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EUA mantém aposta da paz na Faixa de Gaza

Os Estados Unidos da América estão empenhados em promover a paz, a segurança e a prosperidade na Faixa de Gaza com o novo Governo da Autoridade Palestiniana, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller.

31/03/2024  Última atualização 09H20
Porta-voz norte-americano, Mattew Miller, reafirma compromisso com a Palestina © Fotografia por: DR

"Os Estados Unidos esperam trabalhar com o novo gabinete para promover a paz, a segurança e a prosperidade e vão colaborar com este novo Governo para implementar reformas credíveis", disse Matthew Miller, citado num comunicado divulgado na sexta-feira.

As declarações do Governo norte-americano foram proferidas após o Primeiro-Ministro palestiniano, o economista Mohamad Mustafa, ter apresentado, na quinta-feira, a Abbas, um Executivo que integra 24 ministros, incluindo quatro mulheres, e no qual vai ocupar, também, a pasta dos Negócios Estrangeiros.

O novo Governo, já aprovado pelo Presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas, será empossado hoje, informou a agência oficial de notícias palestiniana Wafa. A prioridade do Governo palestiniano será a situação na Faixa de Gaza, um plano para aumentar o acesso humanitário e a reconstrução do enclave, bem como a criação de uma Palestina mais estável, referiu a Wafa.

No entanto, o porta-voz do Governo norte-americano, Matthew Miller, acrescentou que "uma Autoridade Palestiniana revitalizada é essencial para alcançar resultados para o povo palestiniano, tanto na Cisjordânia como em Gaza, e estabelecer as condições para a estabilidade em toda a região”.

Criada em 1994, no âmbito dos Acordos de Oslo entre a Organização de Libertação da Palestina (OLP) e Israel, a Autoridade Palestiniana governa a Cisjordânia, enquanto o Movimento de Resistência Islâmica Hamas está no poder na Faixa de Gaza desde 2007.

Biden e Natanyahu com relações complicadas

As pressões políticas internas estão a alargar o fosso entre o Presidente norte-americano, Joe Biden, e o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sobre a actuação de Israel na guerra contra o Hamas na Faixa de Gaza.

Segundo o jornal New York Times, a guerra na Faixa de Gaza e a prometida ofensiva israelita contra Rafah (sul do enclave e junto à fronteira com o Egipto), uma das "linhas vermelhas" traçada por Biden e pela maioria da comunidade ocidental, tem afectado gravemente as relações bilaterais, com a agravante de os dois líderes terem aliados internos que os querem afastar ainda mais.

Biden está a enfrentar a indignação de aliados globais e dos seus próprios apoiantes sobre o número de mortes de civis na guerra contra o grupo islamita palestiniano e as restrições de Israel à entrada de alimentos e medicamentos em Gaza.

Na segunda-feira, o Presidente norte-americano permitiu que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma resolução exigindo um cessar-fogo imediato em Gaza, já que o embaixador dos EUA se absteve, em vez de vetar a medida, como Washington fez no passado.

Em resposta, Netanyahu, que está a tentar manter no poder o seu Governo de coligação de extrema-direita, cancelou a deslocação a Washington de uma delegação de alto nível, com o objectivo de discutir com os norte-americanos alternativas a planeada ofensiva israelita em Rafah.

Netanyahu, no entanto, permitiu que o seu ministro da Defesa, Yoav Gallant, permanecesse em Washington para conversações com altos funcionários da Administração Biden. O Primeiro-Ministro israelita está a ser fortemente criticado pelos seus parceiros de coligação Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, por qualquer indício de que esteja a hesitar na guerra contra o Hamas ou na expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada.

O seu Governo em tempo de guerra também está profundamente dividido em relação à proposta de legislação que poderia acabar por recrutar mais israelitas ultraortodoxos, conhecidos como 'haredim', para as Forças Armadas - uma votação que foi subitamente adiada na manhã de terça-feira.

Pelo menos, por agora, a sobrevivência política de Netanyahu depende da manutenção de Ben-Gvir e Smotrich na coligação. Se deixarem o Governo, isso obrigaria a eleições antecipadas em Israel, que Netanyahu muito provavelmente perderia para o rival centrista, Benny Gantz.  

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