O Papa Francisco voltou a lançar um apelo pela paz, enquanto rezava o Regina Coeli, na Praça São Pedro, onde intercedeu pelos líderes das nações.
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A União Africana (UA) condenou, ontem, "com a maior veemência", os bombardeamentos a dois campos de deslocados no Leste da República Democrática do Congo (RDC), na sexta-feira, que mataram, 14 pessoas.
O ataque foi atribuído, pela RDC e pelos Estados Unidos, ao grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23) e ao Rwanda. "O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, condena com a maior veemência os bombardeamentos mortais aos campos de deslocados de Lac-Vert e Mugunga", declarou a organização pan-africana num comunicado emitido a partir de Adis Abeba, onde tem a sua sede. No mesmo texto, citado pela Reuters, que não apontou culpados pelos dois bombardeamentos, Mahamat deplorou, ainda, a "escalada contínua da violência em todas as suas formas no Leste da RDC".
"Esta violência é contrária ao espírito e às conclusões da reunião ministerial de Luanda de 21 de Março de 2024, que apelou, nomeadamente, a um cessar-fogo completo e imediato", sublinhou. O presidente da Comissão reiterou a posição da UA "a favor de uma solução política global para os desafios da paz e da segurança na região".
O Governo congolês e os Estados Unidos responsabilizaram o Rwanda e o M23 pelo ataque, que matou, 14 pessoas e feriu 35 nos arredores de Goma, capital da província de Kivu do Norte, uma das cidades mais populosas da RDC. "Os Estados Unidos condenam veementemente o ataque de hoje (sexta-feira) às Forças Armadas rwandesas e às posições do M23 no campo de deslocados internos de Mugunga", disse um porta-voz do Departamento de Estado norte-americano num comunicado divulgado na sexta-feira.
As Nações Unidas classificaram os ataques como uma "violação flagrante dos direitos humanos e do direito humanitário internacional e que pode constituir um crime de guerra". O M23 negou qualquer papel nos ataques e culpou as forças congolesas, num comunicado publicado na rede social X, e o Rwanda reagiu à acusação norte-americana, descrevendo-a como "ridícula" e "absurda".
O M23 é um dos mais de 100 grupos armados activos no Leste da RDC, muito rica em ouro, metais raros fundamentais às maiores tecnológicas mundiais e vários outros recursos minerais. A RDC acusa o Rwanda de apoiar activamente o M23. O grupo, constituído em 4 de Abril de 2012, quando 300 soldados das Forças Armadas da RDCongo se sublevaram por alegado incumprimento do Acordo de Paz de 23 de Março de 2009, que dá nome ao movimento, e pela perda de poder do seu líder de então, Bosco Ntaganda, voltou a pegar em armas no fim de 2021, depois de estar adormecido uma década.
Desde então, conquistou grandes áreas do território e provocou a deslocação de centenas de milhares de pessoas na província de Kivu do Norte. As Nações Unidas apontam para a existência de mais de 7 milhões de pessoas deslocadas no Leste da RDC, no que constitui uma das maiores crises humanitárias do mundo.
A RDC acusa o Rwanda e o M23 de tentarem deitar a mão aos minerais no Leste do Congo. O M23 alega estar a defender uma parte ameaçada da população e apela a negociações, que Kinshasa recusa, por alegadamente excluir "conversações com terroristas".
As autoridades locais não escondem alguma preocupação depois de os procuradores da República Democrática do Congo (RDC) terem aberto um inquérito judicial contra o Cardeal Fridolin Ambongo, de Kinshasa, por alegados "comentários sediciosos”.
Ambongo foi acusado de incitamento, ao se manifestar contra a insegurança no Leste do país, onde o Exército da RDC combate os rebeldes do M23, durante a sua missa de Páscoa.
Os promotores dizem que os seus comentários, provavelmente, afectariam os soldados no Leste e encorajariam os maus-tratos por parte dos rebeldes que os combatem. As reacções ao anúncio da investigação judicial contra Ambongo foram rápidas, com o clero, grupos de direitos humanos e políticos da oposição a mobilizarem-se em sua defesa.
Os
líderes da oposição dizem que o caso do Estado contra o Cardeal estabelece um
precedente perigoso para aqueles que desejam criticar o Governo. Muitos
católicos consideram a investigação do Governo ao Cardeal Ambongo um
sacrilégio. A medida, provavelmente, causará divisões no país que luta para
acabar com uma guerra no Leste. Ao mesmo tempo, o Vaticano já veio a público
dizer que acompanha de muito perto a situação daquele que é considerado um dos
principais conselheiros do Papa Francisco.
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