Cultura

Henrique Artes encerra jornada com a peça“A paixão de Pai José”

O colectivo de teatro Henrique Artes, vencedor em 2013 do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de teatro, lotou, o primeiro dia da estreia do espectáculo “A Paixão de Pai José”, Casa das Artes, Talatona, em Luanda. O que se repetiu no segundo dia, no mesmo local e horário.

03/03/2024  Última atualização 09H56
Vencedor do Prémio Nacional de Cultura e Artes em 2013, o grupo tem inovado nas temáticas © Fotografia por: DR

A actriz Cláudia Gourgel, que no papel deveria interpretar a personagem "Lemanjá” teve que ser substituída por ter torcido o pé, minutos antes da estreia. No seu lugar, ficou a colega Suelma Mário que rapidamente teve que se adaptar aos personagens. O incidente em nada beliscou a boa exibição do colectivo que lotou nos dois dias de espectáculo na Casa das Artes.

A actriz Cláudia Gourgel lamentou o sucedido, mas enalteceu o espírito de equipa, incorporado no grupo ao longo dos anos de existência, o que tornou possível a realização do espectáculo sem sobressaltos. A actriz manifestou-se feliz pelo facto do público ter aparecido.

Cláudia Gourgel explicou que o Henrique Artes, conhecido no país e internacionalmente por ser um grupo de dá vidas a vários acontecimentosda História Universal nas suas peças, mas uma vez conseguir levar ao palco o drama que narra a história da maior tortura de Pai José que se apaixonou por Maria e foi privado de viver este amor, onde Fátima, filha do Barão, é obcecada pelo escravo, e tudo fez para se tornar a única luz aos olhos de Pai José.

O personagem principal, Pai José, é um escravo angolano reprodutor que lutou pela libertação dos seus irmãos e filhos e uniu-se a movimentos que lutavam pela abolição dos escravos africanos. Durante a década de 1830, a economia cafeeira começou a despontar no Brasil um grande império de fazendeiros milionários.

A afluência de escravos intensificou-se por aquelas bandas, foi também um momento de grande exploração do trabalho e maus-tratos de homens, mulheres e crianças negras africanas.

Esse facto criou a revolta de Pai José contra aqueles que escravizavam os seus irmãos e começou a arquitectar uma série de fugas e a criação dos Quilombos, para se protegerem dos exploradores e viverem livres, na esperança de progredirem para uma luta colonial, que libertaria os africanos da escravatura.

Para dar vida aos personagens, a peça de teatro conta com a participação dos actores: Adilson Cadete que representa "Pai José”,  Carina Sousa, a personagem de "Fátima” que é a Sinhá baronesa, Cláudia Gourgel, no papel de "Iemanjá”, Sofia Lucas, dá corpo a personagem de escrava "Maria”.

O grupo fundado em Luanda, há 16 anos, no colégio técnico pré-universitário Henriques, por Flávio Ferrão,  tem no seu repertório várias obras, com destaque para "Amor fatal”, "A sombra”, "Conspiração”, "Controvérsias sociais”, "Contra o tempo”, "Dançando com o lobo”, "Dossier leviano”, "É minha gente, temos o mesmo cheiro”, "Elvira”, "Eu vi e vivi, eles não eram loucos” e "História que marcou o Sul”.

O ano de 2014 foi um êxito para o grupo, por ter sido o ano em que o grupo Henrique Artes teve dois momentos bastante importantes a nível internacional: a participação no festival do Mindelo "Mindelact 2014”, Cabo Verde, com dois espectáculos, "Hotel Komarka” e "A Órfã do Rei”, tendo sido este último também exibido na 8ª Semana de Cultura em Macau (China), neste mesmo ano.

No campo internacional, os espectáculos "Hotel Komarca” e "A Órfã do Rei” foram os que mais deram projecção ao grupo. Com a peça "Hotel Komarca” o grupo foi distinguido com o Prémio Revelação em 2010 durante o Festival de Teatro de Língua Portuguesa (FESTLIP), realizado anualmente na cidade do Rio de Janeiro, Brasil.

O colectivo de teatro Henrique Artes, vencedor em 2013 do Prémio Nacional de Cultura e Artes, na categoria de teatro, foi fundado em 2000 por estudantes do Colégio Henrique, em Luanda.

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