Cultura

Confirmada a genialidade dos músicos tocoístas do Lobito

Maria Hengo

Jornalista

Ao som de canções como “Yisso Kuina Zioni” e “Yesu”, “Maiomana”, os fieis da Igreja Tocoísta realizaram, domingo, a primeira edição da “Roda do Nkembo”, no Largo da Tondinha, adjacente ao Parque da Independência.

20/02/2024  Última atualização 09H10
Coristas Horácio Gomes e Zinga Sona participaram no evento © Fotografia por: João Gomes | Edições Novembro

O evento esteve enquadrado nas celebrações do aniversário do Profeta Simão Toco e ficou marcado com a actuação da Banda Vozes e Sons do Israel do Lobito, com uma proposta do Nkembo Clássico.

As cinco horas de música ao vivo que preencheram tiveram o intervalo das orações de abertura e encerramento pelos líderes religiosos. O espaço acolheu fieis da Igreja Tocoísta e de outras denominações religiosas, ávidos em apreciarem e testemunharem o Nkembo, a proposta musical para adoração dos Tocoístas.

O evento foi épico e marcado por várias músicas instrumentais e cantadas, quase todas acompanhadas com passos e coreografias chamadas de nkembelar.

Um dos primeiros momentos foi a subida de alguns veteranos do estilo para manter a originalidade do "Yisso Kuina Zione”, música muito conhecida no meio tocoísta.

Domingos Xito foi o primeiro a subir ao palco com o suporte da banda em serviço e provocou a primeira agitação, fazendo circular as pessoas em roda. No segundo momento aconteceu o "reencontro dos que nunca foram”, expressão usada para definir os filhos do nkembo, conhecidos fora da igreja.

Lito Graça, na bateria, Mias Galhetas, no baixo, e uma selecção de guitarristas para o solo e ritmo, com destaque para Teddy Nsingui, Kintino, Paulino Virgílio e Domingos Xico. Nas cores Horácio Gomes e Zinga Sona. Foi o reviver dos velhos tempos quando aprenderam a tocar o nkembo.

Lobito é capital do Nkembo

O encerramento com a Banda Vozes e Sons do Israel do Lobito provou que o Lobito é a capital do Nkembo, tendo justificado a participação como os convidados especiais.

O coral vindo do Lobito optou por começar com Nkembo dos anos 1960 a 1970, para manter a originalidade da dança e mostrar ao público a verdadeira raiz do estilo.

Abraão Paulo, responsável provincial de cultura de Benguela, esclareceu que "em Luanda toca-se o Nkembo dos anos 1990, mas nós queremos mostrar algo muito diferente, aquele que chamamos de Nkembo do Papá Simão”.

De seguida aplaudiu a iniciativa da organização. "O Nkembo é um marco para os tocoístas e simboliza uma dança espiritual, que foi sempre perseguido, mas a medida que fossem mortos apareciam mais pessoas. O nkembo significa vida e, actualmente, uniu vários estilos musicais”, reforçou.

O director artístico e porta-voz da organização, Yark Spin disse que o nkembo influencia outros estilos musicais. Quanto ao reconhecimento do estilo, Yark Spin, disse que têm trabalhado no sentido de reconhecer o estilo a nível nacional. "Se olharmos para 70 por cento dos guitarristas no país, iremos constatar que maior parte é tocoísta, esta é a influencia que o nkembo tem, todos eles saíram do nosso meio”, disse.

Lito Graça, que cresceu na Igreja Tocoísta, frisou que a Roda de Nkembo foi um concerto de consolidação do género e dos ritmos e que as pessoas viram o real significado dela. "O Nkembo significa vida porque também faz parte da minha génese, é um estilo que ganhou espaço e tem mantido a originalidade até os dias actuais”.

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