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Petro e Sagrada “acordam” empate em jogo mais falado

Betumeleano Ferrão

O primeiro assistente Tomás Lima pode ter ficado mal na fotografia ao induzir o árbitro Nelson da Silva a anular a jogada que daria a vitória ao Sagrada Esperança. Mas o empate, (0-0), ontem, no Estádio dos Coqueiros, de acerto à quinta jornada do Girabola, não deve ser exclusiva responsabilidade do pretenso elo mais fraco em campo, a equipa da arbitragem.

15/02/2024  Última atualização 10H25
As duas equipas apostaram mais em picardias antigas de alta pressão sobre os árbitros © Fotografia por: M.MACHANGONGO | EDIÇÕES NOVEMBRO

A língua do Sagrada e Petro incendiou o duelo, os dois contendores reclamaram mais do que jogaram, pareciam mais interessados em criar situações para enervar o quarteto de árbitros.

Na verdade, o jogo nem sequer tinha ainda um minuto quando o árbitro Nelson da Silva foi pressionado a exibir o cartão vermelho a Cáchi. A não expulsão do atleta diamantífero acabou por inflamar os ânimos do jogo, mas pelas piores razões, tanto é assim que até ao intervalo nem miudezas de futebol se viu no relvado. As duas equipas passaram ao largo da obrigação que os levou aos Coqueiros, porquanto deram a entender que quem mais pressionasse a arbitragem ficaria, automaticamente, com os três pontos.

O facto de Sagrada e Petro terem ido ao intervalo sem criarem uma única chance de golo prova alguma coisa. O atacante Banda teve uma chance de tirar, aos 25', o primeiro zero do marcador, mas foi a atrapalhação de Tó Carneiro e Inácio Miguel que quase funcionou como "fogo amigo”.

Mais satisfeito com o lume brando, em que fingia que estava a cozer o guisado da vitória, o Petro de Luanda fez exactamente aquilo que o Sagrada Esperança queria, a posse de bola nunca significou progressão e domínio. O passo de cágado do campeão facilitou sempre a tarefa defensiva dos diamantíferos, para piorar, nas poucas vezes em que o Sagrada relaxou nas marcações, apenas na etapa complementar, o egoísmo e a falta de pontaria de Vanilson privaram os tricolores da festa do golo.

Como no futebol também há males que vêm para bem, a expulsão de Victoriano é o que afinal o Sagrada apenas precisava para ter esperança. O médio entrou aos 63' e aos 74' estava avermelhado com o duplo amarelo, mas, ironicamente, foi em inferioridade numérica que mais se viu a equipa diamantífera em campo.

O Sagrada nunca precisou encolher-se porque o Petro nunca conseguiu ter largura e profundidade. O campeão tinha bola, mas sem saber muito bem o que fazer com ela, caiu na tentação da ansiedade, ainda mais com uma unidade a menos em campo. Este pesado fardo adicional se tornou aliado dos diamantíferos, porque o campeão entrou no espírito do Dia dos Namorados, motivo por que ofereceu brindes a quem realmente estava a começar a acreditar que poderia somar os três pontos.

A defesa em linha já estava a deixar irritado o banco lunda, com os muitos impedimentos assinalados pelo árbitro assistente Tomás Lima. Mas foi apenas aos 90 + 3, ou seja, três minutos antes do fim da compensação, que a corda rebentou do lado mais fraco.

Tomás Lima foi rápido a levantar a bandeira para sinalizar fora-de-jogo. Mas o Sagrada só tinha o foco no golo, tanto é assim que nem os que estavam no relvado, nem no banco de suplentes abrandaram nos festejos do "golo”. O árbitro concordou, de imediato, com o seu auxiliar.

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