agência sediada no aeroporta, tenha lucros e consiga manter-se operacional. “O mercado ficou quase que insustentável. Nós hoje dependemos mais dos voos internacionais para manter esse negócio”, revelou.
Segurança operacional
No que toca a questões de segurança, a Associação Internacional de Transportes Aéreo (IATA), fez recomendações duras, no mês de Janeiro do corrente ano, ao Governo angolano sobre as questões de segurança aérea. Para aquela organização internacional, a segurança é um aspecto fundamental e deve ser sempre um desafio em Angola, embora reconheça ter havido grandes melhorias nos últimos anos, mas recomendam que para manter e melhorar ainda mais esse desempenho de segurança é necessário um esforço contínuo que utilize as normas e as melhores práticas globais. Este factor levou já o Executivo a anunciar um investimento na segunda fase do programa para modernização do espaço aéreo, para cumprimento das normas internacionais, com um investimento de 63 milhões de dólares, com o objectivo de melhorar a segurança no espaço nacional.