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Leões do Atlas voltam rugir no amistoso com Palancas

Betumeleano Ferrão

A tendência ganhadora dos Leões dos Atlas manteve-se nos amistosos com os Palancas Negras. Os marroquinos alcançaram o quinto triunfo em oito embates entre os dois contendores. O auto-golo do estreante David Carmo foi ao encontro da realidade evidente, nos jogos particulares entre as duas selecções.

24/03/2024  Última atualização 13H29
Angolanos deram boa réplica aos marroquinos e esperam vencer as Ilhas Comores © Fotografia por: M.Machangongo | Edições Novembro|
A mudança do local do jogo, desta vez foi em Agadir, uma das seis cidades-sede do CAN'2025, a disputar- se no Marrocos, em nada afectou o apetite vitorioso dos anfitriões, nos particulares contra os convidados angolanos.

Sempre que jogam em casa, os marroquinos não deixam os seus créditos em mãos alheias. Com muitas ou poucas dificuldades, conseguem sempre sair com o ar triunfante, como voltou a acontecer na sexta-feira, mesmo sem terem sido eles a fazer balançar as redes.

Curiosamente, a história do jogo bem que poderia ter sido escrita com o estreante David Carmo no papel de "garçom", mas faltou o desvio de cabeça de Mabululu para que o reforço mais sonante do combinado angolano juntasse o útil ao agradável na sua estreia, ou seja, com uma assistência na sua primeira internacionalização.

A equipa nacional perdeu na posse de bola em todo o jogo, não foi eficaz no que conseguiu produzir em termos de oportunidades de golos, quando na posse do esférico, mas as redes não queriam assumir nenhum tipo de compromisso com a selecção angolana.

Caso contrário, talvez antes do intervalo Angola poderia ter feito, pelo menos uma vez, a festa do golo, se Mabulu tivesse o rótulo de marcador escrito na cabeça, nas duas ocasiões em que cheirou o golo na etapa inicial. Sem nomes sonantes em campo, e com um público hostil, em função do grande apoio que deu aos seus jogadores, os Palancas Negras tiveram a virtude de nunca se desorientarem nem perderem a paciência, por causa da grande posse de bola dos Leões do Atlas. Nem sempre a posse foi consentida, é verdade, mas o mais importante aconteceu, porque o domínio marroquino nunca foi avassalador, tampouco resultou em inúmeras oportunidades de golo, como também pode ser visto pela magreza do resultado final.

Sempre que considerou oportuno, a selecção marroquina esperou que o brilho das suas estrelas chegasse e bastasse para decidir o jogo, mas as coisas nunca aconteceram como o esperado, também porque houve grande mérito da defensiva angolana, porquanto esteve quase sempre irrepreensível. Os dois pilares altos no centro, Kialonda Gaspar e David Carmo, contrabalançam a deficiência da altura de Eddie Afonso e de Núrio Fortuna, no jogo aéreo.

O lance infeliz de David Carmo sentenciou o jogo aos 71’, mas toda a equipa soube reconfortar o estreante colega, ao não permitir que a desvantagem no marcador desse motivação para os marroquinos engordarem a vantagem. Algumas das substituições operadas por Pedro Gonçalves quase no final do amistoso, com realce para a entrada de Depú, ausente do CAN 2023 por lesão, não foram suficientes para no mínimo igualar a partida.

Assim, os cerca de 40 mil espectadores que quase lotaram o Grande Estádio de Agadir esqueceram a eliminação prematura nos quartos-de-final do CAN 2023, num dia em que as duas selecções tiveram o privilégio de receberem reforços capazes de trazer mais-valias no futuro.

Trata-se do médio Brahim Dias, internacional marroquino do Real Madrid, a época passada esteve por empréstimo no AC Milan, e o central angolano David Carmo, do Olympiacos da Grécia, que ainda tem contrato com o FC Porto, uma das equipas europeias que tem a reputação de formar e forjar defesas centrais de grande valia.

  David Carmo realça apoio da família na decisão

O estreante central David Carmo realçou o apoio familiar na decisão que tomou para representar a selecção angolana, em vez de continuar a aguardar por uma oportunidade na equipa sénior de Portugal.

"A decisão de representar os Palancas Negras foi familiar, estou aqui para ajudar, para ser mais um activo,” garantiu em entrevista ao Facebook da Federação.

O estreante da Selecção Nacional, de 24 anos, somou a primeira internacionalização diante de Marrocos e mostrou-se satisfeito com a porta de oportunidade que se abriu.

Embora tenha nascido em Aveiro, Portugal, David Carmo deixou ler nas entrelinhas que sempre esteve na expectativa de um dia poder jogar por Angola, terra do seu pai.

O central revelou que sempre "ouviu falar" sobre Angola, sendo este um dos motivos principais por que sente privilegiado por suar a camisola nacional. "É um orgulho representar o país onde nasceu o meu pai,” enalteceu.

Campeão europeu por Portugal em 2018 no escalão de Sub-19, David Carmo não precisou esperar até ter esperanças idosas para aceitar prontamente o convite e trocar de camisola nacional. O amistoso com Marrocos marcou o princípio de uma carreira que pode ser preenchida por mais jogos, um deles talvez já amanhã contra Comores, tendo em conta que o central espera render o suficiente para merecer novo voto de confiança na próxima convocatória de Pedro Gonçalves, para o duplo compromisso com Camarões e Eswatini, a contar para o apuramento ao Mundial'2026, a disputar-se nos Estados Unidos, México e Canadá.

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