“Rosa Baila”, “Chikitita”, “Perdão”, dentre outros sucessos que marcam o percurso artístico de Eduardo Paím, serão apresentados amanhã, a partir das 19h30, no concerto comemorativo aos 60 anos natalícios do cantor e produtor.
Os escritores Agostinho Neto e António Jacinto são, hoje, às 10h, homenageados como “Poetas da Liberdade”, no Festival de Música e Poesia, que acontece no auditório do Centro Cultural de Vila Nova de Foz Côa, em Lisboa, Portugal.
Os restos mortais do cantor Justino Handanga já repousam, desde quinta-feira, no cemitério municipal do Bailundo, num ambiente de dor e comoção no último adeus àquele que foi um dos expoentes da música popular umbundu. Familiares, amigos, colegas e fãs seguiram pelas ruas da cidade do Bailundo para testemunhar o funeral deste grande artista da música angolana na sua cidade natal.
Na sua mensagem, Lotti Nolika considerou Justino Handanga um exímio defensor da música angolana, cujas letras transformaram-se em autênticos hinos de sucesso.
Além do seu percurso cultural, destacou que Handanga notabilizou-se igualmente pela sua entrega abnegada como especialista para a cultura e recreação do Departamento de Educação Patriótica do Comando Provincial do Huambo da Polícia Nacional.
Com a sua morte, o país acaba de perder um dos maiores e notáveis rostos da sua história musical, que soube com a sua voz enaltecer a identidade músico-cultural além fronteiras.
"É considerado o trovador das nossas almas, e pintava com a sua guitarra o céu de Angola, cantando histórias de amor, lutas e esperanças como um mensageiro, tornando-se um ícone da cultura nacional, através da dimensão das suas letras e a qualidade artística da sua música”, sublinhou a governadora.
Lotti Nolika garantiu que a sua obra continuará a ser uma referência e fonte inesgotável de inspiração para os novos artistas, deixando um rico e enorme legado musical, que deve ser valorizado, enaltecido e divulgado pelas futuras gerações.
Por sua vez, o superintendente-chefe Martinho Kavita, que procedeu à leitura da mensagem do Ministro do Interior, Eugénio Laborinho, frisou que Justinho Handanga foi um cidadão exemplar que dedicou a sua vida à pátria que o viu nascer e deu o seu contributo para o alcance da paz e estabilidade.
"O triste acontecimento constitui uma perda irreparável para a sua família, amigos e para o Ministério do Interior, pois como servidor público, soube cumprir as suas tarefas com zelo, dedicação, brio e profissionalismo”, referiu.
Em representação do Ministério da Cultura e Turismo, o director nacional da Cultura e Artes, Pedro Nambongue Tchissanga, disse que calou-se um timbre vocal sem igual, que se destacou como exímio músico, intérprete e promotor do património imaterial nacional, através da língua, ritmo e dança.
"Em de 2013, o seu talento justificou o mais alto reconhecimento do Estado angolano na cultura, quando foi galardoado com o Prémio Nacional de Cultura e Artes na categoria de Música”, precisou.
Os cidadãos do Huambo acompanharam aquele que foi um dos mais ilustres filhos da província
Depoimentos dos parentes
Florêncio Handanga, filho do malogrado, disse que o seu pai foi um homem de fortes convicções e o maior mestre para todos os problemas da sua vida.
"O meu pai tinha muita sabedoria, amor e paciência, e ensinou sempre os seus filhos e parentes a pautarem pelo caminho de rectidão”, disse.
Valentim Naule, primo de Justino Handanga, lembrou que o malogrado foi uma pessoa simples de abordar e que sempre lutou pelas suas conquistas, amparando os familiares nos momentos mais críticos. Revelou que cultivou o talento musical desde a infância, manifestando desde cedo o gosto de cantar e tocar guitarra.
"É caso de dizer que perdemos um pilar na família, um famoso que surgiu do nada, oriundo da aldeia de Ndoluka, na Comuna da Luvemba, município do Bailundo”, realçou.
O rei do Bailundo, Tchongolola Tchongonga Ekuikui VI, considerou Justino Handanga como um dos pilares da música popular moderna e que despedir-se dele constitui um momento difícil.
Ekuikui VI enumerou que o músico foi defensor da justiça e da pacificação da sociedade, através das suas melodias musicais agradáveis."Os seus ritmos e melodias fazem o eixo da dignidade da ancestralidade, no resgate, valorização e divulgação dos traços culturais. Justino Handanga voltou às origens, junto dos seus ancestrais, os Ekuikui, e vai descansar na eternidade”, declarou.
Justino Handanga faleceu na segunda-feira, em Luanda, vítima de doença, aos 56 anos de idade. Iniciou a carreira musical na década de 1980, com a participação no concurso denominado "Pio-Pio”, realizado pela Organização de Pioneiros Agostinho Neto (OPA), no município do Bailundo, onde imitava músicos nacionais e internacionais.
Aos 17 anos ingressou nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (ex-FAPLA) e fez parte de um grupo musical da corporação, denominado "Pela Paz”, que animava a tropa em operações de combate. Ingressou nas fileiras da Polícia Nacional de Angola no dia 10 de Outubro de 1992, após cumprir o serviço militar obrigatório nas Forças Armadas Populares de Libertação de Angola.
Com carreira notável, foi autor dos sucessos como "Paulina”, "Abílio”, "Carlitos”, "Ndumbalundo”, "Olonamba”, "Tenho saudades” e "Ongueva”.
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