A província de Cabinda vai passar a receber energia da Rede Nacional, a partir da cidade do Soyo, Zaire, para se descontinuar a utilização das centrais térmicas, por serem grandes consumidoras de combustíveis fósseis inimigas do ambiente.
"Estamos a trabalhar numa solução inédita para levar a energia da Rede Nacional para Cabinda, a partir do Soyo, e, com isso, descontinuar a utilização das centrais térmicas, que são grandes consumidoras de combustíveis fósseis inimigas do ambiente”, destacou o líder do MPLA.
Ainda sobre o sector da Energia, João Lourenço destacou os vários investimentos em fase de execução e os programados, tais como a Barragem Hidroeléctrica de Caculo Cabaça, os projectos Bita e Quilonga, para o reforço do abastecimento de água a Luanda, que está com mais de 12 milhões de habitantes, e os grandes projectos de armazenamento de água, como o da Cova do Leão, Ndue e Calucuve, no Cunene, e Curoca, Curunjamba, Giraul, Inamangando, Bero e Bentiaba, no Namibe.
Apesar de a Barragem Hidroeléctrica de Caculo Cabaça não estar, ainda, concluída, o presidente do MPLA referiu que o país já está a produzir cerca de seis mil e quatrocentos Megawatts, dos quais consume apenas metade.
"Isso chama-nos a atenção para a necessidade de, para além daqueles projectos de produção de energia já contratados, haver a necessidade de priorizarmos, a partir de agora, o investimento, de preferência privado, na transportação e distribuição da energia produzida, para que possamos aumentar o consumo industrial e doméstico e vender energia para os nossos vizinhos, injectando-a na rede da SADC, a Sul do nosso país, assim como transportar para a região do chamado Coperbelt, na Zâmbia, numa extensão de 1.300 quilómetros a partir de Laúca”, referiu.
João Lourenço ressaltou que, não obstante as infra-estruturas serem, em regra, dispendiosas, levando anos a serem construídas, são necessárias para o desenvolvimento económico e social do país.
O
presidente do MPLA disse ser por isso que o Executivo tem o ambicioso programa
de construção e reabilitação de infra-estruturas portuárias, aeroportuárias,
rodoviárias, de comunicações, telecomunicações e espaciais, aproveitamentos
hidroeléctricos e parques fotovoltaicos (para a produção de energia eléctrica),
canais e barragens de armazenamento de água (no quadro do combate aos efeitos
da seca no Sul do país), sistemas de captação e tratamento de água, refinarias
de petróleo, unidades hospitalares e infra-estruturas escolares, desportivas,
culturais, habitação social, entre outras.
Assegurado reforço ao Ensino Superior
No domínio do Ensino Superior, o presidente do MPLA indicou que o Executivo vai reforçar a atenção ao Ensino Superior, não só com a construção de novas infra-estruturas para universidades e institutos superiores, como à formação e admissão de mais profissionais, sobretudo com uma melhor valorização da carreira docente universitária.
Referindo-se aos investimentos ao sector da Saúde, o líder do MPLA, bastante ovacionado pelos membros do Comité Central, à entrada para a reunião, reiterou que o Executivo vai continuar a revolucionar este sector em todos os escalões de atendimento.
Por outro lado, disse ser evidente que, para garantir a saúde dos angolanos, é necessário, também, que se preste maior atenção ao saneamento básico das cidades e vilas, melhorar a dieta alimentar dos cidadãos, através do aumento da produção interna de bens alimentares, de cereais, oleaginosas, tubérculos, hortícolas, frutas, carnes e peixe, esforço que, como sublinhou, vem sendo feito pelos "nossos” agricultores e fazendeiros, sobretudo pelos camponeses no quadro da agricultura familiar.
"Precisamos,
também, de continuar a fomentar a prática do desporto na nossa juventude,
promovendo o desporto de bairro e o desporto escolar”, frisou.
O mundo está a viver um momento desafiador
Sobre a política externa, o líder do MPLA referiu que o mundo está a viver um momento desafiador que não pode deixar ninguém indiferente, pelo facto de estar o destino e o futuro de toda a Humanidade em perigo, não só pelas rápidas e crescentes alterações climáticas, mas, sobretudo, pela real ameaça à paz e segurança mundiais, com os conflitos em curso em África, na Ásia, na Europa e no Médio Oriente.
João Lourenço, que ostenta, neste momento, o título de Campeão para a Reconciliação e Paz em África, atribuído pela União Africana, como reconhecimento do seu empenho para a pacificação do continente, salientou que a invasão e anexação de territórios da Ucrânia, pela Rússia, é algo que viola e fere, gravemente, a Carta das Nações Unidas, o Direito Internacional, a sã convivência entre as nações e a paz conquistada com muito sacrifício pelas forças aliadas ao derrotar o nazismo em 1945.
Referindo-se ao velho conflito israelo-palestino, ressaltou que o mesmo atingiu, hoje, níveis de crueldade jamais imaginados e a tentativa de um eliminar o outro não é realista, por muito que uma das partes confie no poderio militar que tem ou que pode mobilizar dos seus aliados.
"A solução de dois Estados soberanos, o de Israel e o da Palestina, a conviverem pacificamente lado a lado é a única viável e aconselhada e quanto mais tempo se levar a se criar e reconhecer o Estado da Palestina, maior será o sofrimento de ambos os lados, de ambos os povos”, alertou o estadista angolano.
João Lourenço referiu que o escalar do conflito, para toda a região, que se temia poder vir a acontecer em qualquer momento, já está, de alguma forma, a acontecer realmente e a pressagiar o pior cenário possível se não se conseguir convencer a todos os actores, sobretudo a Israel e o Irão, para a máxima contenção.
O Campeão para a Reconciliação e Paz em África disse que o momento exige a sabedoria e coragem necessárias por parte dos líderes mundiais, das organizações internacionais e das Nações Unidas, para que sejam tomadas as medidas que o momento requer para se pôr fim definitivo aos diferentes conflitos em África, na Ucrânia e no Médio Oriente, assim como restabelecer e consolidar a paz duradoura para a Europa, criar-se o Estado soberano da Palestina e fazer do Médio Oriente uma região de paz e concórdia entre os povos, que contribua, realmente, para a paz e segurança mundiais.
A VI
Sessão Ordinária do Comité Central do MPLA, que se dedicou à abordagem de
questões concretas do panorama nacional que impactam na vida quotidiana dos
cidadãos, assim como de questões internas do partido, foi antecedida de uma
reunião do Bureau Político, também orientada por João Lourenço.
João Lourenço destaca empenho da PGR no combate à corrupção
O combate à corrupção e recuperação de activos também foi destaque na intervenção do presidente do MPLA, tendo, sobre esta matéria, destacado as acções levadas a cabo pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para reaver os valores e outros activos subtraídos ao Estado, de forma ilícita, que se encontram espalhados em várias partes do mundo.
"Ouvimos ontem (quinta-feira) as declarações públicas do procurador-geral da República quanto aos esforços que a PGR está a fazer para a execução da pena contra um cidadão angolano que tem activos de quase dois mil milhões de dólares americanos em diferentes países e que, de acordo com a sentença do tribunal angolano, revertem a favor do Estado angolano”, realçou.
Sobre este particular, João Lourenço disse que o Estado angolano está a trabalhar, desde Dezembro de 2023, com as autoridades da Confederação Helvética da Suíça, país onde grande parte desses recursos estão domiciliados em bancos, sem que, até a presente data, tenha conseguido tê-los em sua posse.
A esse respeito, lembrou que o Executivo angolano é soberano para decidir o destino a dar a esses recursos, ficando, "obviamente", sujeito ao escrutínio das entidades angolanas competentes definidas na Constituição e na Lei.
No quadro do mesmo combate à corrupção, João Lourenço lembrou que o país já conseguiu recuperar, a seu favor, 500 milhões de dólares americanos, que se encontravam em bancos do Reino Unido. "Na ocasião, agradecemos as autoridades britânicas pela celeridade na devolução dos activos, mas, sobretudo, por terem confiado na idoneidade e seriedade do Executivo angolano e respeitado a nossa soberania”, ressaltou.
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