Cultura

Distinções e o valor do jazz na promoção da paz marcam a abertura do festival

Vários artistas nacionais e internacionais actuaram, terça-feira, às 20h, na Baía de Luanda, na abertura do Festival Internacional do Dia do Jazz, organizado pela Bienal de Luanda, o projecto Resiliart Angola e a UNESCO.

01/05/2024  Última atualização 08H41
Eleonor Dubinsky Quartet foi uma das cantoras que actuou no primeiro dia do festival © Fotografia por: Vigas da Purificação | Edições Novembro

O primeiro dia do festival foi prestigiado pela Vice-Presidente da República, Esperança da Costa, o ministro da Cultura, Filipe Zau, o governador de Luanda, Manuel Homem, membros do Executivo, o director Regional da UNESCO para a África Central, Paul Coustere, e entidades do corpo diplomático acreditado no país.

Na ocasião, o ministro da Cultura, Filipe Zau, realçou que Luanda está dentro das grandes comemorações do jazz, vivida este ano em mais de 100 países em todo o mundo, conhecida como a grande música negra, cujo acto central ocorre pela primeira vez em África, acolhido na cidade de Tanger, em Marrocos.

"É uma relevante data e Luanda está dentro das festividades do jazz. A capacidade de improvisação constitui a principal característica da abordagem do jazz. O jazz nasce do cruzamento da música africana com outros ritmos originários da música europeia”, sublinhou.

Quanto à promoção dos valores universais através da arte, Filipe Zau destacou que o jazz e o primado da paz se unem numa aliança indissociável, sendo um género musical inclusivo que se renova constantemente pela incorporação de novas culturas.

"Angola vai ganhando cada vez mais adeptos e já há uma plêiade de jovens músicos em Luanda, Benguela e Huíla que procuram tocar os clássicos do jazz e utilizar os fraseados deste género musical nas suas composições. É uma grande celebração, num país em que o seu Presidente foi nomeado o Campeão da Paz em África, no mês em que comemora 22 anos de paz”, observou.

Na qualidade de anfitrião, o governador de Luanda, Manuel Homem, defendeu que o Festival do Dia Internacional da Jazz se transformou numa marca que enobrece a cidade de Luanda.

"A celebração do Dia Internacional do Jazz, sendo Luanda a capital desta festa na nossa região de África, permite partilhar talentos e receber todos que nos visitam para celebrar esta música nesta noite memorável que deve ficar para sempre na história da cidade”, disse o governador.

O director do projecto Resiliart Angola, Marcos Agostinho, enfatizou que este momento representa uma fase singular para celebrar a riqueza cultural e a diversidade do jazz em Luanda, um género musical que transcende fronteiras e une pessoas de todo o mundo.

"É uma linguagem universal que nos convida a transcender as diferenças. Neste festival participam artistas excepcionais, tanto de Angola quanto do estrangeiro, que mostram o seu talento e paixão pelo jazz”. 

O director regional da UNESCO para a África Central, Paul Coustere, expressou a sua alegria pela dedicação do Governo angolano e parceiros pela celebração do Dia Internacional do Jazz, considerando uma música que promove os valores da humanização, compromisso com a liberdade, luta contra o racismo e divisão em todas as suas formas.

"O jazz é uma música que nos inspira e nos faz reflectir sobre o mundo em que vivemos, nos ensinando a riqueza da diversidade, a tolerância e o respeito mútuo que são essenciais para a construção de um mundo pacífico. Angola tem uma rica tradição musical e o jazz angolano é vibrante e inovador”, referiu.


Artistas plásticos mostram diversidade da arte africana

A exposição "O Amanhecer no Mundo”, que reúne trabalhos de 23 artistas nacionais e internacionais, foi um dos destaques da abertura da 13ª edição do Festival Internacional de Jazz,  ontem, na Baía de Luanda, enquadrada nas celebrações do Dia Internacional do Jazz, assinalado no mesmo dia.

A mostra é resultado de uma parceria entre a União Nacional dos Artistas Plásticos (UNAP) e o projecto Resiliart Angola. Os artistas nacionais e internacionais foram desafiados a mostrar as potencialidades e diversidade da arte africana, sem perder a essência do tema desta edição do festival "O Amanhecer no Mundo".

Entre as obras patentes, destacam-se o quadro "O Olhar do Amanhecer", de Liana, "A Realidade da Vida dos Emigrantes" e "O Renascimento", de JLZAR, "O Amanhecer Através dos Nossos Antepassados", de Álvaro Yeca, "Transformação", de Vopsi Moma, "Aurora", Siviandra Tiago e "A Esperança para os que Dormem", de Djamlia André.

Em declarações ao Jornal de Angola, a pintora Liana Raimundo explicou que, na  peça "O Olhar do Amanhecer", utilizou a inocência do olhar de uma criança, para transmitir o sentimento de paz às pessoas. O desenho, que também contém algumas borboletas, segundo Liana Raimundo, serve para espalhar votos de um futuro próspero.

De acordo ainda com a artista da Resiliart Angola, o objectivo é, com a peça, ajudar a alcançar o propósito da edição do festival. O quadro, disse, desperta as pessoas sobre determinados fenómenos sociais que atrapalham o desenvolvimento humano.

Por outro lado, o artista plástico JZLAR contou que na obra "Renascimento" destaca aspectos relacionados com a igualdade de género, dando um realce às mulheres pela conquista de espaço na sociedade.

Por último, Siviandra Tiago, membro da UNAP, apresentou a obra "Aurora", em que procurou transmitir esperança a todas as pessoas que se sentem oprimidas pelas questões do dia a dia. Com a "Aurora", Deusa do amanhecer na mitologia grega, a artista espera ajudar a levar boas energias às pessoas.

Dos artistas internacionais, fazem parte da exposição, pintores provenientes dos Camarões, República Democrática do Congo, Nigéria e Portugal. O congolês Bahati Mukomezi, que apresentou a obra "Dança Comigo", explicou que a mesma apela à união, através da manifestação da dança, que é uma disciplina artística conhecida por unir a sociedade.

Por outro lado, o camaronês Mohamed Mounir, que participou na exposição a convite da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), disse estar a ser uma experiência positiva.


Homenagem a Rui Mingas

O emblemático músico angolano Rui Mingas, falecido em Janeiro deste ano, é um dos homenageados desta edição do festival. A cabo-verdiana Sara Tavares e o músico americano Bill Howl N Madd também fazem parte da lista. A noite iniciou com a apresentação de um grupo musical da American School of Angola e seguiu, entre outras actuações, com o angolano Nuno Mingas, o quarteto americano Eleonor Quartet, a camaronesa Seke Time, e depois Shy e Bill Perry Junior, para a homenagem ao pai Billy Perry, músico que esteve na edição passada. O festival encerra hoje, prevendo não apenas as actuações como uma sessão de improvisação com todos os músicos presentes.

Na sua terceira edição, o Festival do Dia Internacional do Jazz assume um carácter regional na África Central, com uma participação de mais de 30 músicos estrangeiros, oriundos de países como Estados Unidos da América, Brasil, Itália, Portugal, Israel, França, Rússia, Turquia Gâmbia, Moçambique e Guiné-Bissau.

Sob a égide da Comissão Multissectorial da Bienal de Luanda – Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz, American Schools of Angola, através do seu projecto artístico denominado Resiliart, e a UNESCO, o festival de Luanda enquadra-se na 13ª  edição das celebrações do Dia Internacional do Jazz em todo o mundo, que se assinalou ontem, declarado pela Organização das Nações Unidas em 2011 como sendo "para destacar o jazz e o seu papel diplomático de unir as pessoas em todos os cantos do mundo”. Este ano, o jazz é celebrado sob o lema "Amanhecer no Mundo: Juntos pelo Crescimento Inclusivo, Educando pela Arte”.

Katiana Silva, Maria Hengo e Gil Vieira

 

 

 

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