Opinião

A concretização dos fins perseguidos pela mediação angolana

A instabilidade no Leste da República Democrática do Congo (RDC), contrariamente à ideia segundo a qual se trata de um problema interno daquele país, é, de facto, um assunto regional. Se por um lado, o conflito que opõe o Estado congolês às várias forças, ditas negativas, que transformam partes dos territórios que ocupam em espécie de “lebensraum”, sucede no interior da RDC, por outro, as consequências, quanto aos deslocados, pressão nas zonas fronteiriças e todos os efeitos, acabam por transcender às fronteiras.

12/03/2024  Última atualização 09H00

Não precisamos de chegar àquele último ponto para ganharmos consciência de que se trata, efectivamente, de um problema regional e somente a partir daí gizarmos estratégias colectivas para resolver o conflito.

O Presidente da República, João Lourenço, pretende exactamente antecipar-se aos efeitos monumentais da instabilidade militar, que se podem mostrar incontroláveis, e com tendência para a desestabilização do maior país em extensão geográfica da nossa sub-região, promovendo várias iniciativas político-diplomáticas.

Duas semanas depois de o estadista angolano ter mantido, também em Luanda, um encontro com o Presidente da RDC, Félix Tshisekedi, em que, entre outros, o segundo decidiu aceitar sentar-se à mesma mesa com o homólogo rwandês, ontem foi a vez do Chefe de Estado, Paul Kagame proporcionar o mesmo gesto.

A vinda do Presidente Kagame a Luanda representa, a todos os títulos, um sinal positivo e constitui um gesto relevante para a concretização dos fins perseguidos pela mediação do Presidente João Lourenço.

Vale enaltecer a disponibilidade de os Presidentes da RDC e do Rwanda que, encorajados pelo Chefe de Estado, João Lourenço, se mostram dispostos a contribuir para uma abordagem que dê lugar à solução política e diplomática em detrimento de um ambiente de tensão que poderá dar lugar a um casus belli entre a RDC e Rwanda.

Não será exagerado dizer que algumas milícias, entre elas o M23 poderá ser uma das partes interessadas, gostariam de ver um crescimento da tensão e até mesmo guerra directa entre a RDC e o Rwanda, realidade que urge inverter, tal como procura fazer o Presidente João Lourenço.

Queremos acreditar que o Presidente Paul Kagame vai dar o seu agrément para o encontro com o homólogo congolês, sob a mediação do Presidente João Lourenço, facto que toda a sub-região espera com fundadas expectativas de que o mesmo venha ter um impacto no actual contexto de conflitualidade na RDC.  

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