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O contingente militar do Botswana começou a retirar-se, no fim de semana, de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, marcando o início da saída da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM) que combatia o terrorismo, anunciou, ontem, a SADC.
"Entre outras realizações do mandato do SAMIM, o contingente do Botswana participou numa operação ofensiva para neutralizar os terroristas e realizou projectos de impacto rápido. Estas actividades fizeram com que um número significativo de Pessoas Deslocadas Internamente (PDI) regressasse à sua vida normal", acrescenta-se na nota.
A missão da SADC, que anunciou a retirada das tropas do Botswanana terça-feira, em Moçambique, está em Cabo Delgado desde meados de 2021 e, em Agosto de 2023, a organização aprovou a sua prorrogação por mais 12 meses, até Julho de 2024, prevendo um plano de retirada progressiva das forças dos oito países que integram a missão.
A SAMIM compreende tropas de oito países contribuintes da SADC, nomeadamente Angola, Botsuana, República Democrática do Congo, Lesoto, Malawi, África do Sul, República da Tanzânia e Zâmbia, "trabalhando em colaboração com as Forças Armadas de Defesa de Moçambique e outras tropas destacadas para Cabo Delgado". O Governo moçambicano assumiu em 26 de Março que a condição actual da guerra contra rebeldes na província de Cabo Delgado justifica a saída daquela missão militar.
"A situação em que nós nos encontramos agora é muito diferente daquela em que nós estávamos quando esta força veio a Moçambique. A situação actual já justifica que se accione a sua retirada", declarou Filimão Suaze, porta-voz do Governo moçambicano, momentos após uma reunião do Conselho de Ministros, em Maputo. A ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação moçambicana anunciou, em 23 de Março, que as tropas da SADC vão abandonar o país devido a limitações financeiras.
"A SAMIM está a enfrentar alguns problemas financeiros e nós, Moçambique, também temos de tomar conta das nossas tropas e teríamos dificuldades em pagar pela SAMIM. Os países não estão a conseguir colocar o dinheiro necessário", declarou Verónica Macamo. Segundo o porta-voz do Governo, a retirada da tropa da SADC este-ve sempre na mesa e nada impede o Governo de voltar a solicitar a missão, caso julgue necessário.
"Estas missões sempre têm um prazo, para o início e para o seu término. Esperamos que todos os pressupostos sejam observados para, até ao fim de Julho, esta força tenha regressado, nada obstando que, entendendo haver necessidade do seu regresso a Moçambique, assim o seja", acrescentou o porta-voz do executivo moçambicano.
A província de Cabo Delgado enfrenta, há seis anos, uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. A insurgência, que desde Dezembro de 2023 voltou a recrudescer com vários ataques às populações e forças armadas, levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio primeiro do Ruanda, com mais de 2.000 militares, e da SADC, libertando distritos junto aos projectos de gás.
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