Desporto

Número de treinadores inviabiliza massificação

Adilson Francisco

Jornalista

O número reduzido de professores em Angola inviabiliza a execução do programa de massificação e dinamização do voleibol elaborado pela Federação para o ciclo olímpico 2020-2024. A constatação é do presidente de direcção, Valentim Domingos, quando procedia ao balanço da primeira fase do circuito nacional de voleibol de praia, disputado na Arena BAI na Ilha do Cabo em Luanda.

29/02/2024  Última atualização 11H15
Circuito vai passar nas cidades do Sumbe e do Namibe © Fotografia por: EDUARDO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO

Em declarações ao Jornal de Angola, o antigo voleibolista do 1º de Agosto assegura a fraca presença de profissionais ligados ao desporto.

"Temos poucos treinadores de voleibol formados, por isso, enfrentamos dificuldades na prossecução e dinamização do programa de massificação no país. Por outras palavras, não há profissionais à altura para transmitir conhecimentos aos atletas dos escalões de formação”, afiançou.

Com vista a inverter a situação, Valentim Domingos apresentou a estratégia da Federação Angolana de Voleibol (FAVB), de modo a conter a situação preocupante: "A Federação realiza formações direccionadas a professores de educação física e aos atletas com potencial para ensinar a modalidade, porquanto o voleibol possui especificidades complexas como na execução dos gestos técnicos”.

A falta de materiais desportivos embaraça o programa de formação e capacitação de novos treinadores de voleibol, segundo o presidente.

"Temos problemas de equipamentos desportivos como redes, bolas e transporte para a mobilidade dos meios nos campos como o da praia do Cacuaco e na Marginal do Benfica. O último recinto fica distante de muitos atletas ávidos de aprender os princípios do voleibol e de professores de educação física”, exemplificou. Valentim Domingos exaltou a dedicação dos membros da Associação Provincial de Voleibol do Namibe no processo de massificação e admitiu o fraco desempenho das demais instituições. "Namibe é a filial que dispõe do maior número de treinadores em Angola. É o centro do voleibol. Luanda tem poucos técnicos para aquilo que se pretende e Benguela não tem treinadores especializados. Nessas duas últimas províncias, temos mais atletas federados que preenchem as vagas na lista de treinadores nos escalões de formação. O mesmo acontece com Cuanza-Sul, onde os treinos são feitos com técnicas primárias”, esclareceu.

Face aos constrangimentos no processo de formação de voleibolistas, o gestor federativo comentou o estado geral da modalidade.

"Está bem, embora esteja limitado por um ou outro condicionalismo. Apesar disso, conseguimos obter bons resultados com o que dispomos. Prova disso é a segunda etapa do Circuito Nacional de voleibol de praia que, depois da realizada em Luanda, será disputada em Março na província do Cuanza-Sul e a terceira, em Abril, na cidade do Lobito”, destacou.

 

 

  Falta de associação encrava competências

A inexistência de uma associação provincial de voleibol no Cuanza-Sul contribui para o não crescimento e desenvolvimento das competências competitivas dos atletas. A afirmação é da voleibolista Letícia da Silva, atleta do Atlético do Sul, considerada uma das melhores da zona central do país.

Em conversa com o Jornal de Angola, ontem, a jovem de 22 anos mostrou-se preocupada com a situação, pois os atletas estão privados de competições para aumentar as valências técnicas e tácticas.

"Temos poucas competições de voleibol por não haver uma associação. Isso faz com que não evoluamos as nossas técnicas e tácticas. Sem número elevado de provas, os jogadores não têm obtido resultados excelentes nos campeonatos nacionais”, assegurou.

Perante a realidade, a modalidade tem pouca adesão, segundo a Letícia.

"Temos um número reduzido de jogadores a praticar o voleibol na província, por isso, precisamos de uma associação com urgência para dar maior valorização à modalidade”, justificou.

Ante a contrariedade, a voleibolista lamenta: "Por essa razão, os atletas locais dificilmente são chamados para integrar a Selecção Nacional, visando os torneios internacionais”. 

A estudante de engenharia electrónica revelou que as competições internas são realizadas por iniciativas dos atletas.

"Nós, atletas, realizamos as provas, definimos as regras do jogo e pagamos a arbitragem. Muitas vezes, os professores de educação física são os árbitros e as instituições escolares ajudam-nos também na organização dos eventos”, realçou.

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