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Diakaté apura Elefantes no tempo de compensação

Jorge Neto, em Abidjan

Jornalistas

O avançado Diakaté foi o grande herói da vitória da Selecção da Côte d'Ivoire sobre o Mali, sábado nos quartos-de-final do CAN' 2023, organizado no seu país, ao marcar o golo decisivo no tempo de compensação, aos 120+2 minutos.

04/02/2024  Última atualização 10H53
Diakaté, aos 120+2 minutos, fechou as contas da qualificação, com um desvio sublime e foi expulso © Fotografia por: DR

O penálti anulado a Niakaté pelo VAR, aos 11 minutos, era um claro sinal de que o jogo seria bastante difícil para o emblema da casa, que mesmo diante do seu público enfrentou um adversário que deixou tudo em campo.

O sufoco não parou por aí. Aos 17 minutos, Noss Traoré desperdiçou uma soberana oportunidade para adiantar os malianos no marcador, ao falhar um penálti.

Parecia que tudo corria mal para os ivoirienses, que ficaram reduzidos a dez jogadores a partir do minuto 43, dada à expulsão de Koussounou, após a acumulação de cartões amarelos.

Nas bancadas, o público teve de entrar em cena e jogar o papel pelo qual os jogadores esperavam. Os cânticos vindos das bancadas eram o suporte que Franck Kessié e companheiros precisavam para reverter a desvantagem numérica.

Em causa estava o passe às meias-finais do Campeonato Africano das Nações e todo o apoio moral era bem-vindo para aguentar a pressão das Águias motivadas.

No segundo tempo, Nené, aos 71 minutos, não perdoou e calou o Estádio da Paz de Bouaké, com um golaço! O jogador preferiu não festejar, em respeito aos adeptos da equipa da casa.

A missão tornou-se mais difícil ainda para os Elefantes, que tinham de reverter a desvantagem numérica e no marcador. Com o tempo a decorrer, começou a surgir alguma ansiedade tanto entre os jogadores quando entre os adeptos nas bancadas, apelando aos "deuses" para o golo da igualdade.

A cabeçada de Diakaté, aos 82 minutos, fez o público gritar pelo tão ansiado tento. A impressão foi essa, mas o desvio passou rente a baliza dos visitantes. A pressão foi aumentando para os malianos, que se defendiam com segurança e incomodavam o último reduto dos ivoirienses quando podiam.

Contudo, Adingra, aos 90 minutos, fez estremecer o estádio de alegria, com o golo da igualdade. Deste jeito, renasceu a esperança dos Elefantes num resultado positivo.

No prolongamento, aos 90+5', de cabeça, Haller, mandou a bola "beijar" o travessão da baliza dos malianos. Regressados aos últimos quinze minutos, as Águias protagonizaram uma jogada que cortou a respiração do público. A bola foi desviada por um defesa ivoirienses, passando rente ao poste.

No tempo de compensação, Diakaté, aos 120+2 minutos fechou as contas da qualificação, com um desvio sublime e foi expulso, por ter festejado sem a camisola. Viu o cartão vermelho por acumulação, mas a sua selecção segue em frente na competição.

 
Williams apura Bafana Bafana

A inqualificável exibição do guarda-redes Williams na lotaria dos penáltis foi determinante para a África do Sul avançar às meias-finais. Irrepreensível ao defender quatro pontapés dos Tubarões Azuis, o capitão dos Bafana Bafana foi a chave que fez girar a lingueta do apuramento por 2-1, depois do nulo verificado ao longo dos 120 minutos, ou seja, o tempo regulamentar mais os 30 do prolongamento.

A espantosa actuação do capitão Williams manteve vivos os Bafana Bafana ainda no tempo regulamentar. Algumas das defesas que fez ajudaram a impedir que os Tubarões Azuis nadassem para a vantagem.

O inverso também aconteceu, em dois momentos seguidos, Vozinha imitou o comportamento do seu homólogo e evitou que os sul-africanos fizessem a festa mais cedo, num jogo muito emotivo, que poderia ser decidido ainda no tempo regulamentar, mas faltou pontaria aos avançados das duas equipas.

A África do Sul mede forças quarta-feira, às 18 horas, com a Nigéria nas meias-finais do CAN. O outro desafio será às 21h00, entre Côte d'Ivoire e República Democrática do Congo.

Ivoirienses celebram presença nas "meias”

Uma emoção incontida dominou, ontem, o ambiente vivido em todo o país, em especial nas cidades de Boauké e Abidjan, dada a qualificação sofrida da Selecção da Côte d'Ivoire, a dois minutos do final do prolongamento.

O golo de Diakaté, aos 120+2', lavou a alma dos eufóricos adeptos ivoirienses, que praticamente não dormiram até o sol raiar. Os festejos espalharam-se rapidamente pela cidade, com buzinas, músicas e gritos de alegria. A vitória teve um sabor especial por ser de reviravolta, 2-1, e pelo facto dos Elefantes  terminarem o jogo com menos dois jogadores.

Os carros serviram de suporte para mostrar a satisfação dos adeptos.

Os pupilos de Emerse Faé seguem para as meias-finais, onde vão defrontar a República Democrática do Congo, na próxima quarta-feira.

Mais uma vez os Elefantes arranjaram forças onde ninguém mais contava para derrotar as   Águias, numa reviravolta épica, que só não deitou lágrimas quem esteve ausente dos acontecimentos no Estádio da Paz de Bouaké.

A noite foi longa para os adeptos ivoirienses, que encheram os bares, cantinas, fan zone, ou seja, onde quer que desse para acompanhar o jogo com o Mali, orientado por Éric Chelle, que no final terá passado mal, inconformado com a derrota a dois minutos do final. O técnico baixou-se para que lhe fosse colocado água na cabeça por um dos membros da sua equipa técnica.

Dentro do campo, após o último apito, os jogadores malianos culparam o juiz egípcio, Mohamed Adel, pelo resultado negativo, causando um ambiente hostil para o homem das regras.

Escoltado por um membro da equipa técnica maliana, que impedia que os jogadores se aproximassem do árbitro, ainda teve tempo para mostrar o cartão vermelho a um atleta das Águias.

O país está unido em torno dos Elefantes e cada jogo é encarado como uma final. Várias foram as mensagens de felicitações feitas por ilustres figuras do país, reconhecendo o dever cumprido dos Elefantes, numa noite de sonhos.

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