Desporto

Mateus Afonso: “Sou um pai muito atento”

Rosa Panzo

Jornalista

No Dia dedicado ao Pai, que se assinala hoje, Mateus Afonso assume: “Faço os possíveis para conciliar tudo”. A responsabilidade é grande, mas há sempre o escape: “Sou um pai muito atento no acompanhamento escolar dos meus filhos; procuro manter o contacto permanente com os estudos das crianças”.

19/03/2024  Última atualização 10H55
© Fotografia por: Jaimagens/fotógrafo

A missão de progenitor só lhe acresce os desafios no dirigismo desportivo.

O Chefe de Secção de Vela, Canoagem e Remo do Clube Náutico da Ilha de Luanda mantém a mesma postura: "Dou o melhor de mim como dirigente desportivo e treinador há mais de 20 anos neste clube”. 

Mister Tó, como é conhecido Mateus Afonso, tem segredos bem guardados na gestão: "Quando não posso conciliar duas actividades, por algum impedimento, coordeno com a esposa”.

Sim, a cara metade é um braço direito e compreensível. Mateus confirma: "No passado, acontecia com frequência não estar disponível ao fim-de-semana para ir à praia ou outra actividade social com a família por coincidir com as competições desportivas”.

As ausências eram justificadas com compromissos assumidos: "Algumas vezes, tinha de participar como treinador, outras como dirigente e, muitas vezes, como juiz e oficial de Regata”.

A título de exemplo, lamenta situações vividas: "Fiquei ausente, inúmeras vezes, porque as provas de natação do meu filho coincidiam sempre com as de canoagem, remo e vela. A minha condição de delegado de prova ou oficial de regata impediam-me de estar na bancada a puxar pelo meu pequeno”.

Em tempo de afirmação no mosaico desportivo, os sacrifícios sempre resultam pela positividade. Hoje, Mateus é um pai babado. Os três rebentos (um rapaz e duas meninas) seguem-no a pegada. São desportistas na fase inicial das carreiras. Se as meninas entraram por obrigação, o menino fá-lo por amor.

"O rapaz ama o que faz e é muito responsável nas suas obrigações de monitor de natação. Graças a Deus, como pai, sinto-me bastante orgulhoso. Recebo muitos elogios pela prestação e dedicação dele”, enaltece o filho. Tal como o menino, Mister Tó aguarda com paciência o sucesso das meninas. Até lá, os conselhos diários são permanentes.

A diferença da atitude desportiva dos filhos resulta de uma estratégia mal concebida. Mateus Afonso revela que sempre puxou pelo primogénito a seguir as suas peugadas: "Desde a tenra idade, levei o Júnior a todas as actividades desportivas e não só com fito a incentivá-lo. Tornei-me no seu primeiro professor de natação e de vela”.

Filho de peixe é peixe, diz o ditado popular. Mateus Afonso Júnior é atleta de vela e monitor de natação. Aqui se explica o orgulho do progenitor: "Somos muito ligados e quando alguém falta, o sentimento de saudade fala mais alto no seio familiar”.

Mateus Afonso aprendeu com o tempo a melhor estratégia de conciliação de actividades. "Educar os filhos hoje não é compatível com a falta de tempo. Devemos racionalizar este recurso da melhor maneira. Conseguimo-lo, quando temos uma equipa de trabalho forte. Considero-me um pai normal com algum tempo para cuidar dos meus”, garantiu.

Os tempos mudaram e as histórias reescrevem-se em novos cenários: "Hoje, é raro ter provas seguidas nos desportos náuticos. Então, nos permite ter maior disponibilidade para a realização de actividades extra-desportivas”.


"Pai, a minha admiração por você é enorme!”

Mateus Afonso Júnior, primogénito de Mister Tó, destaca em poucas linhas a admiração, o afecto e o carinho que nutre pelo pai.

"Pai! A minha admiração por você é enorme, pois inspira-me a ser uma pessoa melhor. Os seus ensinamentos valiosos estarão sempre comigo, onde quer que vá. Todas as palavras do mundo não seriam suficientes para expressar a minha gratidão por ti. Obrigado por tudo”, agradece. Mateus Júnior deseja ser como o pai em todas as actividades desportivas que pratica. E explica as razões: "Vejo com bons olhos as actividades desportivas do meu pai. Ele quer ser sempre o melhor naquilo que faz e tento seguir ao máximo esse exemplo”.

À semelhança do desporto, o monitor admira a postura e a força do progenitor na conciliação do trabalho. "Mesmo com tanto trabalho, consegue encontrar tempo para ficar com a família. Como atleta, não sinto muito a ausência do pai, porque treinamos juntos”, garantiu.

Há alguma relatividade na explicação da ausência. Do baú de lembranças, Mateus Júnior tirou uma cartola sobre o impacto na sua vida: "Já fiquei triste como qualquer criança que anseia ver o seu pai nas bancadas no dia da prova. Chorei por ele não estar presente num grande evento por conta do trabalho”.Hoje, as coisas mudaram. "Com o tempo, o pai conseguiu dar volta a essa situação e melhorou a presença no seio familiar”.


TOMÁS FARIA
Presidente do Petro de Luanda

"Bom, já não tenho filhos tão pequenos! A minha caçulinha, em Junho, fará 18 anos. Acompanho a parte mais estratégica da sua formação. As tarefas diárias dela já não sigo ao rigor, mas tenho o auxílio de professores que a acompanham.

Outra preocupação que assola o agente desportivo, atleta, treinador ou dirigente, é o desconforto de ver um filho triste, por causa da cobrança pública feita ao pai, sendo que existem casos que se dão até no ambiente escolar. "Os meus filhos sofrem calados. Ao longo destes quase dez anos, só nos últimos dois é que sinto a aconselharem-me mais de uma ou outra situação. Nunca manifestaram, à frente de mim, qualquer tristeza. Apenas dão força para o período seguinte”.


TONY SOFRIMENTO
Dirigente desportivo

Voz ousada para se pronunciar sobre basquetebol, profundo conhecedor da história, além de bem referenciado interna e internacionalmente, quanto mais não seja por durante anos ter sido o homem forte de Angola, junto da FIBA e da FIBA-África, instituições que superintendem a modalidade no mundo e no continente, António Celestino "Tony” Sofrimento, defende o seguinte:

"O bom e melhor seria viajar juntos, mas a diversidade de ocupações e os custos que envolve a tal pretensão inviabilizam a possibilidade. No entanto, hoje há sempre possibilidades de, virtualmente, manter contacto permanente com a família. Em muitos casos, acompanhar e gerir assuntos de casa e ajudar as crianças na feitura dos deveres e tarefas escolares”.

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