Desporto

Desperdício da águia evita humilhação dos petrolíferos

Betumeleano Ferrão

O nulo foi bom demais para aquilo que o Petro de Luanda fez, sábado, diante do TP Mazembe.

31/03/2024  Última atualização 09H03
Pupilos de Alexandre Santos decidem eliminatória em Luanda © Fotografia por: facebook Petro de Luanda

A bem da verdade, a primeira mão dos quartos-de-final poderia ter dado o vencedor antecipado da eliminatória, se a águia do Congo tivesse visão aguçada para enxergar pontaria, nas várias oportunidades que teve para marcar e ganhar com alguma margem folgada.

A goleada de remates do TP Mazembe não foi nada enganadora, foram mesmo 28 chutes das águias, contra dois dos tricolores, mas para felicidade do Petro apenas quatro remates tentaram chegar ao alvo, mas sem causar muito perigo, em parte porque quando o guarda-redes Hugo não encurtava o tamanho da baliza, aparecia sempre o pé de um defensor para bloquear ou desviar o remate adversário.

Embora seja discutível, se a carreira de tiro da águia foi consequência da estratégia tricolor, é justo reconhecer que durante boa parte do jogo só uma equipa apareceu em campo com vontade de vencer.

Mais do que o embalo do factor casa, o TP Mazembe buscou marcar cedo para forçar o Petro de Luanda a correr atrás do prejuízo, a intenção era clara demais, forçar o campeão nacional a abrir brechas defensivas na hora de procurar o empate.

Como não conseguiu balançar as redes de Hugo, claramente, o TP Mazembe teve sérias dificuldades de entender onde estava o problema da finalização. Sempre que pudesse buscou pisar fundo no acelerador para chegar o mais rápido possível ao último reduto tricolor, como o apressado come cru, a pressa foi realmente inimiga intragável, porquanto o grito do golo ficou encravado na garganta de todos os seus ansiosos adeptos.

A pressão de alegrar na plenitude os mais de 18 mil que lotaram o estádio afectou o rendimento ofensivo da águia do Congo, o seu voo rasante parecia que tinha apenas como objectivo criar algum suspense em campo.

A equipa buscou, mas nem sempre tentou variar o método para ser feliz, talvez por que todos concluíram o mesmo, num dado momento houve o ledo engano que qualquer um tinha capacidade de resolver.  O Petro de Luanda não ficou a ver a banda a passar, mas pagou o preço da teoria da cabeça sem corpo, é por isso que teve sérias dificuldades de sobressair no relvado tanto quanto deveria. O pulmão de Jarede foi determinante para manter em sentido a tímida defensiva do TP Mazembe, a velocidade e o poder de improviso de Jarede tornaram-se na insuportável dor de cabeça, que fez a águia temer de morte num golpe de eficácia do ataque tricolor. A falta de pontaria de quem jogava em casa causou enorme apreensão nas bancadas, para piorar, quem falhava achou que estava sob alguma maldição, só assim se compreende por que um jogador do TP Mazembe achou que bastava cumprir o ritual de entrar na baliza de Hugo e abanar as redes para haver golo. Infelizmente, para ele o esférico nunca teve o rótulo certo porque a ansiedade estava a estorvar o que parecia fácil de fazer. Sem esgotar as substituições, ficou uma por fazer, o técnico Alexandre Santos acabou por irritar ainda mais o adversário, mesmo quando o TP Mazembe parecia a única equipa em campo o treinador tricolor usou o efeito burlesco, ou seja, o seu olhar "cúmplice" não foi correctamente entendido no ninho da águia.

Ainda bem que Alexandre Santos evitou irritar ainda mais os seus atletas, não transmitiu energia negativa para dentro do relvado, confiou demais na capacidade dos seus jogadores, deixou que eles também fizessem parte da solução do problema que estavam a criar, ao permitirem que o TP Mazembe tivesse tempo e espaço para realizar sucessivas vagas de ataques. A serenidade do banco contagiou a equipa em campo para segurar o nulo até ao fim!

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