Cultura

Benguela trabalha na classificação de pontos históricos de referência

Arão Martins / Benguela

Jornalista

O número de monumentos e sítios classificados como Património Nacional, em Benguela, pode aumentar, nos próximos tempos, com o trabalho que está a ser desenvolvido pelo governo provincial.

21/04/2024  Última atualização 12H11
No fim da palestra, foi efectuada uma visita guiada para dar a conhecer a diversidade do acervo existente no Museu Nacional de Arqueologia em Benguela © Fotografia por: Arão Martins | Edições Novembro

A directora provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, em Benguela, Rosária Tchitali, disse, ontem, ao Jornal de Angola, que a província tem, actualmente, mais de 80 monumentos e sítios, entre classificados e catalogados. O governo local, explicou, trabalha para elevar as novas propostas pelo valor histórico do património nacional.

Falando à margem de uma palestra sobre o "Dia Internacional dos Monumentos e Sítios”, decorrida no Museu Nacional de Arqueologia em Benguela, referiu que são vários locais a necessitarem de uma classificação.

Rosária Tchitali, que se dirigia para uma plateia de alunos de diversas instituições de ensino público e privado, exemplificou que, à semelhança do que està a acontecer com a Igreja da Nossa Senhora de Fátima (Sé Catedral) e a Igreja de Nossa Senhora da Nazaré, existem outros lugares que estão catalogados e as autoridades locais estão a trabalhar junto do Ministério da Cultura para os classificar.

Sobre a palestra, a oradora explicou que o objectivo é transmitir conhecimentos aos estudantes sobre a importância da preservação e conservação dos monumentos e sítios existentes na província.

Segundo a interlocutora, há situações em que são os próprios jovens que  vandalizam o património. "Esse é um alerta para que os estudantes possam saber da importância da preservação e conservação dos monumentos e sítios, por fazerem parte da história e da identidade cultural da província”, disse.

Rosária Tchitali alertou que com a destruição deste património "estaremos a apagar a nossa historia”. A directora provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos, interrogada sobre o estado actual dos monumentos e sítios de Benguela, enalteceu o trabalho que o Executivo tem desenvolvido com a reabilitação do património local. Esse exercício, garantiu, está a contribuir para a manutenção, conservação e preservação do acervo existente.


Monumentos  e Sítios são classificados e catalogados

A directora provincial da Cultura referiu que o Museu Nacional de Arqueologia já está classificado e estão catalogados o Cine Monumental, a casa do administrador no município da Catumbela, a Capracinha e Ndondelo 1 e 2.

Nos municípios do litoral, disse, estão catalogadas a Igreja da Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Nazaré e outros monumentos.

Sobre o estado actual dos monumentos e sítios classificados pelo Governo da Província de Benguela, Rosária Tchitali destacou as obras em curso que estão a permitir dar maior dignidade ao património cultural local. "Tínhamos boa parte dos monumentos e sítios classificados num estado degradado. O Executivo está a trabalhar  para a preservação e conservação” dos mesmos, enalteceu.

Numa primeira fase, garantiu, o trabalho de manutenção e restauro do Património Nacional Cultural passa pela recuperação dos monumentos e sítios com o menor grau de degradação e os mais representativos.

A responsável frisou que entre as prioridades estão a ser reabilitados o Museu Nacional de Arqueologia e o Cine Monumental. Na segunda fase, garantiu, vão incluir, também, o Museu Regional de Etnografia, no Lobito.


Reabilitação do barco "Zaire” uma aposta do Governo local

A falta de manutenção e a brisa marinha carregada de salitre estão na base do avançado estado de degradação do barco "Zaire", um dos principais monumentos históricos da cidade do Lobito, província de Benguela.

O barco está localizado no bairro da Restinga, zona privilegiada do Lobito, em que a baía junta-se ao mar alto, transformando-se numa atracção turística muito procurada por estudantes, governantes, pessoas singulares e turistas nacionais e estrangeiros.

O estado actual do barco é preocupante, na medida em que o casco já está completamente coberto de ferrugem e fissuras. Sob responsabilidade do Museu de Etnografia da cidade ferro-portuária, o barco "Zaire” tem como mais alta referência o transporte do antigo Presidente José Eduardo dos Santos, acompanhado de outros nacionalistas, no dia 7 de Novembro de 1961, com destino ao Congo Léopoldville, actual Congo Democrático, no âmbito da luta armada.

De acordo com arquivos do Museu, os sete passageiros que viajavam clandestinamente naquele barco através do rio Zaire, o mesmo nome com o qual  foi baptizado, chegaram ao destino no dia 14 de Novembro, tendo passado coincidentemente sete dias a navegar.

A directora provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desportos em Benguela, Rosária Tchitali, anunciou que as autoridades estão a trabalhar no projecto de reabilitação do barco e biblioteca "Zaire” nos próximos tempos. Reconheceu a importância do monumento para a história da cidade.

A directora provincial da Cultura afirmou que o barco se encontra num estado de degradação preocupante e deixou de ser um cartão postal para ser apresentado aos turistas.

De acordo com Rosária Tchitali, o barco "Zaire” é histórico, por ter transportado alguns nacionalistas e precisa de uma reabilitação, para a conservação e preservação.  "Por essa e outras questões, aquele barco é um monumento histórico, e deve ser reabilitado”, garantiu.

Apesar do actual estado de conservação do barco, disse, muitas pessoas ainda o visitam, para trabalhos de pesquisa e conhecer melhor a sua história. De acordo com a responsável, existem várias obras em curso e à medida que umas terminam, começam outras, mas  sem avançar ainda uma data prevista para o arranque das obras de reabilitação do barco "Zaire”.

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