Opinião

A função teleológica do Código de Ética na organização

Ângelo Kalopa Kalañge*

* Docente universitário, palestrante e escritor

Os desafios do mundo hodierno têm exigido das Organizações a adopção de uma filosofia de trabalho de excelência e comprometimento, baseada no cumprimento escrupuloso da lei e na inclusão de princípios éticos, bem como de responsabilidade social nos seus planos estratégicos para a satisfação dos interesses do público no contexto social.

29/04/2024  Última atualização 09H30

Assim sendo, nesta edição, propomo-nos reflectir sobre a função teleológica do Código de Ética na Organização, augurando que a nossa humilde visão de mundo sobre a matéria possa de algum modo contribuir positivamente na prestação de um serviço centralizado nos, em e para os valores, por parte das Organizações.

Oguisso e Schmidt (1999), ajudam- nos a esclarecer que o Código de Ética refere-se ao conjunto de normas orientadoras da conduta dos profissionais de uma Organização no sentido de saberem quais são os seus direitos e deveres em relação as suas atribuições e responsabilidades.

Nesta ordem de ideias, a principal função teleológica ou finalística do Código de Ética em toda e qualquer Organização, independentemente das suas especificidades, consiste em orientar os profissionais para interiorização e externalização de princípios éticos e deontológicos, assumindo no cumprimento das suas atribuições o compromisso de auxiliar na materialização da missão, visão e valores definidos pela Organização, de modo a corresponder positivamente às exigências do público e da sociedade.

Conforme se pode perceber, as vantagens do Código de Ética na Organização são várias, das quais destacam-se as seguintes:
-Promover uma cultura centrada no respeito pelos princípios éticos, morais e deontológicos, na prestação de serviços de interesse público.
-Providenciar um ambiente laboral harmonioso pautado nos valores, na motivação e no respeito pelos direitos das partes interessadas no cumprimento das atribuições profissionais em benefício da cultura organizacional.
-Estabelecer directrizes para os profissionais no sentido de não defraudarem a confiança do público em relação aos serviços prestados.
-Projectar a imagem da Organização mediante a colaboração de todos os profissionais.
-Prevenir os conflitos nas relações interpessoais, práticas escandalosas e de natureza criminal, susceptíveis de gerar insucesso e/ou falência da Organização.
-Institucionalizar a cultura de responsabilidade profissional, social e de probidade pública no cumprimento da missão. 

Importa salientar que a inobservância do Código de Ética na Organização gera várias consequências negativas que a título de exemplo se incidem no desgaste da reputação da Organização junto das suas partes interessadas (stakeholders), na propagação de conflitos nas relações interpessoais, na quebra de confiança pelos serviços prestados, na ocorrência de práticas escandalosas e/ou de natureza criminal e finalmente, na inviabilização dos objectivos organizacionais, num mercado onde a concorrência e exigência pela qualidade e transparência nos serviços prestados, tornaram-se a regra de ouro no dia-a-dia.

O Instituto Ethos (2000), defende que para a estruturação de um Código de Ética é preciso ter em atenção os seguintes tópicos: Relacionamento com os accionistas no que tange a transparência das informações repassadas aos mesmos; relacionamento com os funcionários centrado no comportamento ético; relacionamento com o cliente considerado como sendo vital para a sobrevivência da Organização no mercado e na sociedade de modo geral; relacionamento com os fornecedores que a princípio deve ser harmonioso; relacionamento com os concorrentes, observando a lealdade no serviço prestado; relacionamento com as esferas públicas, cumprindo as exigências legais; relacionamento com o meio ambiente e relacionamento com a comunidade.

O Código de Ética na Organização funciona como uma bússola que orienta o comportamento dos profissionais para um agir correcto, responsável e justo. Assim, a inclusão de princípios éticos e deontológicos na Organização, não constitui uma questão de ilusão, mas sim, de investimento que bem contemplado e posto em prática nos planos estratégicos da Organização e no modus operandi dos profissionais, pode agregar valores, facilitando a elevação dos níveis de confiança do público em prol do desenvolvimento da Organização.

Logo, é necessário que as Organizações que possuem os seus respectivos Códigos de Ética criem espaço de interacção permanente com os seus profissionais, visando socializálos para uma conduta baseada nos valores éticos e deontológicos, bem como de responsabilidade social.

*Docente universitário palestrante e escritor

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