Economia

Angola regressa aos mercados apoiada por consolidação fiscal

Angola figura numa lista de países africanos com capacidade para honrar compromissos financeiros, reunindo condições para emitir dívida no mercado internacional, declarou a consultora britânica Pangea-Risk. num relatório enviado, ontem, aos investidores.

07/05/2024  Última atualização 08H38
Aumento dos preços de petróleo infunde confiança nos investidores © Fotografia por: DR

Entre os países nessas condições incluem-se a África do Sul, Nigéria e Egipto, que se seguem à Côte d'Ivoire, Benin e Quénia, que regressaram ao mercado da dívida depois de dois anos de afastamento, aponta a consultora.

A Pangea-Risk considera que os investidores estão mais confiantes na capacidade financeira destes países africanos para honrar os compromissos, devido à consolidação orçamental e ao apoio dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI).

"A finalização com su- cesso dos programas do Fundo Monetário Internacional (FMI) e os esforços de consolidação sustentam a melhoria na perspectiva de evolução da dívida dos países africanos”, escrevem os analistas da consultora britânica no relatório publicado sob o título "Dívida Soberana Africana: Afastando-se do Abismo”.

O documento adianta que "os Governos que mostraram as suas credenciais de finanças públicas e políticas monetárias sãs vão colher os benefícios de um reavivado interesse dos investidores nos títulos africanos neste e no próximo ano”.

 
Novos investidores

Assinado pelo analista da Acre Impact Capital Faisal Khan, o director da Pangea-Risk, Robert Besseling, e o analista da consultora Bilal Bassiouni, o artigo salienta a importância do regresso aos mercados e aponta os países do Golfo como um novo player   que procura investimentos e influência na África subsaariana.

"As nações ricas do Golfo estão a surgir como credores alternativos de último recurso nalgumas partes do continente, como demonstrado pelo enorme resgate financeiro do Egipto feito no início do ano pelos Emirados Árabes Unidos, havendo apoio já prometido da Arábia Saudita e do Kuwait”, escreve a Pangea-Risk.

"Os Estados do Golfo estão a competir por influência regional e domínio económico nalgumas partes de África, tendo investido de forma notável na energia, infra-estrutura, agronegócio, serviços financeiros e defesa”, acrescenta.

Com mais de nove mil milhões de dólares de dívida que vence no próximo ano, a África subsaariana tem vindo a fazer vários exercícios de gestão da dívida através de reestruturação ou de negociação directa sobre novos prazos de pagamento, como Angola fez com a China.

No relatório, a Pangea-Risk conclui que "o regresso aos mercados de capitais em conjunto com a trajectória descendente da média das taxas de juro, dá aos países africanos uma oportunidade de reduzir os riscos em 2025 e 2026, caso se envolverem em exercícios de dívida prudentes”, através de reuniões com os credores sobre um novo enquadramento nos pagamentos.

O FMI disponibilizou mais de 80 mil milhões de dólares a África desde 2020, entre financiamento e alocações de Direitos Especiais de Saque, tendo programas financeiros em 30 países, incluindo da CPLP, à excepção de Angola e Guiné Equatorial.


Provável emissão de mil milhões  de dólares  em Eurobonds

Há uma semana, a ministra das Finanças, Vera Daves de Sousa, anunciou que Angola deve regressar este ano ao mercado internacional com a emissão de mil milhões de dólares em Eurobonds, em coincidência com uma tendência para a descida do rendimento da dívida angolana.

A taxa de juro da dívida angolana situou-se, na semana passada, em 10,515 por cento, abaixo dos 10,523 do período anterior, sendo a quarta mais baixa de África depois da Nigéria (10,275 por cento), Gabão (10,153) e Senegal (9,686).

A trajectória de aumento dos preços e da produção de petróleo, este ano, influencia a tendência da redução dos rendimentos, sinalizando uma descida do risco de incumprimento.

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