Economia

Empresários defendem maior aposta no sector não petrolífero

Hélder Jeremias

Jornalista

As características do território de Angola sugerem que o país tem potencial para se tornar, a médio prazo, um dos principais fornecedores de produtos agro-pecuários na região Sul do continente africano.

01/04/2024  Última atualização 10H32
O evento reuniu cerca de 500 participantes, incluindo empresários e detentores de negócios © Fotografia por: Paulo Mulaza | Edições Novembro

Essa perspectiva foi compartilhada no último sábado em Luanda pelo presidente da Câmara de Comércio Angola-Brasil, Raimundo Lima, em uma entrevista ao Jornal de Angola durante o seminário sobre  "Estratégia de Crescimento Sustentável: Desafios e Práticas Empresariais no Contexto da Alta Inflação e Incertezas Económicas em Angola”.

O evento reuniu cerca de 500 participantes, incluindo empresários e detentores de negócios, e abordou questões como os impactos da desvalorização da moeda, escassez de divisas, desequilíbrio fiscal, restrições comerciais e a dependência do petróleo.

Os prelectores concordaram por unanimidade que a actual situação económica de Angola procura uma abordagem voltada para a transparência, aprimoramento da qualificação dos profissionais e sincronia entre os sectores público e privado. "É fundamental um maior comprometimento dos jovens no fomento dos talentos potenciais na geração de riqueza e no aumento das oportunidades de emprego", ressaltou Eugene Warr, director executivo da empresa norte-americana Comércio de Liderança Criativa (CLC).

Raimundo Lima, que também preside à Associação dos Empresários e Executivos Brasileiros em Angola, destacou a importância de o Governo prosseguir a sua agenda de políticas direccionadas para impulsionar o crescimento do sector não petrolífero, visando "superar a instabilidade monetária e cambial, elevar o poder de compra e facilitar o acesso ao crédito”. "A desvalorização da moeda, a escassez de divisas, o desequilíbrio fiscal, o excesso de burocracia, entre outras questões, só poderão ser superadas com o aumento da produção, em última análise”, enfatizou.

É importante lembrar que o Brasil já enfrentou períodos de inflação em torno de 50%, porém actualmente não ultrapassa os 4,6%, o que tem impacto directo no crescimento do emprego e na diminuição das disparidades sociais.

Raimundo Lima explicou que não há nenhum segredo: "O Brasil alcançou sucesso através da diversificação da economia, da capacitação de profissionais, da colaboração entre sectores público e privado, do aumento da oferta de crédito pela banca para a economia real e da importância de uma classe empresarial resiliente diante das adversidades. E, não tem dúvidas que Angola tem tudo para seguir o mesmo caminho. "Angola está bem posicionada para se tornar um dos principais fornecedores de produtos essenciais para a Região Austral do continente. Acredito que o Governo angolano reconhece essa realidade”, acrescenta.

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