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RCA e França relançam a cooperação estratégica

O Presidente da República Centro Africana, Faustin-Archange Touadéra, adoptou, ontem, com o homólogo francês, Emmanuel Macron, um roteiro para uma parceria estratégica, no quadro do restabelecimento das relações entre os dois países, bastante afectadas, desde 2018, fruto das diferenças no combate aos grupos rebeldes.

20/04/2024  Última atualização 12H00
Presidentes Macron e Touadéra focados numa cooperação baseada no respeito pela soberania © Fotografia por: DR

O encontro entre os dois Chefes de Estado, que teve lugar no Palácio do Eliseu, em Paris, tem como objectivo pôr termo a uma ruptura entre os dois Estados, fruto das insuficiências graves na cooperação, que levou a uma aproximação entre a RCA e a Rússia, em 2018.

"O objectivo é criar um quadro para uma parceria construtiva que respeite a soberania dos Estados, a fim de contribuir para a estabilidade, reforçar a coesão nacional e apoiar o desenvolvimento económico e social da República Centro-Africana”, declarou, nota, a Presidência francesa.

As autoridades francesas referem que "um dispositivo comum de acompanhamento dos compromissos foi, igualmente, adoptado pelos dois Presidentes". Nos últimos anos, a França tem denunciado a influência crescente do grupo paramilitar russo Wagner na República Centro-Africana (RCA), acusando-o de abusos e pilhagem de recursos naturais, mas o Governo da RCA rejeita e realça o estabelecimento de parcerias político-diplomátias com base na sua soberania, adiantando que a Rússia tem sido útil no reforço  da segurança.Paris também condenou as campanhas de desinformação que alimentaram o sentimento anti-francês no país e fora dele, em particular na Região do Sahel. O Presidente da RCA, Faustin-Archange Touadéra, alterou a Constituição em Julho de 2023, num referendo. Após chegar ao poder em 2016, no meio de uma guerra civil, Touadéra foi reeleito em 2020 em condições contestadas pela oposição, num país onde a grande maioria do território era controlada por rebeldes, que o Exército repeliu com a ajuda de Moscovo.

A RCA é um dos países africanos francófonos onde Paris perdeu a influência a favor da Rússia. Depois da RCA, seguiu-se o Mali, Burkina Faso e o Níger.

Rebeldes matam cerca de 30 pessoas 

A Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-Africana (MINUSCA) afirmou, ontem, que cerca de 30 civis foram mortos em 12 dias e instou os rebeldes e as milícias de autodefesa a "cessarem imediatamente as hostilidades".

A guerra civil que o país enfrenta, desde 2013, diminuiu consideravelmente de intensidade desde 2018, mas transformou-se, progressivamente, em confrontos dispersos e esporádicos entre movimentos armados rebeldes e o Exército, refere.

"Condenamos veementemente os assassinatos desprezíveis de cerca de 30 civis em ataques, entre 2 e 14 deste mês, no Sudeste, Sul e Oeste da RCA”, declarou a MINUSCA, em comunicado. A missão da ONU, que está a actuar desde 2014, conta, actualmente, com cerca de 14 mil soldados da paz.

"Em Lime (Noroeste), em 2 de Abril, alegados elementos (do movimento rebelde) 3R (Retorno, Recuperação e Reabilitação) massacraram 24 civis, incluindo mulheres e crianças", declarou a missão, sem dar mais pormenores. Os corpos de três civis e o de uma quarta pessoa foram encontrados, em 13 de Abril, por habitantes da aldeia de Tabane, perto de Zémio, no Sudeste, segundo a MINUSCA.

Refere que no dia 14, a Força descobriu corpos na aldeia de Pologbota, sem especificar o número ou as circunstâncias das suas mortes. "A MINUSCA insta os grupos armados e os grupos de autodefesa a cessar imediatamente as hostilidades e a violência, cujas principais vítimas são os civis".

A situação de segurança deteriorou-se nas últimas semanas" na prefeitura de Haut-Mbomou, onde se situa Zémio, com ataques registados contra civis, indicou a missão da ONU, que tem contingentes marroquinos e portuguesas.

Em Dezembro de 2020, o Presidente da RCA, Faustin-Archange Touadéra, pediu a Moscovo apoio para combater os rebeldes que marchavam em direcção a Bangui, a capital da RCA. Desde então, as Organizações Não-Governamentais internacionais e a ONU acusam os rebeldes de cometerem crimes e abusos contra civis.

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