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Sonho ivoirense “descola” nos pés da “Fénix” até à final

Omar Prata

A Côte d’Ivoire, orientada pelo interino, Emerse Faé, ganhou, esta quarta-feira, por 1-0, diante da República Democrática do Congo (RDC), com golo de Sébastien Haller, e confirmou a final do Campeonato Africano das Nações (CAN) com a Nigéria.

08/02/2024  Última atualização 00H16
© Fotografia por: CAF_Online

A jornada da anfitriã, Côte d’Ivoire, no CAN 2023, certamente será lembrada por todos como o maior exemplo de imprevisibilidade e resiliência possível na história da competição.

A selecção da casa estava ligada às máquinas e apenas com uma intervenção "operada cirurgicamente” por Marrocos que derrotou a Zâmbia, por 1-0, que terminou com dois pontos, no grupo F, e com o "balão de oxigénio” dado pela República Democrática do Congo, no empate com a Tanzânia, por 0-0, é que pôde respirar de alívio.

 

Do pesadelo ao sonho

A estreia dos Elefantes não convenceu, mas permitiu os três pontos aos pupilos de Jean-Louis Gasset com um triunfo, por 2-0, frente à Guiné-Bissau, na abertura do torneio, referente ao grupo A.

Na segunda ronda, a Nigéria foi mais sólida e eficaz bastando-lhe um penálti convertido por William Troost-Ekong para infligir a primeira derrota aos ivoirenses pela margem mínima.

A 22 de Janeiro de 2024, na última partida, o dia de expectativa deu lugar à frustração, ao desespero, à angústia, à humilhação total e à violência nas ruas, com autocarros partidos, depois das emoções vividas no Estádio Alassane Ouattara, onde os homens da casa foram goleados, pela Guiné Equatorial, por 0-4.

 

O Não que virou Bênção

Após o vexame, o seleccionador, de nacionalidade francesa, Jean-Louis Gasset foi demitido do cargo. E inicialmente, a Federação da Côte d’Ivoire procurou solicitar o compatriota, Hervé Renard, por empréstimo, que se encontra a orientar a selecção nacional feminina do seu país, mas recebeu uma nega.

Foi então que decidiu apostar em Emerse Faé, de 40 anos, com pouca experiência nestas andanças. Mas o que o novo nome não tinha de experiência, tinha de crença e fê-lo transparecer na primeira conferência de imprensa antes do embate com o Senegal.

Atribuiu à graça divina uma segunda chance, afirmando que daqui para frente os orientados fariam de tudo para honrá-la. E foi a partir daí que esta formação começou a reescrever outro guião, este a letras douradas.

O conto de fadas de Emerse Faé iniciou com uma vitória nos penáltis, nos oitavos-de-final, com o Senegal, por 5-4, após um empate no tempo regulamentar a 1-1, com um golo da marca dos 11 metros de Franck Kessié aos 86 minutos.

No duelo dos quartos-de-final, entre adversários vizinhos, malianos e ivoirenses, protagonizaram um jogo de loucos, com um grande golo de Nene Dorgeles que tem uma ligação àquele país, por isso não festejou. Com o empate de Simon Adingra já com 10 unidades, em cima dos 90’, e o calcanhar de Oumar Diakité para levar os adeptos à loucura e as Águias às lágrimas, aos 120+3, tendo sido expulso por tirar a camisola ao ver o segundo amarelo, não tendo conseguido conter as emoções.

 

O Renascimento da Fénix "Haller”

De acordo com a imprensa internacional, a 18 de Julho de 2022, o ex-jogador do Ajax, Sébastien Haller, foi diagnosticado com um tumor maligno nos testículos, quando se mudou para o Borussia Dortmund para render Erling Haaland que tinha migrado para o Manchester City.

O avançado foi operado duas vezes, primeiro, em Julho desse ano, posteriormente em Novembro de 2022. O internacional pela Côte d’Ivoire continuou a trabalhar para recuperar aos relvados e logrou fazê-lo em Janeiro de 2023 na jornada 16 da liga alemã frente ao Augsburgo, pode ler-se nas notícias da época. 

O destino reservou para si um papel de "ouro”, em mais um capítulo inesquecível para os Elefantes, esta quarta-feira, na meia-final do CAN, frente à RDC, que protestou simbolicamente com uma mão a tapar a boca e a outra a simbolizar uma arma para repudiar o conflito que acontece na região leste daquele país.


Incidências do duelo entre RDC e Côte d’Ivoire

O encontro teve mais sinal laranja do que sinal azul, a turma de Sébastien Désabre não beneficiou de muita posse de bola e podia ter ido para os balneários em desvantagem, ainda, na primeira parte quando Haller cabeceou ao lado e Franck Kessié acertou com a bola no poste aos 41 minutos.

Todavia, na segunda parte, a resistência dos congoleses viria mesmo a quebrar quando o veterano Max Gradel foi à linha e com um cruzamento perfeito, embora estivesse quase colado ao relvado quando levantou a bola para área e localizou os pés de Haller, contribuiu para um pontapé intencional do companheiro de equipa contra à relva, num gesto como se quisesse rematar à meia volta, e viu a bola passar por cima de Mpasi que ficou sem como travar o esférico que só parou nas redes.

Os Elefantes mantiveram o controlo até final e vão enfrentar a Nigéria com quem terão a hipótese de encerrar o conto de fadas com júbilo, a terceira conquista, ou lamento, a sensação de que podiam ter feito mais. 

Por outro lado, a RDC vai ter de se contentar com o embate pelo terceiro e quarto lugar com a África do Sul, que foi derrotada, por 2-4, nos penáltis com as Super Águias.

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