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Dia Mundial da Mãe Terra: Apelo para a redução do uso de plástico no centro das atenções

Celebra-se, hoje, o Dia Mundial da Mãe Terra, com o tema "Planeta versus Plástico", marcado por pedidos de centenas de milhares de pessoas para se consolidar uma aliança global a fim de se agir, inovar e implementar medidas para proteger o meio ambiente.

22/04/2024  Última atualização 07H43
Data visa criar uma consciência comum aos problemas da conservação da biodiversidade para proteger o Planeta © Fotografia por: DR

A iniciativa visa destacar a importância do nosso planeta e a conservação dos ecossistemas em todos os continentes e oceanos.

A organização Earth Day Network(Rede do Dia da Terra), que trabalha na defesa do meio ambiente, lembra que actualmente são produzidas 380 milhões de toneladas de plástico por ano, e apenas 9% disso foram recicladas.

Com o slogan "Planeta versus Plástico", a organização pede uma redução de 60 % no uso desse material até 2040 para ajudar a solucionar a mudança climática.

Para hoje, estão programadas milhares de acções com um impacto real sobre o nosso meio ambiente: acção climática para o respeito e cuidado dos recursos naturais como a água ou as florestas, bem como para a redução das emissões de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global e as mudanças climáticas.

Acções para banimento do plástico em Angola

Angola prepara-se para proibir o uso do plástico, seguindo normas internacionais, tendo já iniciado esforços e medidas para esse fim.

Segundo dados da Agência Nacional de Resíduos, em 2022 foram produzidos e distribuídos mais de quatro biliões de sacos plásticos, maioritariamente utilizados para engarrafamento de água e sacolas de supermercado.

Em 2022, o Presidente da República, João Lourenço, criou um Grupo de Trabalho Multidisciplinar para elaborar o Plano Nacional de Banimento dos Plásticos, coordenado pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República.

A decisão surgiu face aos  "preocupantes índices de poluição decorrentes da utilização dos plásticos em geral, cujo modo de produção e utilização não encontra regulação na legislação interna” do país.

O grupo está a preparar um programa de sensibilização e educação, que permitirá às comunidades, famílias e pessoas singulares reflectirem, seriamente, sobre a insustentabilidade do uso de plásticos, em termos ambientais.

No país, ainda não existe qualquer limite ao uso de sacos de plástico, sendo exemplo disso as toneladas que enchem as valas de água que atravessam a cidade de Luanda, ou outras, ou ainda nas praias, sempre que chove com mais abundância.

A ministra do Ambiente, Ana Paula de Carvalho, coordenadora-adjunta do Grupo de Trabalho Multidisciplinar, informou, recentemente, que o grupo tem trabalhado arduamente e, em breve, serão tomadas medidas, que devem vir acompanhadas de um diploma legal. "Medidas que, certamente, muitos países já implementaram e Angola já vai um pouco atrasada”, disse. O que mais preocupa o sector, segundo a ministra do Ambiente, são os sacos plásticos de uso único que, na sua maioria, são dados ou vendidos nas grandes superfícies comerciais e supermercados.

 

História do Dia da Terra

O Dia da Terra teve origem nos Estados Unidos, em 1970, como resultado de movimentos sociais e estudantis que surgiram naquele país, no fim dos anos 60. No entanto, somente no dia 22 de Abril de 2009, o Dia Internacional da Mãe Terra foi celebrado pela primeira vez como um evento internacional, instituído pela Assembleia Geral das Nações Unidas, por meio da Resolução 63/278.

Essa demora, em se tornar um evento universalmente reconhecido, indica que a protecção ambiental não foi uma prioridade até ao século XXI, quando os efeitos das mudanças climáticas e a perda da biodiversidade na Terra já estavam avançados e claramente evidentes.

Nos anos anteriores, existiram alguns passos prévios como a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em 1972, a organização da primeira Cimeira da Terra no Rio de Janeiro (Brasil) em 1992 e a declaração do Ano Internacional da Terra, em 2008.

A data existe para criar uma consciência comum aos problemas da contaminação, conservação da biodiversidade e outras preocupações ambientais para proteger a Terra.


Ambientalista diz ser preciso "pensar mais no planeta”

O ambientalista Vladimiro Russo disse que o lema escolhido para este ano, "Planeta versus Plástico", leva a olhar para as acções humanas, no que toca aos efeitos negativos do plástico no planeta terra.

"A celebração deste ano vem acompanhada da meta para a redução na quantidade de plástico que existe, a nível do planeta, reduzir em 60 por cento a produção do plástico até 2040, substituindo-o por outras formas de acondicionamento de matérias como o pano, papel e os sacos de plásticos duradouros reutilizáveis”, disse.

Para Vladimiro Russo, a data serve também para que, enquanto indivíduos, analisemos qual o nosso papel na gestão do plástico, no dia-a-dia, e sua influência na saúde humana e animal.

No que toca às acções que poluem e degradam o planeta terra, o ambientalista lembrou que, nos últimos 10/12 anos, foram realizadas várias conferências sobre o clima, em que foram apresentadas soluções, mas que não são implementadas por diversas razões.

 
Falta de vontade política

Entre essas causas, citou a falta de vontade política por parte dos governos, além de lobbys de determinadas indústrias, tanto a nível do sector privado como do Estado, que emitem, em grandes quantidades, gases para atmosfera sem, com isso, alcançarem as metas aprovadas.

O também director da Fundação Kissama falou igualmente da falta de recursos financeiros, principalmente, nos países em vias de desenvolvimento, que não têm a capacidade de fazer as alterações tecnológicas necessárias, para reduzirem a quantidade de gases de efeito de estufa emitidos na atmosfera.

"Apesar das várias propostas, a nível das Conferências das Partes, como a última realizada no Dubai, onde houve a proposta de os países menos poluidores receberem um fundo de cem mil milhões de dólares para mitigar os efeitos, mas isto não está a acontecer”, disse.

Por outro lado, acrescentou, há, também, a falta da capacidade tecnológica e de recursos humanos para intervirem em determinadas áreas.

"Não basta só os Estados terem os recursos, mas que estejam, também, preparados do ponto de vista de transição energética, mobilidade humana, a partir do uso de transportes públicos, descarbonização da economia, educação, inovação, entre outros.

"Infelizmente não há, ainda, essa capacidade em muitos países para que possam ir ao encontro das principais metas estabelecidas internacionalmente”, lamentou.

Não havendo cumprimento das medidas, particularmente, para aqueles que são os assuntos globais, como o caso das alterações climáticas, sublinhou, o planeta corre fortes riscos e muitos dos efeitos negativos já se fazem sentir em algumas zonas do globo. 

"Se não há cumprimento por parte dos países com grande impacto na biodiversidade e no clima, automaticamente estão em perigo os esforços dos outros países, uma vez estes impactos serem de efeitos globais e as alterações climáticas são efeito disso, principalmente nos países banhados pelos oceanos”, alertou.

Acções amigas do ambiente

O ambientalista apelou para que, nesta data, cada um ver como desenvolver as suas acções sem perigar o ambiente.

 "Podemos sempre primar por soluções ou atitudes simples como o desligar as luzes quando não necessitamos, fechar as torneiras quando não utilizamos, caminhar quando não é necessário utilizar meios de transporte que emitem gases poluentes, reduzir ou cortar o consumo do plástico de uso único, entre outras acções”.

Desta forma, disse, pode-se sensibilizar e educar as populações e, com isso, ajudar a transformar as sociedades para que sejam mais sustentáveis.

Manuela Gomes

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