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EUA anuncia rede de defesa aérea com Japão e Austrália

Os Estados Unidos, Japão e a Austrália vão lançar uma rede conjunta de defesa aérea, anunciou o Presidente dos Estados Unidos da América, Joe Biden, durante a visita a Washington do Primeiro-Ministro japonês, Fumio Kishida.

12/04/2024  Última atualização 12H10
Joe Biden fala da aliança com o Primeiro-Ministro japonês © Fotografia por: DR

"Pela primeira vez, o Japão, os Estados Unidos e a Austrália criarão uma rede de mísseis aéreos e uma arquitectura de defesa", revelou Joe Biden em conferência de imprensa conjunta com o chefe do Executivo japonês, focada no reforço da cooperação militar e na ameaça da China.

Segundo o líder da Casa Branca, os três países "estão a tomar medidas significativas para reforçar a cooperação na defesa e segurança", considerando que se trata do desenvolvimento desta aliança "mais importante desde o fim da Guerra Fria".

Biden apontou à modernização das estruturas de comando e controlo, interoperabilidade e planeamento das respectivas forças armadas, "para que possam trabalhar em conjunto de forma integrada e eficaz".

Na conferência de imprensa de quarta-feira, Joe Biden reiterou que está aberto ao diálogo com a Coreia do Norte e considerou que se as condições estiverem reunidas será algo positivo. "Congratulo-me com a oportunidade de iniciar o diálogo com a República Popular Democrática da Coreia pelos nossos aliados. Já disse muitas vezes que estamos abertos ao diálogo a qualquer momento, sem condições prévias", declarou.

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o antecessor de Biden, o republicano Donald Trump (2017-2021), reuniram-se três vezes entre 2018 e 2019, um passo histórico desde o fim da Guerra da Coreia (1950-53), que dividiu a península coreana em dois países.

No entanto, o Primeiro-Ministro do Japão sustentou que a cooperação na área da segurança e defesa com os Estados Unidos é fundamental para evitar no futuro uma situação semelhante à da Ucrânia, país invadido pela Rússia em Fevereiro de 2022.

"Hoje é a Ucrânia, amanhã poderá ser a região da Ásia-Pacífico", disse Kishida, destacando a importância de manter o diálogo com a China e favorecer a resolução pacífica das diferenças, em concreto no que respeita à tensão no Estreito de Taiwan, ao mesmo tempo que lembrou que Pequim deve "cumprir as suas responsabilidades como uma das grandes potências" do mundo.

Neste sentido, Biden garantiu que os canais e a comunicação com Pequim são constantes, com vista a reduzir possíveis erros de cálculo. "As nossas conversas [com o Primeiro-Ministro japonês] têm a ver com uma aliança que é de natureza puramente defensiva e trata-se de desenvolvimentos de defesa que nada têm a ver com o conflito", sublinhou Biden.

Kishida defendeu que a relação com a China é de importância estratégica, embora áreas disputadas no Mar da China Meridional continuem a aumentar as tensões com Tóquio, a que se soma a instabilidade acrescida pelo comportamento de desafio da Coreia do Norte e o seu programa nuclear.

Fumio Kishida encontra-se em visita de Estado aos Estados Unidos, tendo sido recebido, com grande destaque, na Casa Branca pelo Presidente norte-americano, que falou de uma parceria indestrutível entre os dois países e tão florescente como as cerejeiras na primavera, e saudou um líder "visionário e corajoso".

Em 1912, o autarca de Tóquio ofereceu à cidade de Washington milhares de cerejeiras, cujo florescimento atrai turistas à capital federal norte-americana, todos os anos. Kishida indicou que o seu país ofereceria 250 cerejeiras adicionais por ocasião do 280.º aniversário da fundação dos Estados Unidos, a celebrar em 2026.

 China preocupada com aumento  da tensão na região do Indo-Pacífico

As autoridades de Pequim manifestaram preocupação com os comentários de um importante diplomata norte-americano de que o projecto do submarino AUKUS poderia ajudar a impedir qualquer movimento chinês contra Taiwan, alertando para o aumento da tensão na Região do Indo-Pacífico.

O vice-secretário de Estado norte-americano, Kurt Campbell, disse que as novas capacidades submarinas aumentariam a paz e a estabilidade, inclusive no estreito que separa a China e Taiwan, mas Pequim encarou a declaração como um posicionamento político perigoso.

"Os comentários são muito perigosos […]. O estabelecimento da chamada parceria de segurança trilateral entre os Estados Unidos, Reino Unido e a Austrália visa, essencialmente, provocar o confronto na região através da cooperação militar em pequenos círculos”, refere Pequim.

O Governo chinês acrescenta que "qualquer tentativa de usar a cooperação militar para intervir na questão de Taiwan é interferir nos assuntos internos da China, e é uma ameaça à paz e à estabilidade na região do estreito de Taiwan", disse Zhu Fenglian, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan da China, a repórteres em Pequim, na quarta-feira, segundo a Reuters.

O Governo chinês está "seriamente preocupado" com a possibilidade de o Japão aderir ao pacto de segurança, uma vez que a medida "desconsidera o risco de proliferação nuclear", "o que intensificaria a corrida armamentista na região Indo-Pacífico e perturbaria a paz e a estabilidade regionais". 

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