Especial

Angelina Buanga ser mãe afectiva fez-me ver a vida noutra perpectiva

Miguel Brás

Jornalista

Devemos amar a todos", foram as palavras de Angelina Buanga, conhecida no seu bairro por Dona Gegé, “mãe afectiva” ou “madrasta” como se diz popularmente, do Augusto Luemba.

05/05/2024  Última atualização 12H22
© Fotografia por: DR

Sem algum receio, ela partilhou um pouco da sua experiência e as fases pelas quais passou para aceitar a nova realidade que lhe foi imposta. Ser "madrasta” foi desafiador no início, pois sentiu-se traída pelo parceiro. "Foi um golpe duro, mas não pude recusar, sabendo que o rapaz era órfão", revelou.

A matriarca, mãe de 6 filhos biológicos e um afectivo, enfatiza a importância da união sem fazer distinções. De forma descontraída, Angelina Buanga revelou que teve coragem graças ao apoio de familiares e amigos. "Fui encorajada por eles a aceitar o desafio", revelou.

Dona Gegé ressalta que apenas alguém com um coração puro assume o papel de mãe afectiva. "Sou uma pessoa de coração bom e abracei este papel com amor", explicou. Questionada sobre a idade do filho afectivo na época, Angelina Buanga mencionou que o rapaz tinha 9 anos.

Hoje, ela expressa um amor incondicional pelo rapaz, o que a levou a enxergar um novo significado na vida e a valorizar o próximo. "Assumir o papel de mãe afectiva me fez ver a vida sob outra perspectiva, amando os filhos dos outros como os meus. Não me arrependo de ter aceitado este desafio", afirmou.

Angelina também enfrentou pressões de terceiros para se livrar da criança, mas tomou uma decisão da qual não se arrepende. Por tudo que passou, considera que, na sociedade angolana, o papel de "madrasta” ainda é visto como um desafio, mas enfatiza a importância de superar as adversidades e fazer um esforço.

Quanto à relação com o filho afectivo, Dona Gegé descreve os desafios iniciais de adaptação devido aos diferentes hábitos e costumes. Ela enfrentou críticas e julgamentos, mas ressalta a importância de manter-se firme diante das adversidades.


Relação com mãe afectiva

Augusto Luemba, o filho de criação de Angelina Buanga, compartilha a sua perspectiva sobre a nova realidade. "Por ser adolescente naquela altura, há coisas que ouvia sobre ela, tinha algumas incertezas de como seria o nosso relacionamento. Por outro lado, teríamos de enfrentar uma nova realidade, inclusive novos hábitos e costumes", afirmou.

Augusto agradece o apoio que teve de amigos e familiares para superar os obstáculos e fortalecer o vínculo com a mãe afectiva.

Questionado sobre como foi o primeiro contacto, emocionado o jovem, contou que foi a coisa mais difícil ao longo da sua infância. "No primeiro dia que a vi, soube da nossa ida para a casa dela, senti um frio na barriga por saber que iria sair de um local no qual eu estava acostumado, para uma nova realidade. Fiquei com dúvidas: será que a mãe me vai aceitar? Muita coisa se mistura", disse.

Em relação aos irmãos de criação, Augusto enfatiza a união e a importância de não julgar antes de conhecer a realidade. Ele expressa gratidão e amor pela mãe afectiva, destacando a força do vínculo familiar.

Em vésperas do Dia das Mães, Augusto Luemba deixa uma mensagem carinhosa para Dona Gegé, expressando sua gratidão e amor por ela.

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