Cultura

“Pedidos só no Cemitério”

Jolas Katana foi militar de craveira reconhecida. Mas, a vida civil não lhe sorriu largamente como a muitos dos seus ex-recrutas que hoje têm assinatura com força executiva em vários sectores de actividade.

25/02/2024  Última atualização 10H57
© Fotografia por: DR

Desiludiu-se com a burocracia nas instituições, com a crise dos princípios da presunção da inocência e do sigilo profissional e a sua vida amorosa sempre viveu em coma profunda, tornando-o num homem adiado.

Deu uma reviravolta à sua vida quando, ouvindo o serviço de Agenda Pública da Rádio Zambola, descobriu que os colunáveis frequentavam funerais e aí aproveita para entregar papelinhos com pedidos que nunca tinham respostas nas instituições. Teve êxito inesperado em todos os pedidos!

Ficou folgado da vida com bens de luxo e casa em condomínio privado, mas a solidão o remeteu ao seu bairro com gente alegre e festiva 24/24 horas.

Quando morreu, a cidade parou literalmente. No seu funeral, o povo fez uma inovadora catarse colectiva e quando Jolas Katana chegou ao Reino dos Céus, com luz Superior, respondeu a todos os pedidos que levara da terra, tornando o mundo mais humano, solidário e agradável.

O livro "Pedidos só no Cemitério” é estudado na Escola Superior do Bengo (Licenciatura) e na Faculdade de Humanidades da Universidade Agostinho Neto. Foi adaptado para o teatro pelos grupos Miragens Teatro e Nzila Teatro. E é objecto de estudo da Tese de Doutoramento "Narrativa da Espera na Literatura Angola”, do Mestre Joaquim Martinho na Universidade de Évora, Portugal. Mestre em Direito, Adalberto Luacutié Procurador da República,membro da União dos Escritores Angolanos, docente universitário e formador do Instituto Nacional de Estudos Judiciários(INEJ).


ANÍBAL SIMÕES
"Memórias de uma Kuvale”

Aldeia de Humbia (Bibala), década dos anos 1960, Pepela, registada nos arquivos coloniais da cidade de Moçâmedes com o nome de Maria da Conceição das Neves, vive modestamente com a família. Leva uma vida pacífica, entre o gado e os afazeres domésticos.

Ao ser enviada para Moçâmedes com o objectivo de estudar, vê a sua vida mudar para sempre. A escola colonial, de um lado, e as práticas costumeiras do seu povo Kuvale, do outro, transformam-na por completo.

Casada na mais tenra idade, e com dificuldades de procriar, torna-se um pesado fardo para a comunidade, sobretudo aos olhos do marido. Decorrem dezenas de anos até que um dia, juntamente com algumas amigas, opta por migrar para a capital do país.

"Memórias de uma Kuvale” – Prémio Sagrada Esperança 2022, é um retrato vivo do impacto das práticas costumeiras negativas, da aridez do solo, da falta de água e da morte do gado nas mulheres que habitam no deserto do Namibe. Mas também, é um relato, na primeira pessoa, do sofrimento destas mulheres e da sua capacidade para resistirem às situações mais adversas.

Aníbal João Ribeiro Simões é um dos escritores angolanos mais premiados: em 1991 ganhou o Prémio Sonangol de Literatura com o romance "O Feitiço da Rama de Abóbora”, que entra nos meandros da tradição mitológica angolana através de uma narrativa densa, cativante e inesquecível. Em termos de exploração da vivência e da mitologia angolana tradicional (se quisermos pré-colonial) este romance de Aníbal Simões, muito referenciado por outros escritores, pode ser colocado no mesmo pedestal dos romances "A Konkhava de Feti” de Henrique Abranches, "Lueji” de Pepetela e "Kalunga” de Manuel Rui; "Cipembúwa”, romance, foi Menção Honrosa do Prémio Sonangol de Literatura em 1986 e é outro livro memorável de Aníbal Simões, que o assinou com o pseudónimo de Cikakata Mbalundu, pois terá sido o primeiro a fazer a narrativa da guerra civil angolana a partir da interioridade dos combatentes no terreno. Publicou, ainda, os livros "Entre a Morte e a Luz” (2002) e "A Clave da Insatisfação” (2013).

Aníbal Simões é doutorado em Psicologia e professor universitário.


EUGÉNIA PIEDADE
"Da escolha do parceiro ao ninho vazio: competências a desenvolver”

Neste livro a autora mergulha nas complexidades dos relacionamentos humanos, desde o momento da escolha do parceiro até ao eventual vazio deixado pelo ninho vazio. Utilizando uma abordagem fundamentada na inteligência emocional, o livro oferece uma jornada única, pontuada por relatos reais ouvidos em consultório, que ilustram as nuances emocionais e os desafios enfrentados em cada estágio. Através destes relatos, os leitores são convidados a reflectir sobre as suas próprias experiências e a desenvolver competências essenciais para cultivar relacionamentos saudáveis e gratificantes. Seja lidando com conflitos, transições ou momentos de celebração, este livro oferece orientações práticas e inspiradoras para fortalecer as habilidades emocionais necessárias para enfrentar as diversas fases da vida a dois.

A autora, Eugénia Piedade, é Psicóloga Clínica e da Saúde com mais de 15 anos de experiência. Graduou-se em Psicologia Clínica pela Universidade Jean Piaget de Luanda, e obteve o seu mestrado em Psicologia Clínica e da Saúde pelo Instituto Jean Piaget de Almada, Portugal. É docente universitária, especializada em Terapia Cognitivo Comportamental, Inteligência Emocional e Desenvolvimento Pessoal. Eugénia Piedade tem-se dedicado ao estudo e à prática de terapias centrados nas emoções. Ao longo de sua carreira tem trabalhado tanto na prática clínica quanto na pesquisa, buscando entender e ajudar indivíduos e casais a enfrentar os desafios emocionais em diferentes estágios da vida. "Da escolha do parceiro ao ninho vazio: competências a desenvolver” é um livro que combina a sua experiência clínica com relatos reais ouvidos em consultório, formações de casais e aconselhamento, oferecendo aos leitores insights valiosos e práticos sobre como cultivar relacionamentos saudáveis e satisfatórios em todas as fases da jornada humana.

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