Entrevista

Entrevista

“O primeiro jogador angolano a abraçar um campeonato profissional no exterior do país fui eu!”

Carlos Miranda

Jornalista

Kaissara é um poço de revelações quase inesgotável, como a seguir verão ao longo desta conversa, em que aponta os caminhos para um futuro mais consequente da modalidade; avalia o presente das políticas adoptadas sobre a massificação e formação. Mostra-se convicto de que o país pode, sim, continuar a ser a maior potência africana do Hóquei em Patins

20/04/2024  Última atualização 08H35
Damásio Júnior, “Kaissara” © Fotografia por: João Gomes| Edições Novembro
Nasceu numa zona suburbana de Luanda, onde a modalidade - rainha de mais fácil acesso sempre foi o futebol…
Como foi abraçar uma modalidade considerada de elite, demarcando-se daquilo que seria o mais normal para um negro da periferia?

O primeiro contacto com a modalidade foi quando o meu pai conseguiu trazer para casa um par de patins que mal conhecia; para mim, tratava-se apenas de uns engraçados "sapatos com rodas” que, entretanto, me despertaram curiosidade. Então, eu ia para a escola, voltava e nas horas livres calçava os patins e exibia-me primeiro no quintal. Como o Cassequel, já na altura,  tinha ruas asfaltadas, isto facilitou-me à adaptação aos patins. Portanto, os meus primeiros passos para posterior integração na modalidade foram dados na rua.

Entretanto, depois de me ter mudado do Sambizanga para o Cassequel, abre-se uma escola de patinagem no campo do ASA, localizado nas imediações do Aeroporto de Luanda, em 1974. Lá inscrevi-me e lembro-me que o meu primeiro treinador foi o professor Necas Ferreira, um célebre jogador do BCA, de quem tenho belas recordações.

Em 1974, Angola esteve prestes a organizar o Campeonato do Mundo. Este facto não o influenciou, no sentido de adoptar a modalidade ou sequer sabia o que estava para acontecer?

Eu tive conhecimento deste facto a partir do momento em que estava na escola do CDUA, pois, nessa altura, já morava no Bairro Alvalade. Então,  deixei de treinar nessa equipa, deixando o ASA, uma vez que a minha nova residência ficava longe do Aeroporto. No CDUA, encontro-me de novo com o senhor Necas Ferreira, começando praticamente a minha carreira como jogador de Hóquei em Patins e a sério.

Aliás, a construção do Pavilhão da Cidadela Desportiva, em Luanda, foi graças ao plano da realização do primeiro Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins em África. E já estavam cá algumas selecções como as da Argentina, da França, etc., quando se dá a Revolução dos Cravos, em Lisboa. Também foi, a partir deste momento, que me apercebi de que a massificação passou a ser mais sustentada devido ao material desportivo proveniente de Portugal. É neste contexto que surgem os famosos patins "Charra Charra” que calçou a maior parte dos primeiros jogadores angolanos no período pós-Independência.

Naquela altura, já havia grandes craques, muito mais velhos do que o senhor… sabe-se que muitos deles tiveram uma forte influência na sua formação, incluindo na própria Selecção Nacional. Pode revelar-nos alguns nomes?

Sim, naquele exacto momento, houve grandes jogadores que me influenciaram. O que mais retenho na memória até hoje foi o Francisco Fragata. É o meu ídolo! Mas, existiram também outros craques, tais como o Sá Fernandes, o Viegas, o Zé Araújo ou o Arlindo, que de facto eram também  jogador e brilhantes.

Quando visse um jogo no CDUA ou mesmo na Cidadela, os jogadores que mais se destacavam eram o Fragata de um lado e o Arlindo do outro... Mas isto não quer dizer que não houvesse outros jogadores fortes, pois lembro-me, por exemplo, do Aníbal Mendoça, o Magalhães (Guarda-redes) e um jogador negro, o Sérgio. Mas foi-me informado que o primeiro jogador negro de destaque daquela e da anterior geração foi o Manuel Faria, o músico-compositor, irmão da engenheira Albina Assis.

Eram poucos os negros a evoluir na modalidade, como foi o caso de João Cruz que, aliás, foi o treinador que me despontou a nível profissional. No CDUA, que depois foi transformado em Escola do Kassenda, emergiram muitos treinadores, entre os quais o Marinho, que também era árbitro e taxista. Acho que foi o último taxista português que ficou em Angola naquele período.

Lembra-se do seu primeiro jogo oficial e em que medida o projectou, quer a nível nacional como internacional?

Aconteceu em 1976, já com 16 anos, quando formámos a grande equipa de juvenis formada por Mingo, Sousa, Julião e Johnny. Este team do Kassenda constituiu a primeira fornalha da massificação planificada no país. Ganhámos tudo!!! Estes jogadores formaram a primeira pré-Selecção de Angola que, por seu turno, fez surgir a célebre Selecção de 1982, simplesmente fantástica.

Que lições de vida leva do treinador Necas Ferreira?

Como disse, ele foi o meu mentor. Num encontro de trezentas crianças que apareceram no CDUA para aprender a patinar, ele fez a escolha dos melhores e entre estes estava eu…

Este senhor foi um dos principais massificadores, pois coordenava a melhor escola de hóquei em patins - o Kassenda. O Kassenda foi a escola onde começaram a despontar os primeiros jogadores de cor negra e ingressaram nas equipas que vinham do tempo colonial. Posso citar alguns como o Kaissara, Pepe, Geny, Julião, Johnny, Sony, Baiana, Paulo Cabral, Amado, Bulica, Lino, enfim, era uma panóplia de jogadores brilhantes.

O que é que se passava com o Hóquei nas restantes províncias do país, nomeadamente em Benguela e no Namibe, que dizem ser berço da modalidade?

Eu, naquele tempo, era ainda muito jovem, mas tenho a percepção de que de Benguela vieram para Luanda muitos grandes jogadores, que fizeram parte desta pré-Selecção a que me referi, como foram os casos de Alcino Santana, o Cândido Teles, o Humberto Domingos e o Mário Santana. Sim, a província do Namibe era o berço da modalidade, mas já em 1975, muitos dos seus craques já estavam velhos e não participaram desta equipa, tanto é que o Fragata era proveniente daquela região.

Destes mais velhos, é de salientar um nome: Chalupa, um negro que no seu tempo era considerado um grande craque! Devo mencionar outros nomes sonantes do Hóquei em Patins, como o Manjericão, o Fernando Ferreira, os irmãos China ou o Deslandes Rafael que fizeram a primeira massificação onde surgiram Kaissara, Johnny, Sony, Samuel, etc…

A sua trajectória é longa, mas interessa-nos saber como surgiu a oportunidade de jogar na Itália, numa altura em que praticamente era impossível sair do país?

A minha história, em relação à Itália, começou assim: em 1982, vamos ao Campeonato do Mundo, em Espanha. Depois da Independência, era a primeira competição em que Angola foi representada por uma equipa de desporto colectivo. Fizemos um estágio no Huambo de dois meses e outro estágio em Portugal, de um mês em Cruz Quebrada, Lisboa, onde havia alguns "experts” que me viram a actuar em jogos de preparação.

Foi nesta altura em que comecei a despertar um elevado interesse por parte de equipas estrangeiras. Depois do estágio em Portugal, fomos ao torneio de ante-câmara para o Mundial, em Montreux. Postos nesta competição, em que ficámos em último lugar, fui considerado "Jogador Revelação”, ficando na lista dos melhores jogadores do mundo. Nós, como estávamos num país em guerra, fechado, o espanto do mundo todo foi tentar perceber como é que um país naquelas condições aparecia pela primeira vez numa competição do género e faz um brilharete? Ficámos em último lugar, é verdade…

Foi a primeira experiência que tivemos, mas dentro daquela equipa saíu o jogador "Revelação”, ganhando o primeiro troféu "Jean Pierre Monet”, o fundador deste grande torneio de Montreux que existe desde 1921.

Em função disso, vamos então ao Campeonato do Mundo em que fizemos um grande jogo contra a Itália, campeã em título, tendo a nossa Selecção estado a ganhar por cinco bolas a zero. Eu marquei dois ou três golos nesse jogo e, pronto, aí o meu nome começou a aparecer…

Equipas portuguesas como o Benfica e o Sporting de Portugal tinham mostrado interesse em contratar-me, mas eu era muito jovem, o nosso país era muito fechado…

O único passaporte que ficava nas mãos do Rui Mingas, Secretário de Estado dos Desportos e de Sardinha de Castro, Director Nacional dos Desportos, era o meu, porque provavelmente havia o medo de ser "raptado”, levado, enfim. Mas, eu não sabia muito bem das coisas e senti que o mundo começou a interessar-se em mim, mas não estava nem aí…
Eu só queria jogar!

A sua ida à Itália até hoje ainda está envolta numa certa polémica. Na altura, falou-se bastante sobre uma fuga... fugiu?

Não. Eu saí oficialmente. Depois do Campeonato do Mundo de 1982, voltei para Angola e começo a jogar pelo Sporting de Luanda… Em 1984, fomos participar no Campeonato do Mundo do Grupo B, em França, onde pudemos conquistar a primeira posição, subindo de categoria. Depois, conseguimos participar no Campeonato do Mundo A, no Brasil, onde nos posicionámos em sétimo lugar.

Quando eu regresso desta competição, estando eu em casa, sou surpreendido pela presença do embaixador italiano acompanhado por uma equipa. A intenção foi clara.

Um clube italiano queria contratar-me. Falaram com o meu pai que, relutante, justificava que não valia a pena pensar naquilo porque eu estava a estudar, etc., etc.

Já não me lembro do nome do embaixador que disse ao meu pai que "este miúdo tem de ir para a Itália porque no meu país só se falava dele”…

O problema passou então para a responsabilidade das autoridades angolanas, nas pessoas do falecido Rui Mingas e do Professor Sardinha de Castro. Estes dois senhores é que eu posso considerar como os facilitadores da minha ida à Itália, como hoquista a nível internacional. Estes conversaram com os meus pais e a parte italiana.

Mas, havia uma cláusula que eu devia cumprir: sempre que fosse chamado para a Selecção Nacional, eu tinha de me integrar nela imediatamente. Sempre cumpri, mas não ganhei nada.

Nessa altura, eram raros os atletas angolanos que conseguiam emigrar. Jogadores como Ndungidi Daniel e muitos outros não conseguiram fazê-lo…

A minha sorte, acho eu, é que tive duas pessoas que conheciam bem o desporto a nível internacional, principalmente o falecido Rui Mingas, que (ainda no tempo colonial) já tinha despontado como uma estrela em Portugal. Ele tinha essa sensibilidade. Eles convenceram as autoridades angolanas a deixarem-me sair oficialmente. Foi a minha sorte. Eu quebrei certas barreiras.

No meio deste imbróglio, qual foi a posição definitiva do pai?

Não teve como. O meu pai, teve de acatar, cumprir. Mas, eu já estava no primeiro ano de Direito e já não terminei, pois, o Hóquei estava-me no sangue. Mas, por outro lado, o meu pai teve uma alegria, uma vez que era meu seguidor. Não havia jogo nenhum que ele não assistisse e sempre que fosse levava os meus irmãos.

Eu tenho irmãos que por minha causa também fizeram hóquei e um deles é o Tony "Maradona” que jogou no CDUA e depois no Benfica. O outro é o Adelino Dias dos Santos, também no CDUA. Infelizmente, não tiveram a mesma projecção...

Mas, o quê, em concreto, um jogador negro saído de Angola estar na Itália, ainda nos anos 80?

Não se esqueça que antes de ir para a Itália eu já tinha conhecido outros países (França, Portugal, Suíça, Brasil). Eu tive este contacto com os europeus. Nada me assustava e adaptei-me na perfeição ao meio, aos convívios.

A minha primeira equipa na Itália foi o Hóquei Serenho, da região da Lombardia, Milão. Uma equipa grande, de muito dinheiro. Foram eles que me vieram buscar; fizeram o contrato com o senhor Tarique, que era o presidente dos Leões de Luanda.

Fiquei nesta equipa durante duas épocas. Depois fui para o Hóquei Modena, onde fiquei de 1984 a 1991.

Em 1989, abdiquei da Selecção Nacional porque a idade já não permitia. Fiz o meu último Campeonato do Mundo, na Argentina. Participei pela Selecção em quatro Taças das Nações, três campeonatos do Mundo A e um Campeonato do Mundo B.

Depois de tantas contratações, que compensação financeira obteve?

Comparativamente às outras, o Hóquei em Patins é uma modalidade que não paga fortunas, principalmente no nosso tempo. Em certos países, até não era uma modalidade desportiva profissional. Posso dizer que ganhei muita experiência como homem. A nível da Selecção não tive, mas tive nos clubes onde joguei. Mas esta compensação, não te dá saúde financeira suficiente para sobreviver até nos dias de hoje.

O Hóquei em Patins ensina-te a ser homem, a ser trabalhador como sempre fui e continuo a ser até hoje. Ensina-te como saber perder e como ganhar. Hoje, com os meus sessenta e quatro anos, a única coisa que eu espero é que um dia a República de Angola reconheça também os feitos do nosso tempo, quer nas selecções nacionais, como nos clubes, dentro e fora do país, onde fomos, de facto, embaixadores e bons patriotas. Sei que existem "discussões” entre alguns organismos desportivos e o Ministério, no sentido de que, futuramente, exista uma pensão vitalícia para alguns jogadores da Selecção.

Os praticantes antigos da modalidade não estão organizados para que com maior sustentabilidade possam atingir os seus objectivos imediatos, já que a idade não perdoa? Refiro-me, por exemplo, a uma associação…

Olhe, neste momento está a falar com um membro da Associação dos Antigos Praticantes da modalidade. Trata-se de uma associação nova, mas organizada. Temos realizado algumas actividades, mas por falta de finanças, não nos foi possível, por exemplo, participar no Campeonato do Mundo das Velhas Guardas, em Leipzig, na Alemanha. Tudo fizemos para viajarmos e participar, mas infelizmente não obtivemos apoios, nem do Estado e nem da sociedade civil. Tivemos algum apoio de pessoas amigas e de um ministério, que me escuso a revelar, mas o Hóquei em Patins tem muito bem registado o seu gesto.

A ideia continua de pé. As portas tardam em abrir, temos pessoas interessadas em ajudar, mas como o país está em crise (e nós reconhecemos este facto), alguns membros da Comissão Executiva da associação tentaram tirar do seu próprio bolso o que foi possível, mas, enfim, não tivemos os valores necessários.

Quero realçar que não solicitámos apoios directamente ao Ministério, mas à alguns organismos do Estado, empresas privadas. Não conseguimos. A Associação dos Antigos Hoquistas já está criada e vamos trabalhar com a Federação da modalidade para que seja legalizada e formalizada junto do Ministério da Juventude e Desportos.

Kaissara, quem foi o melhor hoquista de Angola?

Embora ele tivesse muito pouco tempo na Selecção de Angola pós-Independente, para mim o melhor jogador é o Fragata. Fez um Campeonato do Mundo e parou. Quem deu continuidade foi a minha geração e nesta despontaram muitos jogadores brilhantes. Eu não posso dizer: "eu fui o melhor jogador de Hóquei de todos os tempos” … Fez-me esta pergunta, mas eu não sei como respondê-la…

Então, vou fazer a pergunta de uma outra forma. Quem foi o jogador com mais representatividade da sua geração, dentro e fora do país? Aquele que brilhou mais do que todos os outros?

Eu não quero falar de mim… Mas o meu reconhecimento está à vista. Por isso é que fui a mascote do Campeonato do Mundo realizado em Angola…

Falando da Mascote do Mundial, por que foi nomeado o "Kaissarinha” e não o "Fragatinha”, "Charra-Charra” e o "Kassendinha”?

Houve uma eleição e eu sai vencedor com uma larga vantagem. O "Kaissarinha” ficou com trezentos e tal votos e o "Fragatinha” com cinquenta e tal. Foi uma diferença abismal. Depois da Independência, reza a história que foi o primeiro hoquista profissional a jogar fora do país, com contrato assinado. Trata-se de um registo de peso para a sua trajectória…

"Puxou” os outros para que fossem e também brilhassem nos outros campeonatos. Confirma?

Depois da Independência, de todos as modalidades, o primeiro jogador angolano a abraçar um campeonato profissional no exterior do país, fui eu. Confirmo! Muitos fugiram, não foram oficialmente. Há jogadores que iam pela Selecção e não regressavam. Influenciei alguns jogadores a aplicarem-se também noutras modalidades e singrarem no exterior. Portanto, eu posso me considerar o pioneiro da abertura do profissionalismo no estrangeiro após a Independência.

O que é que se passa com a massificação do Hóquei em Patins no nosso país?

A massificação depende do material. Angola não fabrica material de hóquei em patins.
Por altura da organização do nosso Campeonato do Mundo, comprou-se muito material. Várias províncias receberam-nos, Luanda incluindo. Nós, infelizmente, temos um problema com a gestão e a manutenção do equipamento e das infra-estruturas.

 

Escola de patinagem
Como é que vai à formação? Sabe-se que teve uma escola…

Antes da realização do Campeonato do Mundo, tive um encontro com o ex-Presidente da República, por altura da apresentação da mascote, no Campo Mário Santigado, no Sambizanga, em 2013. No decorrer de uma conversa, ele perguntou-me por que razão não abria uma escola de patinagem. A partir daí, fui madurecendo a ideia.

Solicitei patrocínios e consegui material didáctico para a escola de formação, através do Ministério da Juventude e Desportos que cedeu o pavilhão anexo da Cidadela Desportiva. Abri a escola e sabe como é que as coisas aqui em Angola funcionam. No acto inaugural, todas as promessas de apoio surgiram, mas não passaram disso mesmo: promessas. Surgiram empresários que disseram que apoiariam com merendas, outros com água, saúde, enfim. Na massificação, se não tiveres apoio do Estado, esqueça!

Eu tive cento e cinquenta crianças inscritas, mas senti sempre a falta de apoio institucional. Tive de contratar um treinador que tinha de ser regularmente pago, e partir do momento em que me transfiro do Alvalade para o Kilamba, as coisas pioraram. Tinha de sair tudo do meu bolso e este era insuficiente…

Mantém a esperança de que a escola pode ser reaberta? Houve uma mudança no Ministério e isto pode alterar as coisas…

Mantenho! Tenho uma boa relação com o novo elenco da Federação, com o ministro da Juventude e dos Desportos, que conhecem bem a minha história. Trata-se de pessoas interessadas em desenvolver o hóquei. Vou me sentar com eles para que possa abrir uma nova escola, de preferência, na cidade do Kilamba, pois é um poço de desenvolvimento muito bom. Vejo muitas crianças a patinar… falta-lhes um pavilhão, que não precisa de ser grande. Um de duas mil pessoas serviria e nesta localidade há muito espaço. É um assunto que eu peço às autoridades uma reflexão séria.

O que é que se adivinha para o futuro do Hóquei em Patins em Angola?

Tendo feito parte da Federação liderada por Carlos Alberto Jaime (Calabeto), e com esta nova direcção presidida pelo senhor Dionísio, continuo a ver com uma grande esperança a evolução da modalidade, pois há determinação de se dar continuidade aos projectos de massificação e formação. Se reparar, nesta última participação no Torneio de Montreux, a Selecção Nacional de Angola continua a renovar. Muitos jogadores bons são mesmo daqui e outros continuam a desenvolver-se no exterior do país, especialmente em Portugal.

O Hóquei está melhor ou pior?

Muito melhor? Com um fraco Campeonato Nacional, ainda assim, nós somos a sexta selecção no ranking do mundo! Somos os campeões de África! Nós temos capacidade técnica e atlética para irmos mais longe. O que nos falta são infra-estruturas adequadas e não estou a falar de pavilhões como o multiusos ou como a Cidadela.

Falo de campos pequenos como o do CDUA, por exemplo, mas com cobertura. Não precisamos de coisas faraónicas.

 
Kaissara com Pino Marzella (italiano) Melhor jogador do mundo nos mundias de 1982/84/86


Do Sambizanga para o mundo

…Damásio Júnior deve ser provavelmente um dos maiores hoquistas do seu tempo.

Muitos da sua geração que com ele jogaram e julgaram o seu desempenho, arriscam mesmo em considerá-lo como o maior de todos os tempos, competindo com os "ases” de um baralho bem composto por estrelas como Fragata, Sá Fernandes, Arlindo e muitos outros que funcionariam como as estrelas do primeiro Campeonato Mundial de Hóquei em Patins que seria realizado, em 1974, na então província de Angola.

Kaissara, alcunha pelo qual é conhecido desde o momento em que nasceu no Sambizanga, aos 9 de Junho de 1960, nem sequer sonhava em calçar os patins e muitos menos alcançar o estrelato fora do país, quando surpreendentemente assinou um contrato com destino à Itália. Foi o seu destino, a exposição do seu talento, o histórico da sua resiliência que o transformaram num exemplo a seguir por outros atletas angolanos, que a partir dos anos 80, decidiram mostrar por que razão Angola foi sempre uma nação a respeitar no Hóquei em Patins. Hoje, o país domina a modalidade em África e meio planeta, tendo conquistado no ranking mundial o confortável sexto lugar, a seguir às principais potências: Itália, Argentina, Portugal, Alemanha e Espanha.

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