Por conta de algum ajuste da pauta aduaneira, concretamente relacionada com a taxação dos produtos de uso pessoal, nos últimos dias, a Administração Geral Tributária (AGT) esteve, como se diz na gíria, na boca do povo. A medida gerou uma onda de insatisfação e, sendo ou não apenas a única razão, foi declarada a suspensão daquela modalidade de tributação, nova na nossa realidade.
Persigo, incessante, mais um instante para privilegiar o sossego. Para a parte maior da raça humana, pondero tratar-se da necessidade que se vai evidenciando quando a tarde eiva as objectivas da vida. Rastos de águas passadas há muito direccionam o moinho para a preciosidade do tempo.
A poucos dias de se completarem cinco meses desde o ataque do Hamas a Israel, em “resposta” ao qual e em nome da “auto-defesa”, o referido país desencadeou uma matança e destruição inimagináveis na faixa de Gaza.
Os que ainda não foram mortos aguardam apenas a sua vez: empurrados para a cidade de Rafah, no Sul de Gaza, um espaço do tamanho do aeroporto de Heathrow, em Londres, contam os dias até que Israel avance para a "solução final”, que desde a sua fundação tem reservada para os palestinos.
Os seus dirigentes actuais não escondem que a sua intenção é ocupar toda a Palestina e expulsar os palestinos da sua própria terra. A comprová-lo mais uma vez, o parlamento israelita acaba de aprovar uma moção rejeitando a solução de dois estados, que o Ocidente, cinicamente, diz continuar a defender, depois de anos sem fazer nada para a implementar.
A destruição e a matança que estão a ocorrer em Gaza são orgulhosamente assumidas, sem qualquer vergonha na cara, pelo Governo israelita. A comprová-lo, a ministra da Igualdade Social e Empoderamento Feminino, May Golan, declarou recentemente: - "Eu estou pessoalmente orgulhosa das ruínas de Gaza. E que todos os bebés até 80 anos depois de hoje contem aos seus netos o que os judeus fizeram!”.
Diante de uma afirmação dessas proferida por uma ministra da "igualdade social” e do "empoderamento feminino”, será preciso acrescentar mais alguma coisa?O que se passa em Gaza é um escárnio à humanidade, mas não é nada que não pudesse ter sido previsto.
Pelo contrário, foi antecipado e anunciado há muitos anos, desde antes da implantação do Estado de Israel no território histórico da Palestina pela Grã-Bretanha, a então potência colonial da região.
Há muita documentação que confirma a intenção sionista de ocupar todo o território da Palestina, a qual pode ser consultada por todos aqueles que forem intelectual e politicamente honestos. Só para dar um exemplo, menciono o Plano Dalet, de 1948. Mas há também correspondência e outros documentos de judeus famosos que se opunham a esse plano, como Einstein e Bertrand Russel.
Há dias, circulou no X (ex-Twitter) um vídeo antigo do Presidente norte-americano Harry Truman (1884-1972) falando da criação do Estado de Israel. Ele diz expressamente que os sionistas sempre se opuseram à partilha da Palestina com as populações árabes, mas que tiveram de ser convencidos de que "não é fácil expulsar cinco ou seis milhões de pessoas de um território de uma vez só e esperar que elas fiquem satisfeitas”. Acrescentou ele: - "A Palestina teve de ser ocupada aos poucos”.
E continua a sê-lo. A expansão dos colonatos israelitas na Cisjordânia é uma estratégia que, obviamente, se enquadra nessa intenção. Não tenho quaisquer dúvidas: os actuais acontecimentos em Gaza correspondem a uma estratégia do actual Governo israelita para acelerar esse processo.
Vou mesmo mais longe: a hipótese, levantada inicialmente pelo jornal israelita Haaretz, de que as autoridades de Tel Avive tinham conhecimento de que o Hamas estava a preparar um ataque a Israel e nada fizeram, a fim de usar esse pretexto para expulsar os palestinos de Gaza e anexar o referido território, parece-me cada vez mais plausível.
Uma nota final, para observar que, quase cinco meses depois do 7 de Outubro de 2023, Israel praticamente perdeu a batalha da opinião pública, mas isso de pouco mudará a situação no terreno, enquanto o governo ultradireitista de Netanyahu continuar a contar com a protecção dos Estados Unidos. Isso acaba de ser visto, mais uma vez, com o terceiro veto de Washington a uma proposta de cessar-fogo discutida no Conselho de Segurança da ONU. É certo que os EUA estão cada vez mais isolados nessa posição, mas nada disso, obviamente, lhes tira o sono.
O que talvez comece a tirar o sono aos democratas e a Joe Biden são os possíveis reflexos internos desse apoio irrestrito da Casa Branca a Israel. Uma pesquisa recente mostra que, entre os americanos democratas, 62% dizem que Israel foi longe demais.
Por outro lado, 35% do público geral diz que aquilo que está a acontecer em Gaza é um "genocídio”. Há quatro anos, o voto das minorias (negros, hispânicos, árabes e outras) e dos jovens foi determinante para a vitória de Biden, mas agora esses grupos estão muito zangados com o apoio do Presidente a Israel.
A jornalista brasileira Lúcia Guimarães, correspondente da Folha de São Paulo, nos EUA, escreveu no último dia 21 de Fevereiro: - "O apoio de Biden a Netanyahu é um abraço de afogados que ameaça afundar o legado real da sua Presidência”.
*Jornalista e escritor
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