Economia

Agricultura direcciona prioridade à produção interna de arroz e trigo

Ana Paulo

Jornalista

O sector da Agricultura elegeu, para o ano agrícola 2023-2024, a produção de cereais, com realce para o arroz, para alavancar a produção interna e diminuir a importação deste alimento, que nos últimos cinco anos custaram ao país cerca de 1,5 mil milhões de dólares.

22/02/2024  Última atualização 11H17
No Luquembo (Malanje), a fazenda Marciris tem estado a apostar na produção de arroz © Fotografia por: DR
Segundo o director nacional das Florestas, Domingos Veloso, que procedeu à abertura da VI conferência E&M sobre Agricultura, realizada ontem, em Luanda, o consumo médio anual de arroz é de 500 mil toneladas, das quais a produção interna apenas contribui com cerca de 30 mil toneladas.

O outro produto seleccionado para o aumento dos níveis da produção, neste ano agrícola, é o trigo, que poderá marcar um ponto de viragem.

"Uma parte considerável dos alimentos que chegam à mesa dos angolanos, principalmente os cereais, continuam a ser obtidos por via das importações, o que faz com que o país absorva enormes quantidades de divisas que poderiam servir para alavancar a produção interna destes produtos”, frisou Domingos Veloso.

Quanto aos baixos níveis de produção de outros produtos, Domingos Veloso indica que a resposta se cinge no aumento da produção interna, na remoção dos constrangimentos ainda existentes e no reforço das políticas sectoriais para garantir a auto-suficiência, uma vez que Angola reúne condições naturais para tal, e já foi um dos maiores exportadores de produtos agrícolas do mundo.  

Domingos Veloso destacou que o actual quadro macroeconómico e as constantes crises que decorrem no mundo têm reforçado o compromisso dos diferentes Governos a redobrar esforços para o aumento de alimentos, visando a redução das importações.

Contribuição

O Plano de Desenvolvimento Nacional (PDN) 2023-2027 prevê que a contribuição da agricultura, pecuária e florestas, no Produto Interno Bruto (PIB), deverá evoluir dos actuais 5,6 para  12,1 por cento, prevendo-se que a produção de cereais alcance cerca de 5,5 milhões de toneladas.

"O Executivo tem apostado em investimentos no sector da Agricultura, Pecuária e nas Florestas, um processo considerado urgente e irreversível”, frisou  Domingos Veloso, que destacou todos os esforços e iniciativas para o aumento do conhecimento dos produtores, disponibilidade de factores de produção, acesso ao crédito e apoio à comercialização, que estão a ser aprimorados a cada ano. "São acções que se reflectem de forma positiva nos resultados já alcançados até agora”, disse.


Director nacional das Florestas, Domingos Veloso

Contributo empresarial

A directora do Instituto Nacional dos Cereais, Maria Garção, reconhece que o país regista uma baixa produção de arroz, sendo que a classe empresarial contribuiu, em 2022, com 10 mil toneladas de produção.

Segundo Maria Garção, com esta cifra será necessário desenvolver um árduo trabalho para  que o quadro seja alterado,  e um dos focos, destacou, será também a inclusão da agricultura familiar no processo.

A  gestora defende um grande incentivo à classe empresarial, que através da sua participação no PLANAGRÃO poderá aumentar os níveis de produção dos cereais.

O projecto, disse, foi criado para as províncias do Leste do país, onde estão previstas a colheita de seis milhões de toneladas por safra, numa área cultivada de 2 milhões de hectares.

"Angola tem um grande potencial para a produção de cereais, há muitas áreas aráveis subaproveitadas  na ordem de 5 a 10 por cento daquilo que pode ser aproveitado”, frisou, depois de realçar que existem investidores e produtores familiares.


Administrador do grupo Executivo, Nuno Fernandes

Seguro agrícola pode aumentar níveis de produção

O administrador do grupo empresarial Executivo, Nuno Fernandes, defende a aposta no seguro agrícola e melhorar o movimento associativo para alavancar o sector produtivo.

O gestor da empresa organizadora do evento frisou que o país conta, actualmente, com cerca de três mil cooperativas agrícolas.

Para ele, a aposta na disponibilização de meios técnicos, conhecimentos, financiamentos e nas infra-estruturas são, também, importantes  para que se possa atingir os resultados esperados, principalmente no segmento da agricultura.

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