Cultura

Escultor Júlio Leitão disserta sobre a contribuição da diáspora angolana

“Contribuição da diáspora angolana para o enriquecimento da cultura local” foi o tema da última edição das Conversas da Academia à Quinta-Feira, que teve como conferencista o coreógrafo, escultor e dançarino Júlio Leitão.

04/05/2024  Última atualização 12H50
© Fotografia por: DR

A iniciativa da Academia Angolana de Letras, a primeira conferência do ciclo do mês de Maio, que visa saudar o Dia de África, contou com a presença de académicos de Angola, Bélgica, Brasil e Portugal.

Sob moderação da socióloga Patrícia da Silva, o conferencista disse que é natural do Luena, tendo-se refugiado na Zâmbia com a família, devido à guerra. A família emigrou depois para Portugal, onde Júlio Leitão fez os seus estudos e começou a trabalhar, ainda jovem, na construção civil. Seguiu-se a emigração para os Estados Unidos, onde vive até hoje.

O artista confessa que guarda imagens de discriminação racial em Portugal, enquanto nos EUA se sente mais à vontade enquanto negro imigrante, tendo adiantado que "foi em Nova Iorque que aprendi a valorizar a minha cultura; foi aqui que aprendi a ter sempre presente as minhas origens”. Pelo contrário, em Portugal, "pretendiam que negasse a minha cultura”.

Um dos maiores problemas, quando a pessoa emigra, é que se "cria um vazio em nós, difícil de preencher, que nos conduz à procura da nossa identidade”. Como nos Estados Unidos se inseriu numa comunidade negra, sente ter tido menos dificuldade de aceitação: "o negro americano tem uma ligação muito forte a nós, mas tem ao mesmo tempo uma relação de rancor, devido ao facto de os africanos terem, eles próprios, tomado parte na venda de escravos”.

O coreógrafo, escultor e dançarino Júlio Leitão está convencido que "a discriminação racial resulta da ignorância”, razão pela qual está a implementar um projecto que visa informar a respeito da cultura negra e da cultura africana. Trata-se de um projecto contra a discriminação, que tem o objectivo de contribuir para uma comunidade mais esclarecida e inclusiva.

Por outro lado, está a implementar um projecto com jovens da Ilha de Luanda, que é aquilo que considera constituir a sua terapia, referindo que "hoje, sinto-me uma pessoa sem lar - vivo nos Estados Unidos e tenho familiares em Portugal, mas sinto-me angolano; sou uma pessoa sem lar, para quem o mundo se tornou o meu lar”.

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