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São Tomé e Príncipe quer alargar a cooperação com Cabo Verde

O Primeiro-Ministro de São Tomé e Príncipe, Patrice Trovoada, disse que pretende aprofundar a cooperação com Cabo Verde, tendo agendado, com o homólogo cabo-verdiano, para Setembro e Outubro, a próxima reunião da Comissão Mista, que irá ser acompanhada por um fórum de negócios.

12/04/2024  Última atualização 12H25
Primeiro-Ministro são-tomense avaliou as relações no domínio económico e comercial com o chefe do Governo cabo-verdiano © Fotografia por: DR

"Temos a ambição, na esteira das boas relações políticas da nossa fraternidade, conseguir desenvolver uma agenda económica, algo que deverá ganhar um novo impulso na próxima reunião da comissão mista”, referiu Trovoada, no fim de uma audiência concedida, na terça-feira,  pelo homólogo cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva. Os dois líderes de Governo encontraram-se à margem da conferência internacional sobre democracia, que decorre na ilha do Sal, Cabo Verde. Durante o encontro, discutiram as relações bilaterais e acordaram uma data para reunião da Comissão Mista.

Patrice Trovoada destacou a realização, em paralelo, de "um fórum económico", para materializar uma ambição de "há muito tempo", de ver empresários de Cabo Verde em São Tomé e Príncipe, e vice-versa. Além do foco em sectores de actividade específicos, os dois Governos discutem como responder a "uma preocupação das comunidades" dos dois países, "as ligações aéreas entre São Tomé e Príncipe e Cabo Verde".

"O sector aéreo é bastante complexo, carece muitas vezes da intervenção do Estado ao nível das subvenções" e, no caso de Cabo Verde e São Tomé, há um "parceiro fundamental, Angola, que assegurava, no passado, as ligações entre Luanda- São Tomé e Praia", capital cabo-verdiana, referiu Patrice Trovoada. Outra opção pode envolver companhias que passam por Cabo Verde e São Tomé, como a Asky.

"Estamos a trabalhar com todos. Sabemos que muita gente está a olhar para nós, para ver se as famílias são-tomenses e cabo-verdianas  reencontram-se com mais frequência", referiu. Agricultura, pecuária e pesca, além de outras áreas, em que Cabo Verde já colabora com São Tomé e Príncipe, também devem merecer um impulso. No entanto, a capacitação dos recursos humanos, nomeadamente, no turismo, também está na agenda dos dois países, sobretudo por ser um sector em que os cabo-verdianos têm uma grande experiência", acrescentou o Primeiro-Ministro são-tomense. "Estou convencido de que, bem preparado, um fórum empresarial trará resultados concretos", disse Patrice Trovoada.

Oposição esperava uma conferência inclusiva 

Os líderes dos dois partidos na oposição cabo-verdiana acusaram o Governo de não lhes ter permitido participar da conferência internacional sobre democracia, por estar virado para a comunidade exterior.

"Foi feito um convite geral a todos os deputados", e nenhum foi "dirigido ao líder do partido", afirmou o presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), Rui Semedo, na Praia, em avaliação à conferência internacional "Liberdade, Democracia e Boa Governança", realizada na ilha do Sal. Rui Semedo afirmou que o convite só foi feito para "encher a sala com os participantes, como figura de decoração", defendendo que "não foi atribuído nenhum papel a ninguém da oposição".  O presidente do PAICV apontou que o que falta em Cabo Verde é uma prática de democracia, e não conversas sobre um tema que "alimentam os erros da governação.

"Falta-nos uma cultura democrática e atitudes que permitam aceitar e respeitar a diferença, de forma genuína e autêntica. Se analisarmos os custos e os benefícios, a prioridade não era seguramente os investimentos nesta operação que chamaríamos de marketing, sem qualquer retorno para as populações", afirmou.

Para Rui Semedo, em Cabo Verde, onde o "desemprego só não incomoda os insensíveis", é "imoral investir 55 milhões de escudos neste evento para convencer a comunidade internacional". Defendeu, ainda, que se o país quer ser livre e ter uma democracia de qualidade, deve promover a liberdade de expressão e "deixar de condicionar as críticas ao Governo", criando condições para que os cidadãos tenham maior participação na vida pública.

O presidente da União Cabo-verdiana Independente e Democrática (UCID), João Santos Luís, disse que recebeu o convite do próprio Primeiro-Ministro, Ulisses Correia e Silva, mas pediu para participar como um dos oradores. Criticou o facto de o Governo organizar uma conferência sobre democracia e boa governança, e "não permitir a participação activa dos políticos da oposição”.

A principal ilha turística de Cabo Verde, Sal, acolhe uma conferência internacional sobre "Liberdade, Democracia e Boa Governança". O programa inclui mais de 20 oradores e, no fim, será apresentada a Declaração do Sal, sobre protecção dos direitos humanos, promoção das liberdades e boa governanção em África e no mundo. O Primeiro-Ministro cabo-verdiano defendeu, na abertura da conferência, que, num mundo digital que gera o "caos", "a melhor resposta aos ataques à democracia é mais democracia". 

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