Sociedade

Mulheres grávidas aconselhadas a redobrarem os cuidados de saúde

Engrácia Francisco

Jornalista

A malária grave é uma das principais causas de internamento de mulheres grávidas e morte neonatal em algumas unidades sanitárias de referência em Luanda.

07/05/2024  Última atualização 10H44
Equipas médicas do Hospital Geral Especializado Augusto Ngangula continuam a acudir centenas de gestantes residentes em Luanda © Fotografia por: Edições Novembro

Para o médico Kaiombo Marcos, as mulheres grávidas e menores de cinco anos são os grupos mais propensos a contrair a doença, devido à baixa imunidade. "O organismo da mulher gestante responde por dois, por isso está mais propenso a contrair a doença", disse, acrescentando que este factor pode levar à morte da mãe e do filho quando é descoberto tardiamente.

Numa ronda feita ontem

no Hospital Geral Especializado Augusto Ngangula, o Jornal de Angola constatou que as salas de internamento estão cheias de mulheres gestantes e não só, vítimas de malária grave. Além disso, o número de gestantes com pré-eclampsia também é preocupante.

De acordo com a directora clínica Kinfumu Balazao, no último fim-de-semana foram atendidas 12 pacientes com pré-eclampsia e 10 com malária grave e foram ainda realizados 92 partos.


Kilamba Kiaxi

O Hospital Geral Especializado do Kilamba Kiaxi assistiu, na semana passada, nas urgências, 635 gestantes e deste número 167 deram à luz, informou, ontem, a directora clínica. A médica Rosa André avançou que foram realizadas 11 cesarianas e devido à gravidade dos casos, 167 mulheres foram internadas.

"A malária grave, com 16 casos, a pré-eclampsia, com 14 e a eclampsia com nove, foram as principais patologias registadas”, disse.

O hospital, referiu, observou 5.645 pacientes, sendo 1.421 no serviço de Pediatria. As patologias, frisou, que mais afectaram as crianças foram a malária, com 142 casos, a diarreia, com 127, e as doenças respiratórias agudas, com 98 casos.

 
Viana

A equipa médica do Hospital Materno Infantil Mãe Jacinta Paulino, de Viana, assistiu, na semana finda, 294 grávidas, das quais 89 deram à luz e 77 ficaram internadas, de acordo com a directora-geral da unidade sanitária.

Filomena Bessa destacou que em todo o hospital foram atendidos 1.556 pacientes, dos quais 660 diagnosticados com malária, 196 com diarreia e 176 com doenças respiratórias agudas.

 
Maianga

O Hospital Josina Machel atendeu, na semana passada, 5.345 pacientes com diversas patologias, com destaque para os 218 casos positivos de malária, avançou a directora clínica.

Verónica Lázaro disse que, além da malária, também foram registados, no Banco de Urgência de Medicina, casos de hipertensão arterial, acidente vascular cerebral (AVC), tuberculose pulmonar, insuficiência renal crónica e aguda, diabetes mellitus descompensada, doenças respiratórias agudas e diarreias.

Outras patologias mais frequentes, continuou, no Banco de Urgência de Cirurgia, foram os politraumatizados, traumas crânio encefálicas graves e moderados, abdómen agudo, hérnias inguino escrotais e abcessos alvéolos dentários.

 
Camama

Um total de 8.420 pacientes foram observados, na semana passada, no Hospital Geral de Luanda, informou, ontem, o director clínico.

O médico Magalhães Sobrinho disse que as principais patologias registadas nos últimos dias foram a malária (1.021), as doenças respiratórias agudas (283), diarreias (197) e hipertensão arterial, com 109 casos.

A área de Ortopedia, destacou o especialista, assistiu 343 casos de quedas, 148 por acidente de viação, 107 por agressão física e 73 por atropelamento.

 
Cacuaco

Cerca de 131 mulheres deram à luz, na semana passada, no Hospital Municipal de Cacuaco, anunciou, ontem, a directora-geral da unidade sanitária. A médica Anizeth Cutatela adiantou que 4.774 pacientes foram atendidos em todo o hospital, sendo 2.908 nas consultas externas e 1.866 nos bancos de urgência.

 
Cazenga

O Hospital Municipal do Cazenga assistiu, na semana finda, 192 pacientes na área de Gineco-obstetrícia, informou, ontem, o director clínico da instituição, José Mário.  O hospital, disse, atendeu 1.587 pacientes, sendo 957 por malária.

Ainda no Cazenga, no Hospital Geral dos Cajueiros foram atendidos 1.863 casos de malária, 416 por hipertensão arterial e 227 por diarreia, disse o director clínico, Tomás Fernando.


Exame tardio
Malária provoca internamento forçado

Dores de cabeça, musculares e febres levaram a jovem Neusa Augusto, de 23 anos, às urgências do Hospital Augusto Ngangula. Grávida de seis meses, a jovem contou que a princípio sentia ligeiras dores de cabeça, mas não foi o suficiente para levá-la ao hospital.

Uma semana depois, disse, a situação agravou-se, o que a obrigou a recorrer às urgências do Hospital Augusto Ngangula, onde é assistida desde o início da gestação. "Não tomei nada em casa para aliviar as dores, apenas os medicamentos receitados por causa da gestação, como ferro e vitaminas”, disse.

A médica especialista em Ginecologia Obstétrica Nvindo Teresa disse que a paciente deu entrada no dia cinco deste mês, com queixas de dores de cabeça e febres. Feito o diagnóstico, explicou, concluiu-se que, apesar de estar grávida de seis meses, está com malária grave e crise vaso-oclusiva, em função da anemia falciforme, uma patologia que a acomete há anos. 

De acordo com a médica, a paciente, depois de ter sido medicada, recupera satisfatoriamente. "Nas últimas 22 horas aqui no hospital, a paciente não apresentou nenhuma alteração que nos preocupasse, por isso dentro de dias poderá ter alta médica”, realçou a especialista.


Obstetras indicam medidas para ajudar a aumentar a imunidade na gestação

No período gestacional em que muitas mulheres se tornam sensíveis, vulneráveis e com maior risco a certas doenças oportunistas como a malária, durante a gestação, os médicos aconselham o redobrar de cuidados essenciais de saúde para a prevenção.

Sendo a malária uma doença com maior risco de morte causada por transmissão de parasitas através da picada do mosquito, causador da patologia, a directora clínica do Centro de Saúde do Sambizanga, Augusta Chandicua, explicou que a gestante pode apresentar alguns sintomas como sangramento e contracções uterinas que, se evoluírem, podem apresentar ameaça de aborto, parto prematuro, dependendo da idade da gestante.

A médica deu a conhecer que no banco de urgência daquela unidade hospitalar foram observados 583 pacientes com malária e 64 com problemas de nutrição.

 
Samba

O Centro de Saúde da Samba prestou auxílio médico a 2.935 utentes e destes 834 deram entrada no banco de urgência para a contínua observação clínica, tendo em conta as patologias apresentadas, informou a directora clínica.

Dentre estes, Rosa Manuel explicou que 236 foram diagnosticados com malária, 49 com doenças diarreicas agudas, 48 com respiratórias agudas e 27 com hipertensão arterial. Na maternidade 68 partos foram realizados e nas consultas realçou que foram atendidos 75 pacientes em Estomatologia, 26 em Oftalmologia e 23 em Nutrição.

 
Talatona

A chefe do Banco de Urgência do Hospital Municipal de Talatona informou que nas últimas 72 horas 175 pessoas deram entrada com malária, 57 com doenças respiratórias agudas, 47 com gastroenterite, 24 com doenças diarreicas agudas e oito com hipertensão arterial.

A médica Isabel Rodrigues avançou que na área de Clínica Geral foram atendidos 360 pacientes, Pediatria 350 e em Ortotraumatologia 32. 


Zango

A equipa médica do Hospital Municipal Zango 2 assistiu, no seu banco de urgência, 1.176 pacientes com malária, 53 com doenças diarreicas agudas, 24 com respiratórias agudas e 16 com hipertensão arterial, informou o director clínico.

Sebastião Senga frisou que, além destes casos, foram assistidos também 780 crianças em Pediatria, 494 em Clínica Geral, 273 na Maternidade, com 72 partos realizados, 142 em traumas, dos quais 19 por acidentes de viação, 15 por agressão física e cinco por ferimentos com arma branca.


Neves Bendinha

O banco de urgência para utentes com queimaduras do Hospital Geral Especializado Neves Bendinha assistiu, nas últimas 72 horas, um total de 39 pacientes com queimaduras, sendo 20 adultos e 19 crianças e deste número nove resultaram em internamentos. "Infelizmente, tivemos 4 óbitos de pacientes que se encontravam internados no serviço de Cuidados Intensivos, com queimaduras superiores a 30% da superfície corporal”, informou a directora clínica. 

Antonieta Guilherme explicou que as queimaduras aconteceram em casa por gasolina e fogo posto. Por acidente doméstico, disse que houve 28 casos, cujos agentes causadores foram líquidos super aquecidos com 22 ocorrências, petróleo com três e um por tentativa de suicídio.

No Banco de Medicina, a médica explicou que foram atendidos 411 pacientes, dos quais 257 adultos e 154 crianças, em que as patologias mais frequentes foram a malária, com 264 casos, 26 com hipertensão arterial, 14 com doenças diarreicas agudas e 13 com doenças respiratórias agudas.

Madalena Quissanga

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