O presidente da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), Dom José Manuel Imbamba, reconheceu, sábado, no município de Caungula, província da Lunda-Norte, que ao longo dos 22 anos de paz e reconciliação nacional, o país conseguiu alavancar muita coisa, mediante à criação de boas infra-estruturas, tendo apontado a ausência da construção da mentalidade humana como o “elo mais fraco“ nesta importante caminhada para a construção integral da vida dos angolanos.
O arcebispo católico sublinhou que o desenvolvimento deve ser fruto de uma justiça social equitativa, que promova, essencialmente, o bem-estar e o progresso, visando o cresimento com incentivo ao mérito
Aida Domingos Sebastião é filha de Domingos Sebastião e de Nsamba Pedro e nasceu no Cazenga, Luanda, a 7 de Julho de 1995. “Tenho 9 irmãos, sou a quinta filha dos meus pais e venho de uma família que enfrentava muitas dificuldades financeiras”, introduz-se, para continuar: “Por este motivo, tornei-me a mulher que sou hoje, mãe de 3 filhos.”
Aida Domingos Sebastião recorda-se de que, em 2000, a família enfrentava muitas dificuldades. "A minha mãe passou muito mal quando o meu pai viajou para a Lunda à procura de melhores oportunidades para garantir condições financeiras para a família, mas sem sucesso.”
A mãe sempre foi uma mulher "com garra em termos de negócios”. ”Ela vendia sempre para que não faltasse o que comer, para nós era o mais importante, mas no decorrer do tempo eu fui vendo que precisávamos de ter uma formação, esta foi a maior dificuldade que tivemos, mas ainda assim ela lutava para, pelo menos, pagar as propinas, começávamos o ano lectivo mas infelizmente não terminávamos por falta de meios financeiros, o dinheiro chegava quase só para comer, sem apoio do pai, porque ele ficou muitos anos distante de nós.”Muitas vezes, Aida Domingos Sebastião e a família não tinham o que comer. "Em 2003, o meu pai regressa a Luanda, depois de muito tempo na Lunda sem sucesso. No mesmo ano mudámos para o Kikolo, vivemos lá 2 anos, e voltámos para o Cazenga-Mabor para casa do meu avô, pai da minha mãe, por falta de meios financeiros.” Dois anos depois, os pais conseguiram comprar um pequeno terreno no Kikolo Chendovava. "Com bastante sacrifício, os meus pais conseguiram levantar a casa. Depois o meu pai conseguiu colocar as chapas num quarto apenas e nos mudámos. Os meus pais dormiam naquele quarto e nós, como filhos, dormíamos em casa de um vizinho que tinha alguns quartos de fora. Fomos vivendo com bastantes dificuldades, lembro-me das vezes em que jantámos funje com água salgada e um bocadinho de peixe para matar a fome. A dificuldade de estudar numa escola pública era muito grande, na altura o meu pai não se esforçava para registar os filhos, infelizmente! Eu fui crescendo vendo as nossas dificuldades, sem apoios de ninguém. Em todo este processo, a minha mãe sempre nos ensinou a vender. Eu e a minha irmã mais velha ficávamos na bancada a vender, enquanto a minha mãe fazia outras actividades, aí fui aprendendo...”
Depois de toda a experiência adquirida de como fazer um negócio, Aida sente a necessidade de fazer o seu próprio negócio, com cerca de 8 anos de idade. "Sempre que fôssemos aos domingos vender com ela, eu apanhava tomates, cebola, cenoura para vender, foi assim por muito tempo, depois descobri a fonte do carvão, apanhava-o carvão na praça do Kikolo”, prossegue com as lembranças.
"Às vezes tinha de varrer os camiões que descarregavam os sacos de carvão, e recebia-o carvão como pagamento. No final do dia voltava para casa com os meus trocos com a finalidade de ajudar os meus irmãos. Foi um tempo muito difícil, mas nunca desisti, porque sabia do que nós precisávamos. Sempre que eu fosse ao mercado apanhar o meu negócio, o meu pai batia-me muito, mesmo assim não desistia, a fome levou-me a desobedecer ao meu pai.”
Num domingo "estávamos todos em casa e não tínhamos o que comer, levantei-me cedo, fui à praça apanhar carvão para vender e, no final do dia, levei jantar para casa, mas com medo de levar uma boa surra”, continua a recordar. "Quando ia a chegar com as compras, escondi-me numa esquina a ver se o meu pai estava no quintal, olhei, e vi-o ali bem sentado,respirei fundo, cheia de medo, mas mesmo assim ganhei coragem.” Ao entrar em casa, toda suja e pintada de carvão, o pai atirou: "Mãe, não trouxeste nada para nós comermos? "Fiquei muito feliz, percebi logo que eu servia para alguma coisa”.
A primeira experiência de vendedora
Em 2012, ela teve a primeira experiência como vendedora de roupas no Mercado da Mulher, no Cazenga, mais conhecido como Praça Nova. "Ganhava 10.000 Kz num mês e com este valor continuei os meus estudos. Em 2015, trabalhei professora do ensino primário, na iniciação, no ano seguinte como assistente administrativa na empresa Divine Serviços, já trabalhei como doméstica, já vendi água, kissângua, fardos…”, realça.
"Mesmo não tendo sucesso em tudo que já fiz, eu nunca desisti do sonho de ser uma empresária de sucesso e gerar empregos para muitos jovens. A minha persistência e o meu optimismo levaram-me onde estou hoje, sinto-me realizada. Estudei até à 11ª classe”, acrescenta. "Sempre tive uma paixão em cuidados com a pele e, com a ajuda da Internet, fiz uma formação online de produtos naturais. Isto foi em 2020 e, no mesmo ano, criei a minha página de venda de cosméticos, daí surgiu a ideia de ter a minha própria marca, "Dy Kuiza Natural Cosméticos”, que hoje é um sucesso no mercado. Lancei a produção de sabonetes artesanais, cremes, óleos. Consegui comprar o meu terreno e estoua construir aos poucos, brevemente teremos já uma loja física. Penso também em apostar em outros negócios que têm muita saída e continuo com a ideia de ter um centro de formação. Nunca fui de esperar oportunidades, eu crio e vou à busca, simplesmente assim! Sou uma mulher apaixonada por negócios desde a minha infância. Portanto, qualquer um de nós pode fazer, basta determinação e não se abalar com as quedas”, diz com entusiasmo. "Vamos hoje libertar-nos da ideia de que para fazer negócios temos de ter muito dinheiro, não! Não somos culpados de nascer numa família pobre financeiramente, mas seremos culpados se morrermos pobres, basta termos visão e vontade de aprender muito. Não é fácil, mas é possível.”
E a jovem empreendedora, hoje com uma grande visibilidade nas redes sociais com os seus negócios, palmilhando quilómetros para levar os seus produtos naturais aos clientes, lança um apelo:” Ao pais: ensinem os vossos filhos desde pequenos que fazer negócios não é vergonha, é uma habilidade que todos deveriam possuir ou desenvolver.”
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