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África deve aproveitar era da transição energética

A Organização das Nações Unidas (ONU) alertou que a África Subsaariana, bem posicionada para beneficiar da transição para energias renováveis, tem que evitar nova dependência de matérias-primas e conseguir diversificar a economia.

02/05/2024  Última atualização 14H55
Nações Unidas alerta países como a RDC a criar valor na exploração dos minerais © Fotografia por: DR

"Para fortalecer os seus sectores industriais, diversificar as economias e redefinir o seu papel na eco- nomia global, os países em desenvolvimento ricos em minerais fundamentais para a transição energética têm de evitar as armadilhas da dependência de matérias-primas", lê-se numa análise feita pela ONU Comércio e Desenvolvimento, anteriormente conhecida por UNCTAD.

A nova procura por minerais como o cobalto, lítio ou magnésio, abundantes em África, "pode piorar, ainda mais, a dependência de matérias-primas, agravando as vulnerabilidades económicas e deixando os benefícios longe das comunidades e empresários locais", lê-se no documento a que a Lusa teve acesso ontem.

A transição energética, nomeadamente a utilização de veículos eléctricos, está a fazer a procura destes materiais disparar, com a ONU a prever que a procura por lítio, cobalto e cobre possa quadruplicar até 2030, beneficiando os países que têm estes materiais em abundância, como a República Democrática do Congo (RDC).

"As matérias-primas e a sua dependência são questões que estão no centro do passado e, especialmente, do futuro do comércio e do desenvolvimento", disse a secretária-geral da ONU para o Comércio e Desenvolvimento, Rebeca Grynspan.

O alerta surge no contexto da crescente exploração destas matérias-primas, que parece estar a repetir os erros do passado, ou seja, a simples exportação em vez da adição de valor nos países africanos para exportar produtos já processados.

"Muitos países em desenvolvimento têm uma enorme riqueza destes minerais, mas não têm as capacidades de processamento necessárias para adicionar valor", alerta a ONU, salientando que o exemplo da RDC deve ser seguido por mais países.

"Ao refinar e processar o cobalto localmente, o país aumentou o preço da unidade deste material de 5,8 dólares por quilo, na extração, para 16,2 dólares por quilo depois do processamento; com esta subida na cadeia de adição de valor, as exportações da RDC de cobalto processa- do chegaram aos 6,0 mil milhões de dólares (cerca de 5,6 mil milhões de euros) em 2022, o que compara com apenas 167 milhões de dólares (cerca de 156 milhões           de euros) em exportações de cobalto por processar", diz a ONU.

"Temos agora a oportunidade de alavancar estas novas matérias-primas para actualizar o regime comercial, promover a diversificação estrutural e virar a maré da dependência de matérias-primas de uma vez por todas", concluiu Grynspan.

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