Nos tempos que correm, na abordagem sobre a importância da liberdade de imprensa na construção da democracia, é incontornável que se fale e se discuta sobre o papel e o impacto das redes sociais na facilitação do acesso à informação por parte do público. Do mesmo modo que com o surgimento da imprensa, entendida em sentido lato, assistimos a uma maior difusão de ideias, de cultura e de conhecimentos, com o aparecimento das redes sociais a divulgação de factos e acontecimentos ganhou outra dimensão.
Para uma melhor compreensão deste artigo de opinião, afigura-se forçoso um recuo histórico, ainda que telegráfico, à Guerra Civil chinesa, que decorreu entre 1927 e 1949, entre comunistas sob a liderança do Chairman Mao Tsé-Tung, que defendiam uma revolução socialista, o fortalecimento do poder dos trabalhadores e camponeses, contra os nacionalistas sob a liderança de Chiang Kai-Shek, que defendiam a ditadura burguesa do proprietário e capitalismo, onde os primeiros venceram a guerra e os segundos foram forçados a se refugiarem na ilha de Taiwan.
Comecei a lidar com livros ainda em tenra idade, em Malanje. Minha memória conserva um episódio doméstico bastante curioso: meu pai, professor do ensino primário, armazenava na estante da sala obras de diversos géneros, dentre elas um antigo livro:“O Nosso Dicionário”. Do outro lado estava uma tarimba de alimentos.
O meu olhar entre as duas exposições estava muito mais fixado na tarimba dos alimentos. Por vezes, meu pai lia um livro e seus olhares convidavam-me a fazer o mesmo.
Lembro-me de um amigo do meu pai ter frenquentado a nossa casa com o objectivo principal de consultar o "O Nosso Dicionário”. Quando completei 14 anos compreendi a verdadeira importância daquele livro.
Li um artigo de um renomado articulista estrangeiro, em que o mesmo dizia que o "estado normal de um cidadão culto consiste na ardente sede pela leitura e na natural necessidade de pesquisa, sobretudo, das questões ligadas às suas origens e cultura”.
Existem defensores que sustentam a ideia de que,para se ler depende da situação social. Para estes, o pão é o pré- requisito para o estímulo à leitura.
A nossa sociedade está em autêntico conflito entre o livro e o pão. Por vezes os dilemas da vida social nos colocam na escolha de duas opções: ler ou comer? Será que se dedicar à leitura é sinónimo de que o pão está garantido? Não se pode comprar livros e alimentos ao mesmo tempo ou um de cada vez? Se os livros estão caros, os alimentos estão baratos? Estas são questões que colocam em desvantagem o livro.
Apesar da estante de livros estar diante da tarimba de alimentos, não tenho memória do meu pai se preocupar primeiro com a tarimba e depois com a leitura. Nem o seu amigo tinha esta preocupação como requisito para ler. Por esta razão, compreendi que ambos carregavam um forte desejo pelo conhecimento e satisfaziam as suas aspirações independentemente de qualquer circunsntâncias.
Deste modo, percebi que ler é uma questão de mobilizar a consciência.É verdade que precisamos de pão sobre a mesa, mas, se não nos educarmos, o livro ficará na estante como um objecto do museu.
Os líderes de opiniões, encarregados de educação, professores, escritores, jornalistas e demais agentes e instituições devem estimular a sociedade para hábitos de leitura e pesquisa. Um povo que lê cresce em forma triangular: social, cultural e politicamente.
Tenho um colega na Brigada Jovem de Literatura de Angola-BJLA que todo o dia 23 de Abril compra igual número de livros. Ele afirma que faz isso em homenagem ao William Shakespeare e Miguel Cervantes, operários da palavra que ele tanto admira. Na referida data celebra-se o Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor. É igualmente o dia do nascimento e da morte destes renomados autores.
Todos grandes autores marcam a vida de bons leitores. Não ler os seus escritos constitui um atentado à intelectualidade. Sempre que vou à Biblioteca Nacional e da União dos Escritores Angolanos sinto que os livros clamam por leitores.
Por outro lado, tenho estranho pressentimento de que o pão grita em alta voz por saber que está a ser consumido agressivamente e o livro de modo moderado. Por isso, temos de mobilizar a mente e criar um programa para que o livro se torne na nossa agenda como o pão diário e seja um bem valioso como qualquer alimento.
*Secretário-Geral da Brigada Jovem de Literatura de Angola-BJLA
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