Em Julho do ano passado, o Tribunal Europeu de Direitos Humanos (TEDH) afirmou que a atleta foi alvo de discriminação por parte de órgãos desportivos e questionou a regra. Porém, a World Athletics, que rege o atletismo mundial, reiterou o seu regulamento, validado pela Corte Arbitral do Desporto.

"Não temos recursos suficientes. Temos muitos especialistas a quem podemos pagar e solucionar a questão. Preciso de apoio financeiro para isso”, disse Semenyam, numa conferência de imprensa em Johannesburgo, acrescentando que a próxima audiência no TEDH está prevista para 15 de Maio.

Em 2018, a World Athletics implementou um regulamento que proíbe atletas intersexuais (pessoas com um distúrbio do desenvolvimento sexual conhecido como 46, XY DSD) de competir em eventos de corrida femininos de 400 até 1.500 metros, a menos que baixem os níveis naturalmente elevados de testosterona.

A World Athletics reconheceu que os seus regulamentos são discriminatórios, mas argumenta que são justos e necessários para garantir que as atletas do sexo feminino possam participar em igualdade de condições em termos de força, massa muscular e capacidade de transporte de oxigénio.

Semenya foi legalmente identificada como mulher ao nascer e identificou-se como tal durante toda a sua vida, mas as regras introduzidas pela World Athletics a forçaram a reduzir artificialmente a sua testosterona natural para poder competir em provas femininas. A sul-africana foi campeã olímpica nos 800 metros, nos Jogos do Rio-2016, e em Londres-2012. No entanto, ficou de fora das Olimpíadas de Tóquio, em 2021.