Especial

Estudantes universitários cada vez mais interessados na história do 4 de Fevereiro

Engrácia Francisco

Jornalista

O Arquivo Nacional de Angola (ANA) recebe, actualmente, muitos estudantes universitários que consultam documentos relacionados ao 4 de Fevereiro, revelou o chefe do Departamento de Investigação e Atendimento da instituição, Honoré Mbunga.

04/02/2024  Última atualização 07H58
Honoré Mbunga, chefe do Departamento de Investigação e Atendimento do ANA © Fotografia por: DR

Em entrevista ao Jornal de Angola, por ocasião dos 63 anos do início da luta armada de libertação nacional, que hoje se assinala, o historiador Honoré Mbunga avançou que, em 2023, 927 cidadãos consultaram a biblioteca do Arquivo Nacional. Deste número, explicou, 913, que corresponde a 98,5 por cento, eram cidadãos nacionais e 14, o equivalente a 1,5 por cento, estrangeiros. "Esse número só está relacionado àqueles que consultaram os materiais, sem contar com as instituições e individualidades que realizaram visitas às instalações”, frisou.

A descolonização, disse, o 4 de Fevereiro, o 4 de Janeiro, a Baixa de Cassanje, o 15 de Março e tudo que tem a ver com a luta clandestina pela libertação nacional são os temas mais solicitados.

"Temos recebido muitas pessoas, grande parte delas estudantes universitários que estão a escrever sobre a luta pela libertação de Angola. Porém, os professores aparecem em muito menor número”, lamentou.


Panfletos usados no 4 de Fevereiro

Honoré Mbunga disse que se podem encontrar no Arquivo Nacional documentos usados na fase de sensibilização do povo para aderir à luta clandestina. "Temos aqui panfletos usados pelas personalidades envolvidas directamente na luta clandestina, com foco na sensibilização da população sobre as dificuldades vividas, pedindo apoio para mudar a situação que se vivia”, afirmou.  

Além disso, continuou, hoje existem muitas obras literárias que falam sobre o 4 de Fevereiro, que as pessoas podem encontrar na biblioteca do Arquivo Nacional. 

"Temos, por exemplo, a obra da historiadora Dalila Cabrita Mateus, com o título relacionado ao processo de independência de Angola, muitos outros livros e artigos publicados nos jornais sobre o 4 Fevereiro”, disse, apesar de reconhecer a opressão colonial contra os jornais e estudiosos na abordagem do tema naquela época.

Em 2010, prosseguiu, aconteceu o terceiro Colóquio Internacional sobre a Luta de Libertação de Angola, que produziu um livro intitulado "Da luta clandestina à proclamação da Independência Nacional-Memórias de um passado que se faz presente”, contendo as actas dos debates. O evento, organizado pelo Ministério da Cultura e o Arquivo Nacional, contou com a participação de 10 membros de cada movimento da luta de libertação de Angola, o MPLA, UNITA e FNLA.

 
Cidadãos estrangeiros são visitantes regulares

De acordo com Honoré Mbunga, os cidadãos estrangeiros visitam com regularidade o Arquivo Nacional.  "Recebemos cidadãos estrangeiros, que consultam os documentos do Arquivo durante uma a duas semanas”, sublinhou.

Porém, adiantou, actualmente, devido à crise financeira do país e à Covid-19, registou-se uma baixa em relação aos visitantes e estudantes estrangeiros ao Arquivo Nacional. "Há quatro, cinco anos, recebíamos muitos estudantes estrangeiros, mas o número reduziu por conta da Covid-19”, disse.

Nos últimos tempos, adiantou, a instituição histórica tem atendido várias solicitações de cidadãos estrangeiros, sobretudo brasileiros.Por outro lado, disse, os brasileiros, pelas suas origens, sempre foram os mais interessados em conhecer a História de Angola. Actualmente, os norte-americanos também já estão bastante interessados em conhecer a História de Angola.

 
Apoio institucional

 A vantagem em outros países, explicou, é o apoio financeiro e institucional que prestam aos estudantes de História ou Antropologia na Universidade. No caso de o estudante escolher um tema sobre Angola, continuou, o Departamento apoia em termos de investigação no terreno e eles vêm para aqui realizar as pesquisas. "Sempre tivemos vários pedidos vindos do Brasil, Portugal, EUA, Canadá e, até, da Coreia, embora tenha reduzido nos últimos quatro anos devido aos factores já mencionados”, disse.

No ano passado, recordou, na Assembleia Internacional de Arquivos, em Abu Dhabi,  nos Emirados Árabes Unidos, na presença de mais de cinco mil pessoas, foi dito que quando se trata do processo de escravatura, Angola tem mais informações em relação a outros pontos, o que tem atraído, cada vez mais, os investigadores ao país.

Em Agosto de 2023, membros da família Tucker, descendentes dos primeiros escravos angolanos a chegar ao território dos Estados Unidos da América (EUA), visitaram, pela segunda vez, Angola e um dos pontos de paragem foi o Arquivo Nacional.

Honoré Mbunga fez saber que o Arquivo Nacional tem parcerias com instituições de ensino, com maior realce para universidades, órgãos de imprensa, Organizações Não-Governamentais nacionais e estrangeiras.

 
Consulta da bibliografia é feita de forma gratuita

O chefe do Departamento de Investigação e Atendimento do ANA garantiu que as consultas dos manuais naquela instituição são gratuitas. "Para os documentos bibliográficos, o acesso é livre, desde que o indivíduo comprove a sua identidade, faça o pedido e requisite o material pretendido”, disse.

Em relação aos documentos administrativos ou imagens, disse, é necessário fazer uma solicitação ao director do Arquivo Nacional. Depois da consulta, acrescentou, aquele que opta em fazer cópia do material, paga algum valor simbólico para o procedimento. "A consulta como tal não se paga, mas se um indivíduo quiser scanear o "ocumento tem de pagar", disse.    

Honoré Mbunga explicou que as visitas guiadas são pagas no valor de 200 kwanzas para os menores de 18 anos e 2.000 para os maiores de idade.

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